Topo

Uruguai

Jogo de estreia mostra que Uruguai agora é de Cavani, e não mais de Suarez

Cavani, Muslera e Suárez antes do jogo contra o Egito, que terminou com vitória uruguaia - David Ramos - FIFA/FIFA via Getty Images
Cavani, Muslera e Suárez antes do jogo contra o Egito, que terminou com vitória uruguaia
Imagem: David Ramos - FIFA/FIFA via Getty Images

Bruno Grossi

Do UOL, em São Paulo (SP)

15/06/2018 16h18

O Uruguai sofreu demais para conseguir vencer o Egito por 1 a 0 em sua estreia na Copa do Mundo de 2018. Mas o caminho poderia ter sido mais tranquilo se Luis Suárez não estivesse em jornada tão ruim na Arena Ecaterimburgo. Entre tropeços e gols perdidos, o astro do Barcelona foi só mais um em campo, enquanto seu companheiro de ataque mostrava que uma nova era na Celeste foi inaugurada.

- Veja o gol de Egito 0x1 Uruguai
- Suárez admite má atuação: "Sei que posso contribuir mais"
- Técnico uruguaio defende Suárez: "Até Pelé teve dias ruins"
- Salah ficou no banco, mas "ganhou" de Suárez e Cavani

Edinson Cavani agora é quem dá as cartas. Ele passou os últimos oito anos, marcados por grandes resultados da seleção uruguaia, como um servo do espírito coletivo. Quando havia Diego Forlán, atuava como um ponta, se desdobrando na marcação, e pouco apareceu nas campanhas do quarto lugar no Mundial de 2010 e do título na Copa América de 2011. Depois, só com Suárez, cedia para recuar mais e evitar o abismo que havia entre defesa e ataque.

Contra os egípcios, tudo foi diferente. Cavani teve liberdade para jogar enfiado entre os zagueiros. Não precisava se desgastar retornando para marcar ou organizar o jogo. Isso passa pelo desejo do técnico Óscar Tabárez em tornar o meio mais criativo, com jovens valores, mas também obriga Suárez a assumir o sacrifício que sempre foi do colega, centroavante do Paris Saint-Germain.

Luis Suárez foi personagem negativo contra o Egito - Clive Rose/Getty Images - Clive Rose/Getty Images
Imagem: Clive Rose/Getty Images

Suárez encostava nos meio-campistas, abria na esquerda, na direita. Não faltou entrega. Só que faltou técnica para exercer esse papel. Foram três gols perdidos, sendo dois de forma bizarra, desastrada. Enquanto isso, Cavani sobrava com a bola, embora tenha tocado poucas vezes nela. Fez excelentes pivôs, abriu espaço para a infiltração dos meias e chegou perto de marcar dois golaços.

Na primeira tentativa, tirou proveito da única colaboração efetiva de Suárez, uma ajeitada de cabeça para chute de primeira, que parou em linda defesa do goleiro do Egito. Mais tarde, em cobrança de falta, acertou a trave. Cavani mostra que tem mais potencial para decidir nesta Copa, que chegou mais pronto até fisicamente. O parceiro, por outro lado, parece pesado, sem confiança.

Entre os uruguaios, Cavani sempre foi apontado como o melhor atleta. Ou seja, exaltado pela força, pela condição física, pelo alto rendimento. A Suárez pertenciam os elementos mais técnicos. Era o gênio entre os dois jogadores de 31 anos que disputam a terceira Copa do Mundo consecutiva. Essa reação de Cavani reforça a diferença entre eles. O tempo passa e o astro do PSG permanece com mais fôlego. O lado atlético prevalece em um futebol tão competitivo como o de hoje.

A própria temporada europeia já havia dado mostras dessa troca de papéis. Cavani fez 40 gols em 48 jogos, sendo sete em oito aparições na Liga dos Campeões da Europa. Suárez marcou 31 vezes em 51 partidas, com apenas um em dez confrontos da Champions. Foi a segunda temporada consecutiva em que o atacante do time francês foi mais às redes do que o parceiro que atua no Barcelona.

Para Cavani, aliás, conviver e superar o peso de atuar com estrelas maiores não é novidade. A vida no PSG tem sido assim desde que foi contratado em 2013. Era preciso conviver com Zlatan Ibrahimovic, que o obrigava a jogar aberto, com mais preocupação defensiva. Desde a saída do sueco, sua média de gols cresceu consideravelmente: de 0,54 para 0,9.

Isso mesmo com a presença de Neymar, que provocou uma divisão maior na cobrança de faltas e pênaltis - inclusive causando crise no elenco do Paris. O camisa 10 do Brasil chegou como popstar à França, encontrou amigos da seleção no elenco e tinha tudo para ser protagonista sozinho. Mas Cavani não cedeu e acabou sendo crucial depois da lesão do brasileiro para assegurar os títulos do Campeonato Franças e de duas copas nacionais.

Uruguai