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Herói belga teve infância pobre: "Minha mãe dava mistura de água e leite"

Lukaku comemora e agradece após marcar o segundo gol da Bélgica sobre o Panamá - Julian Finney/Getty Images
Lukaku comemora e agradece após marcar o segundo gol da Bélgica sobre o Panamá Imagem: Julian Finney/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

18/06/2018 09h55Atualizada em 18/06/2018 14h37

18 de junho de 2018 não será um dia qualquer para Romelu Lukaku. Maior artilheiro da história da seleção belga, o atacante ampliou sua marca e chegou a 38 gols ao marcar duas vezes na vitória da sua equipe por 3 a 0 contra o Panamá, nesta segunda-feira (18), em Sochi. Pouco antes da estreia na Copa do Mundo na Rússia, em que foi eleito o melhor jogador da partida, o atacante relembrou a infância pobre e as dificuldades que passou em família em texto assinado por ele no site The Players’  Tribune.

"Eu sabia que estávamos lutando, mas, quando minha mãe estava misturando água com leite, percebi que estava acabado. Você sabe o que eu quero dizer? Esta foi a nossa vida”, escreveu.

“Eu não disse nada. Não queria estressá-la. Só comi meu almoço, mas eu jurei e fiz uma promessa para mim mesmo naquele dia. Era como se alguém me acordasse. Eu sabia exatamente o que tinha que fazer e o que estava fazendo”, acrescentou.

O jogador afirma que tinha certeza que seria profissional, mas nem em sonhos imaginava que custaria R$ 320 milhões aos cofres do Manchester United.

"Eu lembro de estar sentado no escuro com minha mãe e meu irmão, rezando, pensando e acreditando. Aquilo iria acontecer. Eu mantive minha promessa para mim mesmo por um tempo, mas, um dia, eu cheguei da escola e encontrei minha mãe chorando. Então, eu finalmente disse para ela: ‘mãe, isso vai mudar. Você vai ver. Eu vou jogar futebol pelo Anderlecht, e isso acontecerá logo. Estaremos bem. Você não vai ter que se preocupar mais'”, contou.

Preconceito

Além das dificuldades financeiras, Lukaku teve de aprender a lidar com o preconceito. Quando tinha 11 anos e ainda jogava pelas categorias de base do Lierse, o atacante era alvo de bullying de adultos que não acreditavam em sua idade, por ele já ter mais de 1,80 na infância.

Um dos pais de um garoto do outro time literalmente tentou me impedir de entrar em campo. Ele ficou tipo: ‘Quantos anos esse menino tem? Onde está a sua identidade? De onde ele é?’. Eu pensei: ‘De onde eu sou? O que? Eu nasci em Antuérpia. Eu sou da Bélgica’.”

"Meu pai não estava lá, porque ele não tinha como ir aos meus jogos fora. Eu estava sozinho e tive que me defender. Tirei a identidade da minha bolsa e mostrei a todos os pais, e eles estavam passando a inspeção, e eu me lembro do sangue correndo através de mim, e eu pensei: 'Eu vou matar o seu filho, eu vou destruí-lo. Você vai levar o menino chorão para casa agora'".

Os julgamentos por sua ascendência congolesa não acabaram na infância. Lukaku acusou membros da imprensa local de tratá-lo de forma diferente com base em seu desempenho em campo. "Quando as coisas estavam indo bem, eu estava lendo os jornais e eles estavam me chamando de Romelu Lukaku, o atacante belga. Quando as coisas não estavam indo bem, eles estavam me chamando de Romelu Lukaku, o atacante belga de ascendência congolesa."

"Se você não gosta do jeito que eu jogo, tudo bem. Mas eu nasci aqui. Eu cresci em Antuérpia, Liège e Bruxelas. Sonhei em jogar pelo Anderlecht. Eu sonhei em ser Vincent Kompany. Vou começar uma frase em francês e terminá-la em holandês, e vou falar espanhol ou português ou lingala, dependendo do bairro em que estamos. Eu sou belga", finalizou.

Revelado nas categorias de base do Anderlecht, Lukaku foi para a Inglaterra em 2011 e desde então já atuou por Chelsea, West Bromwich, Everton e Manchester United.

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