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Osorio aproveitou festa com mulheres para unir México que bateu Alemanha

Jogadores do México comemoram vitória sobre a Alemanha na abertura da Copa do Mundo - AFP PHOTO / Yuri CORTEZ
Jogadores do México comemoram vitória sobre a Alemanha na abertura da Copa do Mundo
Imagem: AFP PHOTO / Yuri CORTEZ

Marcel Rizzo

Do UOL, em Moscou (Rússia)

18/06/2018 04h00

A cena chamou a atenção segundos após a histórica vitória do México sobre a Alemanha, 1 a 0, neste domingo (17), em Moscou: o técnico Juan Carlos Osorio entrou no gramado e abraçou, um a um, a todos os jogadores de seu time. Mas não foi um abraço, apenas. Era AQUELE abraço.

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Alguns atletas eram erguidos pelo treinador, deixando de tocar os pés no chão, como o goleiro Ochoa. A relação do elenco com o técnico colombiano é de total confiança, disseram a maioria dos jogadores após a partida. E isso é explicado com a maneira como ele lidou com um caso escandaloso pré-Copa que uniu ainda mais o grupo – e ajudou que o time estreasse tão bem na competição.

Uma revista mexicana publicou que, após o último jogo mexicano em seu país antes da viagem para a Europa, no dia 2 de junho, sete jogadores participaram de uma festa com dezenas de mulheres regada a álcool. Os detalhes, até com vídeo, viralizaram. Parecia que se transformariam numa crise que poderia afundar o time na Rússia. Não com Osorio.

"Estamos fechados. Internamente todos sabemos da capacidade do Osorio, dos jogadores", disse o goleiro Ochoa, um dos destaques da partida e um dos participantes da festa segundo a publicação. Ele não quis falar especificamente sobre o assunto após a vitória sobre a Alemanha, mas jornalistas mexicanos dizem que a defesa pública que Osorio fez dos atletas, dias depois, foi estratégica para fechar ainda mais o vestiário positivamente.

"Sabíamos deste encontro. Eles ficaram 14 dias na concentração. Agora, com sorte, teremos mais 25 ou 30. Sabíamos que era importante que eles tivessem este tempo entre eles. E era folga. Os jogadores sempre foram honestos", disse Osorio.

Dos sete jogadores citados pela revista, quatro (Ochoa, Herrera, Salcedo e Gallardo) foram titulares contra a Alemanha. Um quinto, Raul Jimenez, ainda entrou durante a partida (os demais foram Giovani dos Santos e Jonathan dos Santos). Não houve cortes, nem caça às bruxas.

Internamente, segundo os jornalistas que acompanham o México na Rússia, houve cobrança não pelo ato em si, mas pelo vacilo da divulgação. Os atletas estavam de folga, não fugiram do hotel ou levaram mulheres e bebidas para lá. Por isso até aqueles que não estavam na festa saíram em defesa dos companheiros. Foi o caso do capitão Guardado. "Não houve indisciplina".

No México, Osorio recebe críticas por sua maneira de manejar o elenco, com rodízio de escalações, algo que já havia tentado implementar quando técnico do São Paulo, em 2015. Após a vitória sobre os escoceses, no dia da festa dos jogadores, o estádio Azteca, na capital do país, em peso gritou "Fora, Osorio" ao final do jogo.

"Estamos com o Osorio, temos um ótimo ambiente e tivemos uma grande vitória, emocionante. O povo mexicano tem que confiar no nosso time", disse Javier "Chicharito" Hernandez, um dos experientes do time.

Seis meses de planejamento

Não que a mera confiança (de Osorio nos jogadores e dos jogadores em Osorio) tenha bastado para bater os atuais campeões do mundo. Além de ter conseguido esse grande trunfo na véspera do Mundial, o técnico tinha um plano traçado há bastante tempo para vencer os alemães. "Nós começamos a trabalhar nessa estratégia há seis meses. Tivemos que mudar algumas peças, mas basicamente estávamos buscando velocidade pelos lados do campo", contou, após a partida.

A leitura do colombiano era clara: o estilo de jogo de pressão constante dos alemães faz com que sua defesa jogue alta no campo. E isso produz oportunidades de contra-ataque. Daí a necessidade de jogadores rápidos. Um dia antes, Osorio já dizia isso: "Qualquer time que jogue com quatro defensores em marcação alta terá 35 metros às suas costas. Eles não são uma exceção", falou à agência Associated Press.

A questão é, que antes de entrar em campo contra a Alemanha, ninguém confiava muito no "Profe" no México. A imprensa local não entendia o rodízio de atletas que ele vinha fazendo no time. Em 48 jogos antes do Mundial, ele mandou a campo 48 formações diferentes. Agora, analisando o que aconteceu na estreia mexicana na Rússia, fica claro o que ele estava fazendo. Era um plano para o primeiro jogo da Copa. Ele procurava os jogadores exatos para as funções exatas. Funcionou.

Para os mexicanos, resta gora festejar. E torcer para que Osorio tenha o mesmo plano para Coreia do Sul (no sábado, às 12h de Brasília) e Suécia (no dia 27, às 11h) e os outros rivais que o time pode enfrentar na Rússia.

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