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Brasil "torto" para o lado de Marcelo mostra a falta que Daniel Alves faz

Daniel Alves é atendido pelo departamento médico do PSG na final da Copa da França, quando lesionou o joelho - AFP PHOTO / Damien MEYER
Daniel Alves é atendido pelo departamento médico do PSG na final da Copa da França, quando lesionou o joelho
Imagem: AFP PHOTO / Damien MEYER

Danilo Lavieri, Dassler Marques, João Henrique Marques, Pedro Ivo Almeida, Ricardo Perrone e Thiago Rocha

Do UOL, em São Paulo e Sochi (Rússia)

19/06/2018 20h00

Ainda que Danilo tenha feito três exibições sólidas em amistosos e na estreia na Copa do Mundo, a perda de Daniel Alves traz reflexos à seleção brasileira de Tite. O jogo do último domingo contra a Suíça, empate por 1 a 1, reforçou uma seleção ‘pensa’ para o lado esquerdo, uma consequência do desfalque do capitão e lateral direito considerado titular.

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De acordo com dados do site especializado Who Scored, o Brasil foi a terceira seleção que mais utilizou ataques pelo lado esquerdo [só Portugal e México à frente] na primeira rodada do Mundial, com índice de 52% contra 23% de jogadas pelo centro e 25% pela direita. Esse time "torto" é uma estratégia de Tite, mas está diretamente relacionada ao desfalque de Daniel Alves.

No planejamento para os últimos jogos, a comissão técnica imaginou que o lado esquerdo, com Miranda, Marcelo, Coutinho e Neymar, com capacidade de passe mais qualificada, teria a prioridade para a saída de bola. A ideia passava por levar a equipe à frente e concluir as jogadas, preferencialmente, pela direita. O trio formado por Danilo, Paulinho e Willian tem justamente a velocidade e a infiltração como pontos fortes, mas não conseguiu definir tantos lances assim.

"O professor Tite falou também para a gente no vestiário. Podíamos ter virado mais o jogo e às vezes a gente pega a bola e quer atacar, quer fazer o gol e temos que ter esse equilíbrio para girar a bola e entrar no momento certo", reforçou, na entrevista de terça-feira, o meia Philippe Coutinho.  

Marcelo se aquece antes de treino da seleção brasileira - REUTERS/Hannah McKay - REUTERS/Hannah McKay
Marcelo se aquece antes de treino da seleção brasileira; lateral esquerdo virou válvula de escape
Imagem: REUTERS/Hannah McKay

Quando perdeu Daniel Alves, a comissão de Tite avaliou justamente que perdia opções na construção de jogada, embora Danilo ofereça arrancada e bola aérea mais forte, por exemplo. Mas os números contra a Suíça reforçam o dilema do time torto. No empate por 1 a 1, os quatro principais passadores foram justamente os que atuam pela esquerda: Coutinho, Marcelo, Neymar e o zagueiro Miranda.

A última partida de Daniel Alves pela seleção, diante da Alemanha em março, por exemplo, apresentou um panorama muito diferente. O lateral direito de Tite esteve entre os três principais passadores na vitória por 1 a 0 e a troca de passes do Brasil foi mais equilibrada: 148 pelo quarteto à esquerda [Marcelo, Fernandinho, Coutinho e Miranda naquele dia] e 152 passes pela direita [Dani Alves, Thiago Silva, Paulinho e Willian].

A importância dos laterais na construção de jogo é, em geral, uma característica dos times de Tite. Nos tempos de Corinthians, por exemplo, Fábio Santos e Alessandro sempre estiveram entre os jogadores que mais ficavam com a bola. A opção por uma saída focada no lado esquerdo, embora favoreça o talento e a capacidade de triangulação dos nomes presentes no setor, alienou quem estava do outro lado do campo e facilitou a vida da Suíça, que concentrou sua marcação naquela região. 

Para os próximos jogos, contra Costa Rica e Sérvia, facilitar a vida de Neymar, Coutinho e Marcelo será uma das missões de Tite, que identificou o Brasil perdendo a disputa pelo controle do meio-campo em dado momento do jogo contra a Suíça. A opção para isso pode passar justamente por um envolvimento maior de Danilo, Paulinho e Willian, hoje "isolados" do outro lado do campo.