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Carta da CBF atinge meta: sobe pressão em juízes e gera apoio da Conmebol

Observado por jogadores do Brasil, Stephan Lichsteiner conversa com o árbitro Cesar Arturo Ramos - Themba Hadebe/AP Photo
Observado por jogadores do Brasil, Stephan Lichsteiner conversa com o árbitro Cesar Arturo Ramos Imagem: Themba Hadebe/AP Photo

Rodrigo Mattos

Do UOL, em Moscou

19/06/2018 11h49

A carta da CBF questionando o árbitro de vídeo atingiu seus objetivos: aumentou a pressão sobre árbitros e obteve eco na cúpula da Fifa. A Conmebol, por exemplo, entendeu como correta a manifestação da confederação por contrabalancear o poder europeu na arbitragem, inclusive com um diretor da UEFA (entidade europeia) no topo. Ainda não há uma resposta oficial do setor de arbitragem da federação internacional aos brasileiros.

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A manifestação da confederação para a Fifa foi feita na segunda-feira sobre os supostos erros de arbitragem na partida da seleção contra a Suíça. Há reclamação sobre uma falta em Miranda no gol suíço e um pênalti em Gabriel Jesus. Em sua carta, a CBF pede áudios e vídeos do VAR para verificar.

É incerto que esse pedido vá ser atendido. As conversas gravadas e arquivadas, teoricamente, são só para uso interno e isso abriria um precedente para todos. Independentemente disso, dirigentes da CBF entendem ter conseguido botar pressão sobre os árbitros. A intenção é evitar futuros erros.

A Conmebol viu como positiva a manifestação da CBF. Explica-se: a diretoria da confederação sul-americana percebe com preocupação a predominância da Europa no comando da arbitragem da Copa. Ou seja, apoiou o movimento apesar de ter tido problemas de relacionamento com o presidente da CBF, Coronel Nunes, por quebrar acordo político em eleição da sede da Copa-2026

Há um questionamento da Conmebol pelo fato de o presidente da comissão de árbitro ser Pierluigi Colina, que também é chefe de arbitragem da UEFA. Há na opinião de dirigentes sul-americanos um conflito de interesses, afinal, uma confederação tem seu chefe no controle da arbitragem da Copa, enquanto as outras, não. O chefe de árbitros também é europeu, o suíço Massimo Bussaca.

O presidente da Fifa, Gianni Infantino, deixou nas mãos do departamento de arbitragem a resposta à CBF. Só que a pressão vem de cima, isto é, de dirigentes do Conselho da Fifa sobre a arbitragem. Estão acima do setor de árbitros que entra em clima de tensão.

A avaliação do departamento de arbitragem da Fifa é de que não houve erro de Cesar Ramos. Houve consulta silenciosa ao árbitro de vídeo que não apontou problema. Dentro deste contexto, a CBF cobra transparência nos procedimentos, o que obrigará o setor de árbitros a explicar de alguma forma suas decisões - ainda que seja improvável a cessão de áudios e vídeos. Obviamente, isso criará atenção extra nos próximos jogos brasileiros.