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Neymar foge de filosofia de Tite e repete estilo fominha do PSG na seleção

Neymar é puxado por Fabian Schär na partida Brasil x Suíça pela Copa do Mundo de 2018 - Damir Sagolj/Reuters
Neymar é puxado por Fabian Schär na partida Brasil x Suíça pela Copa do Mundo de 2018 Imagem: Damir Sagolj/Reuters

Danilo Lavieri, Dassler Marques, João Henrique Marques, Pedro Ivo Almeida e Ricardo Perrone

Do UOL, em Sochi (Rússia)

19/06/2018 20h00

O Neymar da estreia na Copa do Mundo não está muito distante da versão que se apresenta pelo PSG. Depois de anos dividindo protagonismo no Barcelona, foi no clube francês que o jogador desenvolveu ainda mais a característica individualista, segurando demais a bola quando acionado. O resultado também foi o mesmo: como ocorre nos campos franceses, ele sofreu com as faltas dos marcadores diante da Suíça. O estilo foge da filosofia coletiva implementada por Tite, mas não há indício de que será alterado tão cedo.

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No entorno de Neymar, a atuação agradou. A visão é de que o sucesso foi impedido pela passividade da arbitragem ao aceitar as dez faltas recebidas sem punir nenhum jogador suíço com o cartão vermelho – foram três amarelos por faltas no atacante. A ideia de forçar o jogo individual agrada por abrir espaços para outros jogadores técnicos como Philippe Coutinho, Willian e Gabriel Jesus. Assim, o individualismo será uma característica do jogador na Copa do Mundo.

Na estreia, Neymar teve 28 ações de mano a mano na partida, de acordo com a plataforma de estatísticas Instat. Willian, que atua na mesma função pelo lado direito, teve 12. Coutinho, mais recuado, teve cinco. O número de faltas recebidas reflete esse jogo centralizado no camisa 10. Enquanto ele sofreu com dez infrações dos suíços, Coutinho foi atingido em uma, enquanto Willian e Gabriel Jesus sequer sofreram faltas.

No PSG, o jogo individualista de Neymar é recorrente. Como na seleção, o prender a bola e forçar ações individuais também sempre foram enaltecidos pelo entorno jogador. E assim como foi na estreia na Copa do Mundo, o estilo de jogo foi acompanhado por um aumento significativo no número de faltas recebidas na carreira.

Desde a mudança para o PSG, Neymar passou a ser, disparado, o jogador mais caçado da Europa. No Campeonato Francês, terminou com média de 5,2 faltas sofridas por jogo, muito mais que as 3,3 que recebeu, em média, nos quatro anos de Barcelona. O ex-companheiro Lionel Messi, para efeito de comparação, tem 2,2 faltas sofridas por jogo no Campeonato Espanhol. Cristiano Ronaldo, do Real Madrid, sofre 0,9 por partida.

No próprio PSG, o número de faltas recebidas por Mbappé no Campeonato Francês foi de 1,1 por jogo. Com quase cinco vezes a mais, Neymar passou a ver a discussão de abuso de violência ser aberta por jornalistas. O confronto com os marcadores era recheado de ações individuais e, algumas vezes, provocações – o camisa 10 chegou a dominar a bola com as costas em um duelo contra o Rennes, em fevereiro.

Contra a Suíça, no domingo, Neymar carregou a bola para trás na primeira vez que foi acionado e ainda parou na frente de Behrami para pedalar no vazio, sem partir para o drible. O volante teria dez duelos diretos com o camisa 10 ao longo do jogo, levando a melhor em sete. Quando perdeu, fez uma das faltas mais sentidas pelo jogador e levou cartão amarelo. 

“Eles me chutam, eu jogo futebol. Eles me provocam, mas eu também sei como provocar da minha maneira, com a bola. Não estou aqui para bater em ninguém. Eu não sei como fazer isso. Eu me defendo com a bola. Eu sei que haverá discussões porque eu provoco, mas é normal. Não vai adiantar nada me bater e me provocar, porque eu provocarei ainda mais e farei com que meu time se imponha”, disse Neymar após o jogo.

O desafio aos rivais vem acompanhado, nos bastidores, de reclamações duras sobre a arbitragem. Neymar e seu estafe entendem que o craque deveria ser mais "protegido" pela arbitragem no Campeonato Francês. Na Copa do Mundo, ao que tudo indica, isso está longe de ocorrer. Como mostrou o blog do Rodrigo Mattos, no UOL Esporte, a Fifa aprovou a atuação do árbitro César Ramos no último domingo. Na avaliação da entidade, ele marcou todas as infrações cometidas no brasileiro e puniu as mais graves com amarelo.