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Copa 2018

Só CR7? Talento de coadjuvantes pode ajudar a levar Portugal mais longe

Jogadores de Portugal comemoram gol contra a Argélia - Armando Franca/AP
Jogadores de Portugal comemoram gol contra a Argélia Imagem: Armando Franca/AP

Do UOL, em São Paulo

19/06/2018 21h00

Por mais que tenha sido eleito o melhor jogador do mundo em cinco temporadas e feito três gols na Espanha na estreia da Copa do Mundo de 2018, não dá para dizer que Portugal depende exclusivamente do astro do Real Madrid. A seleção europeia pretende mostrar que conquistou uma Eurocopa recentemente pelo talento também de seus coadjuvantes para avançar mais longe no Mundial. Como o camisa 7 dominou os holofotes contra os espanhóis, a primeira chance de seus bons companheiros mostrarem do que são capazes de verdade é contra o Marrocos, nesta quarta-feira, às 9h (horário de Brasília), no Estádio Luzhniki (Moscou)

Mesmo que alguns titulares da equipe que bateu a França como Nani, Renato Sanches e Éder sequer tenham sido convocados para a Copa, ao menos oito atletas participaram do empate contra a Espanha. O técnico Fernando Santos mantém o mesmo sistema defensivo há dois anos e trabalha no entrosamento das peças de ataque que entraram na equipe durante as Eliminatórias. 

Além dos avanços de Raphaël Guerreiro, oriundo da lateral esquerda, Cristiano Ronaldo também contará com a precisão nos passes de Bernardo Silva, cada vez mais utilizado por Pep Guardiola no Manchester City, e Bruno Fernandes, que se destacou no Sporting e provavelmente deixará o clube de Lisboa.

A grande dúvida é sobre o seu companheiro de ataque. Surpresa de Santos contra a Espanha, Gonçalo Guedes não foi bem e poderá perder espaço para André Silva. Caso o centroavante do Milan seja titular, o camisa 7 terá mais liberdade para buscar o jogo e também servir os seus colegas com passes e lançamentos.

Fazendo surpresa sobre a equipe que começará o duelo contra Marrocos, o treinador português tirou o peso das costas de Cristiano Ronaldo e buscou dividi-lo entre os demais atletas. "A seleção portuguesa é campeã com Cristiano Ronaldo, que é importante, mas um jogador não vence nada sozinho. Não estamos aqui para falar num único jogador e sobre recordes. Estamos participando de uma Copa do Mundo e isso é o mais importante. É preciso respeitar Marrocos e temos de estar todos focados nisso", afirmou Santos em entrevista coletiva.

A valorização do restante do elenco português não foi feita apenas por Fernando Santos. Hervé Renard, treinador da seleção rival desta quarta-feira (20), fez questão de ressaltar que Portugal foi campeã em 2016 mesmo depois de Cristiano Ronaldo ter sido substituído aos 24 minutos do primeiro tempo, no Stade de France.

"Se pusermos três jogadores em cima do Cristiano Ronaldo, como faremos para marcar os outros? É uma equipe com tanta qualidade ofensiva, que, mesmo na final da Eurocopa, sem o Cristiano, conseguiu fazer a diferença", justificou o comandante francês.

Hora do desespero

Apontado como a terceira força do Grupo B antes do início da Copa, Marrocos chega para o jogo contra Portugal desesperado. A derrota nos minutos finais para o Irã por 1 a 0 com gol contra de Bouhaddouz foi um baque forte aos jogadores e ao próprio técnico Hervé Renard, que disse depois do jogo que "um empate já seria decepcionante" contra os asiáticos.

Apesar de estar ciente do baque pelo revés no primeiro jogo, o francês jogou a responsabilidade para cima dos favoritos europeus. "É uma oportunidade excepcional para enfrentar jogadores de grande nível, o que nos permite também avaliar a nossa qualidade. Temos de estar 100% e prontos psicologicamente, esquecendo o que aconteceu há cinco dias".

O treinador de Portugal não quis saber de cantar vitória antes da hora. Para Santos, a experiência adquirida pelos marroquinos no futebol europeu faz da equipe uma seleção perigosa.

"Marrocos é das melhores seleções da África, tem um treinador experiente e jogadores de qualidade, que atuam nos torneios de Itália, França, Espanha e Holanda. É uma equipe muito bem organizada, com jogadores rápidos, com boa técnica e que disputa o jogo no limite, com muita intensidade e obviamente temos de responder a isso".

Fernando Santos espera que Portugal repita o padrão técnico e tático da seleção que derrotou os franceses em casa há dois anos. "O mais importante é impor as nossas qualidades e fazer aquilo que fizemos até hoje, ou seja, sermos organizados, concentrados e manter a intensidade. Se fizermos isso temos mais hipóteses de vencer. O jogo de amanhã é importante para o nosso adversário e nós temos a capacidade para fazer melhor do que frente à Espanha".

Marrocos eliminou Portugal com 'mãozinha brasileira' em 86

Se as perspectivas dentro de campo são a favor de Portugal, o Marrocos pode se apegar à história como aspecto positivo nesta quarta-feira (20). Sete Copas do Mundo se passaram desde que as seleções jogaram pela última vez. Em 1986, no México, os marroquinos venceram por 3 a 1 e eliminaram os portugueses do Mundial. O resultado garantiu uma seleção africana nas oitavas de final pela primeira vez na história, mérito de um técnico brasileiro: José Faria.

Ele tinha trabalhado na base do Fluminense antes de se aventurar no Qatar e, em seguida, no Marrocos. Levou a seleção a ser líder de um grupo que tinha outros dois europeus: Inglaterra e Polônia. O sonho terminou nas oitavas de final, em um jogo nervoso contra a Alemanha que só foi definido nos minutos finais, com gol de Lothar Matthaus.

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