Tite quebra paradigma e, para o bem ou para o mal, banca Brasil bom moço
Pivô do lance polêmico que gerou o gol da Suíça no último domingo, Miranda disse que, se tivesse se jogado após empurrão de Zuber, talvez a arbitragem marcasse falta e impedisse o empate adversário na estreia do Brasil na Copa do Mundo. Rapidamente, no domingo (17) mesmo, Tite conversou com o zagueiro e informou que não queria simulação em campo. Ainda que a "malandragem" pudesse beneficiar a seleção, o treinador bancou o discurso de bom moço que o caracterizou nos últimos anos.
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“Miranda me disse que talvez deveria ter caído após o empurrão para deixar a falta mais clara. Eu disse para ele: ‘Não, aí caracterizaria simulação. E eu não quero isso’”, frisou o treinador, em público, minutos depois de um empate que pela primeira vez coloca em xeque o clima de paz que ele impôs à seleção desde que assumiu.
Sob os holofotes de todo o mundo do futebol, Tite não recuou. Quebrando paradigmas de vitória a qualquer custo, topou até o frustrante empate no lugar de mudar suas convicções. Já tinha sido assim outras vezes.
Rodrigo Caio como símbolo
O episódio recente mais marcante foi quando se posicionou com veemência em favor de Rodrigo Caio. O zagueiro do São Paulo se acusou em um lance com o corintiano Jô, em clássico de abril de 2017, em que a arbitragem havia dado cartão amarelo de maneira errada para o rival. A atitude rendeu pontos com a comissão técnica da seleção.
“Honestidade é importante em qualquer setor da vida. São duas coisas que pesam: a conduta e o desempenho técnico”, disse o treinador, ao explicar as seguidas convocações de Rodrigo Caio.
Antes mesmo de chegar à seleção, já tinha firmado posição com as mesmas ideias em situações com a CBF. Sondado pela confederação no fim de 2015, não topou conversar com os cartolas da entidade enquanto ainda tivesse um outro técnico no cargo – Dunga, no caso.
Disciplina dentro e fora de campo
No Corinthians, ficou marcado por sempre cobrar comportamento impecável dos atletas. Até mesmo nomes mais polêmicos, como Emerson Sheik e o lateral Edilson, já chegaram a admitir mudanças por conta da convivência com Tite.
Recentemente, se irritou ao ver o nome envolvido em especulações ligadas ao Real Madrid, reforçando que respeita o compromisso que tem com a seleção e a missão na Copa do Mundo.
Ainda fora dos campos, Tite prega a igualdade até mesmo na cobertura da imprensa no dia a dia da seleção brasileira. Em entrevista no início de 2018, reforçou que não iria tolerar privilégios a nenhum veículo. E assim vem sendo durante o período em que a delegação está reunida.
Dentro das quatro linhas, o comandante da seleção mantém o tom politicamente correto ao cobrar um jogo limpo. E a equipe entendeu o recado. Tite reduziu consideravelmente os índices de faltas cometidas e cartões recebidos da equipe – menor entre as seleções sul-americanas nas Eliminatórias.
Para o bem ou para o mal, o Brasil que disputa o hexa na Rússia é uma versão "bom moço", disposto a seguir as regras à risca e não apelar à malandragem.
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