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Herança de Del Nero, assessor que agrediu torcedor é defendido por cartolas

Fachada do restaurante em São Petersburgo, palco da discussão que terminou em agressão por parte de dirigente da CBF - Pedro Ivo Almeida/UOL
Fachada do restaurante em São Petersburgo, palco da discussão que terminou em agressão por parte de dirigente da CBF Imagem: Pedro Ivo Almeida/UOL

Danilo Lavieri, Dassler Marques, João Henrique Marques, Pedro Ivo Almeida e Ricardo Perrone

Do UOL, em São Petersburgo (Rússia)

22/06/2018 04h00

De uma só vez, a cúpula da CBF se viu obrigada a lidar com mais um escândalo protagonizado por cartolas e a encontrar um substituto para cuidar do coronel Antonio Carlos Nunes, presidente da entidade. Isso tudo na noite anterior ao duelo com a Costa Rica, em São Petersburgo. O responsável pelo estrago foi Gilberto Barbosa, assessor da presidência, apadrinhado por Marco Polo Del Nero, e autor de agressão a um brasileiro no restaurante em que jantava a comitiva de dirigentes da confederação.

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Giba, como é conhecido, foi desligado do grupo e deixou vago o posto de “faz-tudo” de Nunes durante a viagem. O mais cotado para assumir a vaga é Jorge Pagura, dirigente da área médica da CBF. Indagado sobre quem ficaria com a missão em solo russo, o departamento de comunicação da confederação afirmou não ter a informação.

Segundo testemunhas, o assessor entrou na confusão porque um torcedor ofendeu o presidente da CBF. O funcionário da confederação teria pedido respeito a um idoso e recebido um tapa no braço antes de reagir quebrando uma taça de vinho na cabeça de seu desafeto. A vítima teria rixa com Nunes no futebol paraense. Representante da Polícia Federal em São Petersburgo disse ao UOL Esporte que os policiais locais souberam da ocorrência, mas que não houve registro de ocorrência.

O caso aumentou a lista de problemas para a CBF envolvendo seu presidente. Ele já tinha votado na candidatura do Marrocos para a Copa de 2026 após combinar com a Conmebol de apoiar a proposta conjunta de Canadá, Estados Unidos e México, que saiu vencedora. Além disso, Nunes frequentemente causa constrangimentos pelas gafes que comete.

Giba foi enviado para a Rússia justamente para ficar colado no dirigente. Como o cartola tem dificuldades de locomoção, o assessor costuma apoiá-lo com a mão em seu braço. Foi assim, por exemplo, que ele chegou ao estádio em Rostov-on-Don para a estreia do Brasil contra a Suíça, no último domingo. Na ocasião, o presidente da CBF ficou alguns segundos longe do assessor e parou para falar com a reportagem. Como um segurança, Giba pegou o dirigente pelo braço e o tirou dali. “Ele está cansado, andou muito”, disse o assessor, calmamente.

Apadrinhado por Del Nero

Apesar da agressão, ele é descrito como gentil por cartolas que o conhecem de longa data. Giba até é defendido por pelo menos parte dos presidentes de federações que estão na Rússia a convite da CBF. Argumentam que ele apenas foi ajudar um idoso e acalmar a situação, mas acabou levando um tapa. Daí teria perdido o controle. Já há dirigentes defendendo que ele não seja punido nem demitido. Isso deve depender da vontade de Rogério Caboclo, que será sucessor do coronel a partir de abril do ano que vem.

O futuro presidente também conhece bem Giba. Os dois iniciaram carreira entre os cartolas apadrinhados por Del Nero, banido do futebol pela Fifa e que recorre contra a decisão. Antes de chegar à CBF, Giba foi levado por Del Nero para ser diretor da federação paulista. Ambos tinham ficado próximos por frequentarem o mesmo condomínio no Guarujá.

Depois, Marco Polo levou o amigo para a confederação. Durante a Copa de 2014, ele estava sempre ao lado do presidente José Maria Marin e de Del Nero, seu sucessor. A dupla, porém, ficava ainda mais próxima de Alexandre da Silveira, secretário herdado de Ricardo Teixeira, que renunciou à presidência da CBF.

Agora, no Mundial de 2018, Giba foi escalado para colar no coronel. Deveria ajudar a evitar problemas, mas acabou fazendo a entidade passar uma nova vergonha.