Não é loucura: Coreia pode trazer mais problema ao México do que a Alemanha
Não é que a Coreia do Sul seja melhor do que a Alemanha. Muito menos que foi fácil para o México vencer os campeões da Copa do Mundo de 2014. Esta é apenas uma explicação sobre como o estilo de jogo dos asiáticos tende a ser uma armadilha perfeita para o futebol praticado pelos mexicanos, sob a batuta do técnico Juan Carlos Osorio. O confronto do Grupo F do Mundial está marcado para as 12h deste sábado.
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E para embasar isso é só relembrar a experiência do treinador colombiano no São Paulo, entre junho e outubro de 2015. Por convicção, ao pegar adversários mais frágeis tecnicamente, Osorio adiantava todo seu time. Seu princípio básico era apresentar um futebol bonito e eficiente no ataque para responder a postura retraída de uma equipe mais limitada. Quase uma questão de honra.
Para isso acontecer, postava todos os jogadores mais à frente. Os zagueiros, por exemplo, passavam a maior parte do tempo na beira do círculo central. Os laterais se mandavam junto com os pontas e apenas um dos meio-campistas tinha a obrigação de se postar mais defensivamente. Os outros dois podiam circular à vontade, mas representavam o ponto essencial para que toda essa atitude arrojada funcionasse.
Osorio é um técnico ofensivo, mas não desapegado da defesa. O que muda é que sua visão defensiva envolve agressividade, e não paciência. E com todo o time avançado, isso se torna ainda mais primordial. Quando a posse era perdida no São Paulo, eram os dois meias os primeiros a partir para pressionar e dar botes. Não à toa, Paulo Henrique Ganso contrariou o estigma de "preguiçoso" para ser um dos principais ladrões de bola da equipe.
Mas se os meias não reagissem rápido, em uma estratégia denominada "perde e pressiona", uma auto-armadilha começava a se armar. Bastava que um zagueiro ou volante do rival conseguisse quebrar essa linha mais adiantada de marcação para que os jogadores mais rápidos e ofensivos saíssem no mano a mano e com campo aberto para contra-atacar.
Alguns jogos ficaram marcados por essa desajuste no esquema de Osorio no São Paulo: as derrotas por 4 a 0 para o Palmeiras, por 3 a 1 para o Atlético-MG e por 3 a 0 para o Goiás. O time estava completamente avançado, perdia seguidas chances de gol e baixava a concentração. Assim, não reagia rápido e tudo desmoronava na hora da transição defensiva.
É justamente por isso que a Coreia pode ser mais perigosa, no fim das contas, do que a Alemanha. Contra os alemães, na estreia, Osorio usou exatamente seu pior veneno como antídoto para fazer história e vencer. Agora, contra os coreanos, terá de mostrar que aprendeu com os erros do passado. Não só no São Paulo, mas também pelo México, como no revés por 7 a 0 para o Chile na Copa América de 2016.
Dois fatores podem atenuar essa preocupação com uma possível armadilha da Coreia. Primeiro, a própria qualidade dos asiáticos, que apresentaram um dos níveis mais baixos da rodada de abertura da Copa na Rússia. A derrota por 1 a 0 para a Suécia foi marcada por recuo excessivo, passividade e pouquíssimos recursos nos contragolpes.
O segundo fator é a confiança mexicana. Ganhar de uma seleção como a Alemanha e com uma atuação extraordinária respalda o trabalho de Osorio entre os jogadores, que terão mais certeza na hora de cumprir as recomendações do técnico. Essa sinergia com o grupo, inclusive, pode fazer diferença para uma campanha mais ambiciosa.
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