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Suíço recorda: dia mais feliz da vida foi quando ganhou camisa de Ronaldo

Xherdan Shaqiri comemora gol da virada da Suíça contra a Sérvia - Clive Rose/Getty Images
Xherdan Shaqiri comemora gol da virada da Suíça contra a Sérvia Imagem: Clive Rose/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

23/06/2018 05h58

Xherdan Shaqiri marcou o segundo gol da vitória de virada da Suíça por 2 a 1 contra a Sérvia, na última sexta-feira (22). No mesmo dia, o meia publicou um texto no site The Player’s Tribune e revelou idolatria por Ronaldo Fenômeno.

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“Ronaldo era meu ídolo. O Ronaldo original. A forma que ele jogava, era como mágica para mim. Durante a final da Copa do Mundo de 1998, quando ele estava machucado e o Brasil perdeu da França, eu estava chorando porque estava muito triste por ele. Meu aniversário de sete anos foi três meses antes da Copa, e eu continuava dizendo para minha mãe todos os dias: ‘tudo que eu quero de presente é uma camisa amarela do Ronaldo. Por favor, me dê essa camisa’”, contou.

“Então, meu aniversário chegou, e minha mãe me deu uma caixa. Eu abri e era a camisa do Ronaldo. Uma daquelas falsas que você compra no mercado. Não acho nem que tinha um distintivo nela. Era apenas uma camisa amarela com o número 9 em verde. Meus pais não tinham dinheiro para comprar uma original, mas isso não importava para mim. Foi o dia mais feliz da minha vida. Eu usei a camisa por uns 10 dias e também tinha shorts amarelos para vestir junto”, continuou o jogador, que até repetiu o cabelo “cascão” que o atacante brasileiro usou na Copa de 2002.

“Eu era, muito provavelmente, o único imigrante na minha escola e não acho que as crianças suíças entendiam muito porque eu era tão obcecado por futebol. Na Suíça, futebol é apenas um esporte. Não é como em outros lugares. Eu lembro que, quatro anos depois, quando o Ronaldo apareceu na Copa de 2002 com aquele cabelo, fui até o cabeleireiro e falei: ‘eu quero o corte do Ronaldo’”, relembrou.

Shaqiri nasceu no Kosovo, mas deixou o país em guerra aos quatro anos e se naturalizou suíço. Já a expectativa para partida contra a Sérvia era tensa. Afinal, a região de Kosovo fica dentro do território sérvio e declarou independência de forma unilateral em 2008, mas a Sérvia não reconhece esse ato e ainda considera Kosovo como parte do país, o que gera um clima pouco amigável entre os dois povos. Até por isso, o camisa 23 comemorou o gol no duelo de quinta fazendo o símbolo da bandeira da Albânia, uma águia com duas cabeças, já que a maioria do povo kosovar é de origem albanesa.

“Para os meus pais, foi um momento de muito orgulho me ver jogando na Copa do Mundo, porque eles foram à Suíça sem nada e trabalharam duro para tentar dar uma boa vida aos filhos. Eu acho que a mídia geralmente entende mal os meus sentimentos pela Suíça. Eu sinto que tenho dois lares. A Suíça deu tudo para minha família, e eu tento dar tudo pela seleção. Mas quando vou para Kosovo, me sinto em casa imediatamente. Não é algo lógico. É apenas um sentimento”, explicou.

Com o gol de Shaqiri e outro de Xhaka (filho de pais nascidos em Kosovo), a Suíça virou para cima da Sérvia e chegou a quatro pontos, igualando o Brasil, no Grupo E da Copa do Mundo. Os suíços voltam a jogar na próxima quarta-feira, às 15h (de Brasília), quando encaram a Costa Rica em Nizhny Novgorod.

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