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Após quatro frustrações, Quaresma enfim brilha contra técnico que o barrou

Matthew Childs/Reuters
Imagem: Matthew Childs/Reuters

Do UOL, em São Paulo

25/06/2018 20h00

Nos últimos anos, Ricardo Quaresma se firmou como um dos mais importantes nomes do futebol português em atividade. O meia-atacante, revelado pelo Sporting, passou por Barcelona, Porto, Inter de Milão e Chelsea, entre outros clubes, antes de chegar ao Besiktas (pela segunda vez) em 2015. Neste período, defendeu Portugal nas edições 2008, 2012 e 2016 da Eurocopa, sendo campeão da última.

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No entanto, aos 34 anos, Quaresma atingiu só em 2018 uma meta na carreira: disputar uma Copa do Mundo. Ausente nas edições 2002, 2006, 2010 e 2014 do torneio, ganhou a chance na Rússia com o técnico Fernando Santos. Mais do que isso, não decepcionou: marcou o gol português no empate por 1 a 1 sobre o Irã, em partida pela terceira rodada do Grupo B da competição.

O duelo teve um sabor especial para o atleta. Não apenas por ter colocado os portugueses na liderança da chave, como ainda por ter sido sobre a seleção comandada por Carlos Queiroz – justamente o técnico de Portugal que o deixou de fora da Copa de 2010 na África do Sul.

Em 2002, o jogador – campeão da Eurocopa sub-16 em 2000 – esteve na pré-lista para a Copa, mas acabou preterido pelo técnico Antonio Oliveira, que optou por levar Hugo Viana. A inexperiência também pesou em 2006, quando Luiz Felipe Scolari deixou claro que preferia vê-lo atuando nas seleções de base de Portugal antes de uma promoção ao time principal.

Quaresma viu sua cotação crescer de fato antes da Copa de 2010. Tricampeão português pelo Porto (2006, 2007 e 2008), transferiu-se para a Inter de Milão como reforço para a temporada 2008/2009. Foi campeão da Liga dos Campeões 2009/2010, mas não ficou nem no banco diante do Bayern de Munique na decisão. Com poucos jogos ao longo da temporada, acabou minando suas chances de ir à Copa do Mundo na África do Sul, justamente em seu melhor momento técnico.

Em 2010, quando foi para o Besiktas pela primeira vez, voltou a ganhar espaço na seleção portuguesa, enquanto Carlos Queiroz perdia terreno. Em 30 de agosto daquele ano, o treinador foi suspenso por ofender funcionários de controle antidoping em um jogo. Ao mesmo tempo, o meia era convocado para os jogos contra Chipre e Noruega, que abriam a campanha de classificação para a Euro 2012.

A vaga só pintou diante da ausência de Cristiano Ronaldo, contundido. Mesmo com todos esses ingredientes, Quaresma evitou polemizar. “O meu trabalho é ajudar a seleção em campo e fazer tudo pelo nosso país”, afirmou, em declarações publicadas na época pelo site da rádio portuguesa TSF.

Demitido pela Federação Portuguesa de Futebol em setembro de 2010, Carlos Queiroz acertaria com o Irã em abril de 2011. Sua vaga na equipe lusitana seria ocupada por Paulo Bento, que deu a Ricardo Quaresma a camisa 10 na Euro de 2012. Ainda assim, não entrou em campo na competição, e ainda passaria dois anos seguidos fora da equipe nacional. Seria o fim?

Ainda viria mais uma provação. Colocado por Paulo Bento na pré-lista de 30 jogadores para a disputa da Copa de 2014, ficou fora da lista final de 23 nomes. Na época, o meia estava atuando no Porto e perdeu a vaga para Nani, do Manchester United.

“A posição de técnico da seleção nacional carrega muito prestígio e não está imune às críticas. Tenho que aceitar que as pessoas questionarão minhas decisões. Nani tem características diferentes das de Quaresma”, justificou-se Paulo Bento, segundo publicou o site da BBC na época.

Paulo Bento deixou o comando após o torneio no Brasil e deu lugar a Fernando Santos, que havia comandado a Grécia na competição. Sob novo comando, Quaresma ganhou espaço em Portugal de novo: marcou o gol da equipe em derrota por 2 a 1 para a França, em amistoso em outubro de 2014, e foi chamado para a Eurocopa. Marcou apenas um gol na histórica campanha do título português, mas bastante importante: foi ele o responsável pela vitória por 1 a 0 sobre a Croácia na prorrogação pelas oitavas de final.

Em 2018, finalmente foi convocado para disputar uma Copa do Mundo. E a recompensa por tanta espera veio nesta segunda-feira (25): com um chute de trivela, marcou o gol de Portugal no empate frente ao Irã. O tento marcado não apenas classificou o time para as oitavas de final, com ainda livrou a cara da estrela Cristiano Ronaldo - o camisa 7 passou em branco diante dos iranianos, e ainda teve um pênalti defendido pelo goleiro Alireza Beiranvand. Uma derrota eliminaria a equipe do Mundial. Com o segundo lugar no Grupo B, o time agora encara o Uruguai na fase de mata-mata.

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