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Com ameaça a técnico e esquema 'velho', Costa Rica ficou presa a 2014

AFP PHOTO / JOHANNES EISELE
Imagem: AFP PHOTO / JOHANNES EISELE

Arthur Sandes

Do UOL, em São Paulo

27/06/2018 04h00

Prestes a se despedir da Copa do Mundo, a seleção costa-riquenha vive crise dentro e fora de campo. Nesta semana o técnico Óscar Ramírez sofreu ameaças por conta da má campanha e eliminação precoce da Costa Rica no Grupo E. Somado ao grupo de jogadores em si e ao esquema tático repetido, o episódio insólito reforça a ideia de que o país ficou preso à participação histórica de 2014.

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Há quatro anos a Costa Rica foi a sensação da Copa ao viver a melhor campanha de sua história e chegar às quartas de final. O desempenho fez aumentar a expectativa sobre a participação na Rússia, mas a euforia logo se desfez após duas derrotas e eliminação na fase de grupos com uma rodada de antecedência. A cobrança sobre a seleção, no entanto, é com base no Mundial anterior.

O treinador sofre pelo sucesso costa-riquenho de 2014, quando a equipe se classificou de forma invicta no considerado ‘grupo da morte’, eliminando as campeãs Itália e Inglaterra – depois tirou a Grécia, e só caiu nos pênaltis para a Holanda, que viria a ser terceira colocada. Naturalmente, muito daquele time foi mantido: os nomes, o esquema e a ambição.

A convocação original de Óscar Ramírez contou com 13 jogadores que estiveram na Copa de 2014, então sob comando de Jorge Luis Pinto. Do time titular que caiu nos pênaltis para a Holanda no último Mundial, oito estiveram na derrota para o Brasil na sexta-feira (22). Não à toa a Costa Rica tem a maior média de idade do Mundial: 29 anos e meio.

O esquema é igualzinho: a linha de três zagueiros pode chegar a cinco em um piscar de olhos, com a adição dos alas, a depender do tamanho do desespero na marcação. Ninguém mais joga assim, já há um bom tempo. A exemplo de 2014, a posse de bola pode ser desprezada de acordo com as características do adversário – os números foram equilibrados na estreia, contra a também defensiva Sérvia; mas frente ao Brasil os costa-riquenhos tiveram a bola só por 30% do tempo.

O sufoco teria valido a pena se a seleção brasileira não tivesse achado os dois gols no acréscimo, mas não foi o caso. Com a eliminação, Ramírez virou alvo e precisou garantir durante entrevista coletiva que não pretende deixar a seleção nas próximas semanas. “Nem por um minuto passou pela minha cabeça sair, nunca. Ainda não sei o que vai acontecer, mas estou ansioso para continuar. Não vou recuar, tenho coragem”, disse nesta terça-feira (26).

É de coragem que a Costa Rica precisa no terceiro jogo nesta Copa do Mundo, o seu último. A despedida é contra a Suíça, às 15 horas (de Brasília) desta quarta-feira (27), no estádio de Níjni Novgorod. Quem sabe Ramírez tenha na manga alguma novidade, e a seleção finalmente comece a se desprender de 2014 para sonhar com 2022. Neste ano, já foi.

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