Topo

Brasil se protege como ninguém na Copa e leva força defensiva ao mata-mata

Alisson é um dos goleiros que menos trabalhou na Copa: defesa brasileira é ponto forte - Maddie Meyer/Getty Images
Alisson é um dos goleiros que menos trabalhou na Copa: defesa brasileira é ponto forte
Imagem: Maddie Meyer/Getty Images

Danilo Lavieri, Dassler Marques, João Henrique Marques, Luiza Oliveira e Ricardo Perrone

Do UOL, em Moscou

28/06/2018 04h00

Desde que o formato atual foi adotado pela Copa do Mundo, em 1950, o Brasil só passou da primeira fase sem sofrer gols em três ocasiões: 1958, 74 e 86. A seleção brasileira de Tite passou perto disso, e foi vazada somente uma vez nos três duelos que fez na Rússia. Agora, chega às oitavas de final com sua defesa como ponto forte, com destaques individuais e um sistema em que todos atuam.

- Brasil pega o México às 11h de 2ª; veja tabela das oitavas
- Assista aos gols do Brasil na vitória por 2 a 0 sobre a Sérvia
- Coutinho e T. Silva se destacam, e Jesus fica ‘ameaçado’

A consequência dessa premissa de jogo é que Alisson é, até agora, um dos goleiros menos acionados na Rússia. O goleiro brasileiro só fez duas defesas (números da Fifa) e sofreu um gol. Entre os 24 times que atuaram em três partidas, só a Espanha de De Gea teve menos intervenções (uma), mas ele foi vazado cinco vezes. Para efeito de comparação, o mexicano Ochoa, próximo rival do Brasil, trabalhou 17 vezes, maior número entre todas as seleções.

“Sempre defendemos com todos os atletas. A defesa não é só Thiago e Miranda. É um sistema que se posiciona para defender com todos os jogadores na perda da bola”, resumiu o auxiliar Cléber Xavier na véspera da vitória por 2 a 0 sobre a Sérvia.

Esse sistema em que Gabriel Jesus é muitas vezes um dos jogadores que mais se doam em campo, e a defesa e Alisson estão sempre protegidos, dá novamente estabilidade ao Brasil de Tite. A seleção é um dos quatro times vazados somente uma vez, enquanto o Uruguai é o único a não sofrer gols depois de enfrentar Egito, Arábia Saudita e Rússia.

Um dado importante explica por que o Brasil está quase sempre tão protegido na defesa. Ainda segundo números da Fifa, a seleção de Tite é a segunda colocada em bolas recuperadas, com 145, atrás apenas do Irã. O dado é fruto do princípio que a comissão brasileira implanta aos atletas, o chamado “perde e pressiona”. Significa que, ao dar a bola ao adversário, o time faz força imediatamente para recuperá-la mais perto do gol do rival.

Thiago Silva, Miranda e Casemiro se destacam

Casemiro foi líder em quantidade de disputas mano a mano vencidas contra os sérvios - Axel Schmidt/Reuters - Axel Schmidt/Reuters
Casemiro foi líder em quantidade de disputas mano a mano vencidas contra os sérvios
Imagem: Axel Schmidt/Reuters

Nesse sistema tão competitivo, há destaques naturais. Miranda e Thiago Silva novamente tiveram desempenhos marcantes contra uma Sérvia agressiva no campo ofensivo, que usou muitos cruzamentos e jogadores que, conforme destacou Tite, misturam força e técnica. De acordo com dados do Instat, a dupla brasileira pouco hesitou: Miranda venceu 9 de 11 disputas, e Thiago Silva 8 de 10.   

“Não sei se impecável [meu desempenho], mas acredito que eu esteja ajudando a equipe de muitas maneiras”, comentou Thiago, que ainda fez gol sobre a Sérvia. “Fico feliz com isso. Eu me preparei muito para esse momento, mas tem de frisar o grupo. Acho que o grupo está sendo muito importante, o fortalecimento é muito grande”, analisou o defensor do PSG.

Nesse sistema em que os jogadores que entram se mostram preparados, casos de Fagner e Filipe Luís, ainda vale menção a outro elemento, que é Casemiro. Mesmo pendurado desde a estreia, o volante teve mais um jogo de pouquíssimas bolas perdidas. Ele mostrou classe em alguns desarmes, força e dedicação em outros e foi o jogador que mais venceu disputas contra a Sérvia: 14 ao todo. 

No fim, quando tudo isso não foi suficiente, Tite ainda tirou outro coelho da cartola. Fernandinho entrou, fez o Brasil passar do 4-1-4-1 para o 4-2-3-1 e bloqueou a área de Alisson. “Tivemos a retomada a partir da entrada dele, principalmente no setor central. Retomamos ações ofensivas para ter volume. Dá confiança e consistência”, resumiu Tite sobre a troca, usando duas palavras chaves sobre o comportamento brasileiro.