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Espanha chega ao mata-mata no divã, discutindo estilo de jogo e astros

Iniesta é um dos questionados do elenco espanhol - Sergei Grits/AP Photo
Iniesta é um dos questionados do elenco espanhol Imagem: Sergei Grits/AP Photo

Rodrigo Mattos

Do UOL, em Moscou (Rússia)

30/06/2018 21h00

Iniciada a entrevista espanhola na véspera do jogo contra a Rússia, as perguntas se centram em problemas. O principal é a dificuldade para colocar em prática o estilo de jogo de passes, mas todos os pontos que envolvem performance em campo são questionados. Como resultado de uma campanha pouco empolgante até agora na Copa, a Espanha passou de uma das favoritas ao título para se tornar um time no divã.

Até os jogadores admitem insegurança em relação à execução de lances.

Fiel ao seu estilo, a Espanha é o time da Copa do Mundo com maior controle de bola. Foram 2.089 passes no total, superior até a times que já jogaram nas oitavas-de-final como a França e Argentina. Em finalizações, no entanto, é apenas a quarta da primeira fase. Brasil, Alemanha e Bélgica chegaram mais no gol. É a quinta em número de gols marcados na fase de grupos.

David Silva e Hierro - Maxim Shemetov/Reuters - Maxim Shemetov/Reuters
Imagem: Maxim Shemetov/Reuters

"Creio que o êxito sempre foi ter a bola. Cada partida te pede coisas diferentes, temos que saber ler. Cada partida tem influências diferentes. Mas precisamos manter a filosofia que temos de ganhar", afirmou o meia David Silva, presente nas principais conquistas espanholas.

David Silva aponta que a forma recuada com que atuaram times como Irã e Marrocos dificultaram o jogo espanhol. Ele admitiu que é preciso executar certos fundamentos de forma diferente. Isto é: passar a bola mais rápido e com mais precisão.

Uma opinião similar foi expressada por Thiago Alcântara no dia anterior. "Não podemos viver com medo de falhar", afirmou o meia, destacando também que era necessário maior precisão, mas sem deixar de arriscar.

O conflito poderia ter relação com o fato de a Espanha ter perdido seu técnico, Julen Lopetegui, pouco antes do Mundial. Foi ele o responsável por reconstruir o jogo de toques espanhol após a saída de Vicente Del Bosque – e a eliminação na primeira fase na Copa de 2014. Com Lopetegui, o time estava invicto, venceu seu grupo nas Eliminatórias e ainda tinha aplicado 6 a 1 na Argentina em um amistoso.

Ao assumir, Hierro fez poucas mudanças. Ele minimizou as críticas sobre o desempenho da equipe espanhola no Mundial. "Temos qualidades e defeitos como todas as outras equipes. Temos que ser inteligentes. Temos que solucionar. Muita gente se esquece, mas essa seleção se recuperou cinco vezes com marcador atrás. Conseguimos nos recuperar. Temos muitas coisas para ver se quisermos ser otimistas. Temos que ver coisas positivas", observou Hierro.

Além dos passes e erros, há questionamentos sobre jogadores. Iniesta, por exemplo, estaria velho para defender a seleção. Na Copa, ele ironizou esse tipo de crítica ao dizer que o dão como velho "desde que fez 30 anos". Não é o único sob questionamento: o goleiro De Gea, considerado por muitos o melhor do mundo, cometeu uma falha diante de Portugal em gol de Cristiano Ronaldo.

Neste contexto, Hierro não fala da escalação, mas Diego Costa e De Gea são os pilares do time. A zaga deve ser mantida com Piqué e Sergio Ramos. Assim como no meio, Busquets e David Silva são os prováveis titulares, com Isco à frente. Há uma discussão entre Thiago Alcântara, Koke e Iniesta. E até há possibilidade da entrada de Asensio para tornar o time mais incisivo.

Certo é que, no mata-mata, a Espanha tem de decidir se insiste em nos jogadores e na fórmula que a fizeram vitoriosas. Ou faz ajustes e mudanças. Os espanhóis aguardam com olhar crítico qual o rumo o time vai tomar. "A questão das críticas é que fica à parte. Somos profissionais, e vamos tentar jogar bem, e mudar opiniões. Algumas vezes não são merecidas, mas estou acostumado", completou David Silva.

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