Topo

Copa 2018

O drama do espanhol que recorreu a Putin para entrar com seu bumbo na Copa

Luiza Oliveira

Do UOL, em Moscou (Rússia)

30/06/2018 04h00

O nome de Manolo Del Bombo já diz tudo. Ele e o seu bumbo não se desgrudam e são praticamente uma coisa só. A parceria já dura 30 anos e percorreu nada menos que dez Copas do Mundo e seis Eurocopas, sempre atrás da seleção espanhola. Mas na Rússia algo deu errado. O bumbo foi barrado em um jogo quebrando a tradição de décadas. Manolo recorreu até a Putin em um verdadeiro drama para liberar o bumbo para o jogo das oitavas de final contra a anfitriã, domingo, em Moscou.

- Veja a tabela completa, as datas e as chaves das oitavas de final
- Simule os resultados e veja como ficam as quartas de final
- Neymar S/A: a engrenagem por trás do maior jogador do Brasil

Manolo é daqueles torcedores símbolos da seleção espanhola. Onde a Fúria está, lá está ele. Ele já tem até um bar com seu nome na cidade de Valencia. Ele começou sua história na Copa Argentina em 1978, passou por Espanha, México, Itália, EUA, França, Coreia e Japão, Alemanha, África do Sul, Brasil e agora na Rússia. O bumbo sempre esteve com ele.

Nesta edição do Mundial, ele foi ao jogo de estreia da Espanha contra Portugal, em Sochi, mas na partida seguinte contra o Irã, em Kazan, o rígido controle de segurança do estádio não permitiu a entrada do instrumento.

“Não me falaram nada, apenas que não era permitido. Colocaram o bumbo em um quartinho e disseram que eu só poderia pegar no fim do jogo. Passei o jogo com 30 a 35 espanhóis só fazendo barulho com a garganta. Foi muito triste. Nunca tinha acontecido. Em dez Mundiais foi a primeira vez, é lamentável”.

Manolo el del Bombo - UOL - UOL
Imagem: UOL

Manolo superou o episódio e foi com o seu bumbo no terceiro jogo contra o Marrocos, em Kaliningrado. Mas mais uma vez a segurança proibiu que seu companheiro o fizesse companhia. Manolo ficou desolado. Concedeu entrevistas a diversos canais espanhóis expondo o problema e chorou. Se debulhou em lágrimas e fez um apelo emocionado ao governo da Espanha e Rússia. "Ao presidente do Governo da Espanha o pediria que me deixasse entrar. Alguém tem que fazer algo, a FIFA ou quem quer que seja", disse aos prantos aos veículos espanhóis. O jornal Marca publicou que até tentou interceder junto à entidade máxima do futebol.

Manolo el del Bombo - UOL - UOL
Imagem: UOL

Manolo ainda pediu o apoio da Federação Espanhola de Futebol, da FIFA, do primeiro ministro espanhol Pedro Sánchez e até do presidente Vladimir Putin para que o bumbo fosse liberado. Desesperado, enviou um e-mail a Putin. No corpo da mensagem, escreveu: “Putin amigo, ajude a um amigo”. Mas não teve resposta.

Manolo já estava desesperançoso. Até que na manhã da última sexta-feira, recebeu a boa notícia. A Federação Espanhola de Futebol entrou em acordo com a Fifa e pediu a cópia do passaporte dele. Vão fazer uma operação especial para a liberação do bumbo na partida contra a Rússia pelas oitavas de final da Copa.

Manolo ainda aguarda com ansiedade as orientações para lidar com seu bumbo, mas já pode comemorar. E ele quer fazer uma homenagem não só à Espanha, mas também à Rússia por ouvir o seu apelo. ”O bumbo não é meu, o bumbo é de todos os espanhóis. Ele só traz alegrias, até para o adversário. Se a Rússia fizer um gol eu não vou tocar o bumbo em sinal de respeito. Durante o hino, também não toco. Eu só vou saudar o público e alegrar”, disse. A festa no estádio Luzhniki sairá ganhando.

Copa 2018