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Por que Pogba e Griezmann são tão criticados na França?

REUTERS/Toru Hanai
Imagem: REUTERS/Toru Hanai

Júlio Gomes

Colaboração para o UOL, em Kazan (Rússia)

30/06/2018 04h00

Um chegou a ser o jogador mais caro do mundo. O outro acaba de protagonizar uma batalha milionária entre Atlético de Madrid e Barcelona. Paul Pogba e Antoine Griezmann são verdadeiras estrelas mundiais no futebol europeu. Mas, de alguma forma, não conseguem se conectar com o público francês.

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Nenhum dos dois jogou particularmente bem na primeira fase, quando a França conseguiu vitórias apertadas sobre Austrália e Peru e empatou sem gols com a Dinamarca. Griezmann só marcou um gol, de pênalti, na Copa.

“Pobga é uma super estrela. Mas fora do futebol, porque no campo ele não merece ser reconhecido assim. Ele faz a própria vida virar um show, com programas de TV, Instagram e tudo o mais. As pessoas elogiam ou criticam por tudo: penteado, jeito que dança… mas esquecem o jogador. Quando ele está no campo, portanto, as pessoas exigem que ele seja o melhor, senão ficarão mil vezes mais bravas. Ele é prisioneiro desta situação”, explica o jornalista Sasha Doskov, da revista “So Foot”.

“E com o Griezmann está começando a acontecer o mesmo. Por que fazer essa novela com sua própria vida? Isso explica a diferença de tratamento do público em relação a eles.”

É mais ou menos assim. Qualquer um tem o direito de jogar mal. Mas não as estrelas que passam muito tempo preocupadas com outras coisas, em vez de jogar bola. Consequentemente, são sempre os alvos mais atacados quando os resultados não vêm.

A questão com Pogba, que não dava entrevistas enquanto está servindo à seleção desde 2014, é um pouco mais profunda. Poucos parecem saber qual sua posição e quais as responsabilidades em campo. Há quem defenda que ele tenha mais liberdade de criação e menos responsabilidades defensivas na seleção.

Contra a Argentina, o meio de campo deverá ser formado por Kanté, Matuidi e Pogba. “Kanté tem agressividade, ele gosta de recuperar a bola. É menos criativo que Paul, talvez. Eles se complementam muito bem. Têm qualidades diferentes, habilidades diferentes, e isso nos deixa fortes. Paul joga mais na frente, ele é melhor em assistência e em fazer gols”, analisou Deschamps, considerado na França um técnico tão metódico que não consegue explorar o melhor de seu meio-campista.

Já com Griezmann, o problema de excesso de críticas por parte de torcida e imprensa parece ser mais simples. Falta de gols.

“O começo foi um pouco difícil. O time francês precisa de Griezmann no topo de seu nível, e ele está fazendo de tudo para ser assim”, diz Deschamps. “Acho que é normal criar expectativas, é um jogador top. Fez grandes competições na Europa e gosta de ser um dos grandes. As estatísticas não são impressionantes no começo da Copa, mas ele está se esforçando, está focado, e a Copa está só começando ainda”, falou o goleiro Lloris.

“Você não vê o Kanté fazendo piadas e dançando no Instagram, falando de si mesmo o tempo todo, especulando sobre se sai ou não dos seus times, pedindo salários mais altos. Por isso, Kanté é o ídolo desta seleção, e não os mais badalados”, finaliza Doskov, da “So Foot”.

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