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Tudo para ficar com Messi: o que Argentina precisa para manter seu craque?

Messi vai ao chão na partida entre Argentina e França em Kazan - C. Cox/Getty Images
Messi vai ao chão na partida entre Argentina e França em Kazan Imagem: C. Cox/Getty Images

Marcel Rizzo

Do UOL, em Kazan (Rússia)

30/06/2018 21h00

Lionel Messi manteve o suspense, por enquanto, sobre sua aposentaria da seleção argentina. Após ensaiar o adeus há dois anos, na derrota na final Copa América de 2016, ele parece pronto para isso agora. O craque tem 31 anos e acaba de ser eliminado mais uma vez na Copa do Mundo, agora nas oitavas de final do Mundial da Rússia.

Mas o que pode convencê-lo a ficar?

Um técnico para confiar

Messi e Sampaoli - Albert Gea/Reuters - Albert Gea/Reuters
Imagem: Albert Gea/Reuters

O projeto para o futebol argentino tem de englobar, talvez, uma mudança no comando técnico. Afinal, não há como negar que o trabalho com Jorge Sampaoli foi confuso. Um novo treinador, porém, esbarra em uma multa. O contrato prevê US$ 16 milhões (R$ 62 milhões) em caso de demissão. O contrato vai até 2022. Neste sábado, após perder de 4 a 3 para a França, Sampaoli disse que não sabe do futuro - a AFA, falida, teria dificuldade para pagar a rescisão.

Messi, diretamente, não teve problemas com Sampaoli, apesar de discordar do esquema tático implantado pelo treinador em algumas partidas (como o 3-4-3 usado na derrota de 3 a 0 para a Croácia). Messi achava que, com essa composição, virava alvo fácil dos marcadores por estar de costas para o gol.

Mas os planos precisam contemplar, também, estabilidade. Desde 2014, quando o time foi vice-campeão mundial no Brasil, três treinadores passaram pela Argentina: Tata Martino, Eduardo Bauza e Sampaoli. Este assumiu em junho de 2017 e teve só um ano para trabalhar. Pegou um time em crise e precisou de um Messi inspirado contra o Equador para não ficar fora da Copa.

Torcedores para dar carinho

Torcedores fantasiados de Messi - AFP PHOTO / OLGA MALTSEVA - AFP PHOTO / OLGA MALTSEVA
Imagem: AFP PHOTO / OLGA MALTSEVA

Há, ainda, a questão dos torcedores, que vivem uma relação de amor e ódio com Messi, que nunca levantou uma taça com a Argentina. Nos últimos tempos, esse relacionamento tem sido bem mais amor do que rancor. Vide a principal trilha sonora dos "hinchas" nos estádios russos, que terminava com um "temos Messi e Maradona", se referindo aos dois grandes craques da história do país.

Uma comoção no país pode ajudar a convencê-lo a ficar, mas pouco se sabe sobre o que Messi pensa a respeito. Ele esteve cabisbaixo e abatido na boa parte do tempo em que passou concentrado com a delegação na pequena Bronnitsy, próximo a Moscou. Muito se falou sobre problemas familiares. Sua mulher, Antonella Roccuzzo, foi até a Rússia para os jogos contra Nigéria e França, para espantar os boatos de crise.

Seguir na seleção significa mais tempo distante da família - em 2019, por exemplo, tem Copa América no Brasil, novamente entre junho e julho. Justamente quando os jogadores que atuam na Europa teriam suas férias.

Amigos para ajudar em campo

Messi e Mascherano - Henry Romero/Reuters - Henry Romero/Reuters
Imagem: Henry Romero/Reuters

Por último, há a relação com os companheiros de time. Mascherano, seu principal escudeiro, avisou que se despediu neste sábado da seleção argentina. Aos 34 anos, disse não ter mais pernas, mas afirmou que espera que Messi tenha energia para continuar, porque não fez mal a ninguém.

Mas Aguero, e Di Maria, e Higuain, e Biglia, todos dessa geração, todos amigos e parceiros desde as categorias de base? Aguero disse que quer ficar, Biglia avisou que pretende abandonar. Mesmo se parte deles continuar, a Argentina terá uma renovação, com nomes como Pavón, Dybala e Lo Celso – talvez Icardi e Lautaro Martinez. Messi se colocaria à disposição para comandar essa transição? Não é o seu perfil, mas nunca se sabe.

E a grana?

Claro que há razão técnica para a AFA desejar a permanência de Messi, já que o camisa 10 é, há anos, um dos melhores do mundo. Há outro motivo, neste momento, que pode até ser mais importante do que aquele de dentro de campo: dinheiro. Ter Messi atrai patrocinadores, e a federação da Argentina está mal das pernas depois da crise que derrubou a cúpula da entidade e fez até uma comissão de cartolas ser criada para comandá-la, há dois anos.

Para conseguir atingir potenciais parceiros, a AFA criou, no começo de 2018, um modelo de patrocínio que chamou de "regionais". Resumindo: procuram empresas em outros países, principalmente na Ásia, que fechando com a associação podem usar a marca da seleção argentina e a imagem de seus jogadores nos torneios que disputa. Ou seja, podem usar Messi.

Foram fechados acordos, por exemplo, com a Hexinday, empresa de crédito a consumidores, e a Vanward, de eletrônicos. A ideia é expandir além da China, chegando a Japão, Índia e outros países onde a imagem de Messi é forte. Só há um detalhe: é preciso, ter o produto que se está vendendo, ou seja, Messi.

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