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Paulinho se emociona ao contar como Tite e Messi mudaram rumos de sua vida

Paulinho segura o braço de Tite durante treino da seleção brasileira; relação  - André Mourão / MoWA Press
Paulinho segura o braço de Tite durante treino da seleção brasileira; relação Imagem: André Mourão / MoWA Press

Do UOL, em São Paulo

01/07/2018 07h56

"O homem que mudou minha vida". Foi desta maneira que o meio-campista da seleção brasileira Paulinho se referiu ao técnico Tite em um depoimento ao site “The Players Tribune”, no qual detalha que sua carreira também teve o rumo alterado por outro personagem de grande destaque no futebol: Lionel Messi, seu atual companheiro de Barcelona.

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Partiu do argentino um convite informal para jogar no time catalão, durante amistoso entre Brasil e Argentina em junho de 2017, na Austrália. A história já havia sido contada, mas ganhou mais detalhes na voz de Paulinho.

"Messi veio andando em minha direção. Nós estávamos jogando um amistoso contra a Argentina, na Austrália. O juiz tinha acabado de marcar uma falta pra gente, e eu estava parado em cima da bola junto com o Willian e outro jogador. Eu encostei na bola, mas nem ia bater a falta. De repente, Messi vem ao meu encontro, olha direto nos meus olhos e diz: 'Então…nós vamos para o Barcelona ou não?'", disse.

"Foi assim. Sem explicação, nem nada. Ele virou de costas e foi embora. Eu não tive nem tempo de pensar. Eu apenas disse 'se você quiser me levar, eu vou'. É preciso muita coisa para tirar meu foco do jogo de futebol, mas entre o momento em que o Messi disse essas palavras e o Willian cobrou a falta, tudo o que eu pude pensar foi 'Isso é pra valer? Por que ele disse isso? Meu Deus, o que está acontecendo?'", completou (veja o relato na íntegra abaixo).

Apesar de ter achado que poderia ser uma brincadeira, a transferência para o Barcelona realmente se concretizou. Na época, o jogador estava atuando no Guangzhou Evergrande, na China. A nova chance no futebol europeu depois do insucesso no Tottenham significou uma nova mudança de rumo na carreira. A primeira teve como grande personagem seu atual técnico da seleção.

Ao falar de Tite, Paulinho não esconde a emoção. Chama o treinador de segundo pai e diz que a ligação, desde que o conheceu no Corinthians, é muito maior do que o futebol.

“Foi lá [no Corinthians] que eu conheci o homem que mudou a minha vida e se tornou uma espécie de segundo pai para mim – professor Tite. Fico emocionado quando falo dele, porque nós somos ligados de um jeito que é muito mais do que futebol. Ele me olhava direto no olho, sabia quando eu estava bem, assim como quando eu não estava tão bem. A gente não precisava dizer nenhuma palavra”, contou.

Neste período do Corinthians, Paulinho lembrou de um episódio que exemplifica a conexão entre eles. Quando recebeu uma proposta da Inter de Milão em 2011, teve 15 minutos para decidir se aceitaria. 

"O Tite disse: 'Olha, a decisão é sua. É claro que eu gostaria que você ficasse, mas é a sua vida. Vai lá no vestiário e pensa nisso. E quando você decidir, vai pro campo. Se você for ficar, faça este gesto [o sinal do joinha]; se você for sair, faça este outro gesto [polegar pra baixo]. Assim eu vou saber.' Eu liguei pro meu empresário e contei da minha decisão, e ele disse: 'Você tem certeza?'. Eu respondi, 'Certeza.'", descreveu o meio-campista.

"Entrei no campo e, quando o Tite me viu, esperei por dois segundos só pra criar um suspense, e daí eu fiz o joinha que eu iria ficar. E ele suspirou e disse: 'Meu Deus, pensei que você fosse sair'", completou.

Tite voltou a ter papel de grande importância na vida de Paulinho quando assumiu o comando da seleção."O Tite me deu uma chance para mostrar ao mundo que eu não estava morto. E acho que mostrei o meu valor muitas vezes ao longo das Eliminatórias. No futebol, as coisas acontecem numa fração de segundo. Eu não sou o jogador mais técnico, mas essa é a área em que eu sempre me destaquei. Alguma coisa acontece, e bang… Você não pode sequer pensar. Você tem de estar lá. Você tem que aproveitar isso".

Veja na íntegra o que Paulinho falou sobre Messi e a ida ao Barcelona. Leia aqui a coluna na íntegra.

Messi veio andando em minha direção. Nós estávamos jogando um amistoso contra a Argentina na Austrália. O juiz tinha acabado de marcar uma falta pra gente, e eu estava parado em cima da bola junto com o William e outro jogador. Eu encostei na bola, mas eu nem ia bater a falta.

De repente, Messi vem ao meu encontro, olha direto nos meus olhos e diz: “Então…nós vamos para o Barcelona ou não?”

Foi assim. Sem explicação, nem nada. Ele virou de costas e foi embora.

Eu não tive nem tempo de pensar. Eu apenas disse, “se você quiser me levar, eu vou”.

É preciso de muita coisa para tirar meu foco do jogo de futebol, mas entre o momento em que o Messi disse essas palavras e o William cobrou a falta, tudo o que eu pude pensar foi, “Isso é pra valer? Por que ele disse isso? Meu Deus, o que está acontecendo?”

Naquela época, eu estava jogando na Liga Chinesa pelo Guangzhou Evergrande, e ninguém iria acreditar que o Barcelona tinha interesse em mim. Achei que o Messi estava de brincadeira, como se ele quisesse mexer com minha cabeça ou algo do tipo. Mas nós estávamos jogando um amistoso… então, talvez não?

Depois do jogo, dei minha camisa ao segurança e pedi que ele entregasse ao Messi. Ele voltou do vestiário da Argentina com uma camisa do Messi para mim.

Então, eu pensei. “Espera, isso é mesmo pra valer?”

Mas, depois dos jogos que fizemos na Austrália, eu voltei para a China e não ouvi nada a respeito sobre uma transferência. Um mês inteiro passou, e eu acabei esquecendo de tudo aquilo. Eu estava simplesmente aproveitando meu futebol na Super Liga. Então, em julho, nós estávamos ouvindo todos esses rumores de que o Barcelona tinha interesse em mim.

Eu liguei pro meu empresário e disse, “Boss, pelo amor de Deus, eu tô ficando louco. Só me diz se isso é pra valer ou não”.

Ele disse, “Bem, é complicado. Talvez sim, talvez não.”

Eu estava trocando mensagens com o Neymar, perguntando pra ele, “Cara, isso é sério? Você tá sabendo de alguma coisa? Eu vou ficar louco, de verdade”.

Mas o Neymar estava envolvido com a própria transferência, então ele não tinha tanta certeza.

Vocês sabem como acontecem essas transferências hoje em dia. Não dá pra acreditar de verdade em nada. Tem muita coisa envolvida, e, honestamente, eu estava curtindo meu tempo lá na China. Minha esposa e eu tínhamos uma vida incrível por lá, e eu estava jogando um bom futebol. Antes dos rumores do Barcelona, eu estava completamente em paz na China.

Em agosto, a janela de transferência estava pra fechar, e parecia que não daria certo. Tinha uma partida pelo campeonato Chinês naquele fim de semana, e nós recebemos amigos do Brasil em nosso apartamento e tudo mais.

Naquela noite, meu empresário me telefonou e disse, “O contrato está pronto. Você tem de vir pra Barcelona pra assinar”.

De verdade, não acreditei. Eu disse a ele, “É pra valer? O Barcelona já pagou? Você está de brincadeira comigo?”

Ele respondeu, “Não, não, não. É pra valer. Você tem de estar lá amanhã.”

Ah, eu contei pra vocês que eram 4h da manhã?

Bom, eram 4h da manhã.

Eu disse, “Não posso. Meus amigos do Brasil estão aqui. São 4h da manhã!”

Ele respondeu, “É o Barça. Leve os seus amigos juntos com você! Só entre no próximo avião, cara!”

Então eu arrumei minha mala e fui direto pro aeroporto, e no banco de trás do carro, enquanto observava a estrada pela janela, eu pensei comigo mesmo “Messi!”