Crítica nos tempos de Corinthians explica Neymar, Tite e relação de ambos
Passada a vitória sobre o México por 2 a 0 e mais uma rodada de polêmicas sobre a caça a Neymar na Copa do Mundo, um vídeo de 2012 em que Tite ataca as simulações do então atacante do Santos reacendeu o debate sobre a postura do craque da seleção brasileira. Antes crítico ferrenho do camisa 10, o treinador agora é um dos principais defensores de seu estilo em campo. E isso diz muito sobre a relação entre os dois maiores nomes do Brasil na Rússia.
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"Quando ele [Emerson Sheik] foi expulso, o Neymar levantou e estava bom. Ou eu vi alguma coisa errada, gente? Perder ou ganhar é do jogo, faz parte. Mas simular? Simular situação, levar vantagem. Isso é mau exemplo para quem está vendo o jogo, para o meu filho, para quem está crescendo", esbravejou Tite à época, citando a semifinal da Copa Libertadores daquele ano.
Na última segunda (2), Tite falou novamente sobre o jogador, mas agora com um tom diferente. "Neymar joga bola. Não pisa, e pisaram nele. Eu estava do lado, e vi de novo pela televisão. Não precisa falar, é só olhar. Ele tem de jogar bola, eu falo, a direção fala, o árbitro apita. Cada um faz a sua e vamos embora", disse, ao responder críticas de Juan Carlos Osorio no duelo contra o México, citando um pisão de Layun, e evitando mais polêmicas.
Tite não defende a simulação, tão atacada por ele e Osorio, mas o treinador da seleção passa longe do caso e se coloca ao lado de Neymar, apoiando um estilo de jogo que chama as faltas de adversários e suas consequentes quedas.
O posicionamento é uma ruptura com suas ideias iniciais. Não só no episódio de 2012, mas até dias antes de assumir a seleção, Tite não era dos maiores fãs de Neymar. Críticas ao jogador eram comuns nas conversas com pessoas próximas. E se o atacante não mudou seu estilo de lá para cá, o treinador ajustou sua percepção.
"Eu fico muito à vontade de falar a respeito do Neymar, porque eu reclamei que ele caía demais e eu abri a boca para vocês. E disse isso a ele. Tinha restrições. Coisa que a ida para o Barcelona ajudou muito. O convívio com Xavi, com Messi...", disse Tite ao UOL Esporte, no começo deste ano.
Como boa parte daqueles que trabalham com o craque, passou a entender a posição. A mudança na avaliação se deu antes mesmo do primeiro jogo com Neymar sob seu comando. Nas Olimpíadas de 2016, quando Rogério Micale dirigia a equipe, se surpreendeu com a influência positiva do jogador no jovem grupo.
Ao assumir de fato a seleção, no duelo contra o Equador pelas Eliminatórias, Tite confirmou a primeira impressão. Viu um Neymar unânime entre os companheiros e começou a "trocar de lado" em seu posicionamento. Tite deixava o time daqueles que atacam Neymar e buscava entender os motivos para tanta perseguição. De início, protegeu o craque. Atendeu ao pedido de deixar a braçadeira de lado e tirou o camisa 10 do foco.
Assim também vem fazendo ultimamente. Ainda que Neymar seja um líder do grupo, o treinador não quer vê-lo no meio do fogo cruzado. Sem a capitania, o atacante não tem a obrigação de ir às entrevistas coletivas. Quanto menos exposição, melhor - na visão do comandante.
No último jogo, quando Osorio o atacou, tomou a palavra. "Temos de respeitar a hierarquia. Técnico fala com técnico", disse. Em 2012, o técnico do Corinthians falou com o jogador do Santos.
A preocupação de Tite agora é com a relação com a arbitragem. No segundo jogo da Copa, contra a Costa Rica, Neymar recebeu cartão amarelo por reclamar das faltas sofridas. E agora encontra-se pendurado às vésperas do duelo decisivo contra a Bélgica. Uma nova punição o tiraria da semifinal.
"A responsabilidade dele é jogar, felizmente ele está entendendo e acatando. Quando gastamos energia em outras situações que não seja jogar, ele perde o foco. Ele gosta de jogar, gosta do drible, às vezes tem incompreensão dos adversários porque é muito ágil, rápido. É pecado driblar no último terço? Buscar jogada individual? O técnico busca isso", defendeu Tite, mais uma vez.
Neymar entendeu o recado. Contra Sérvia e México, mesmo caçado, buscou se afastar das discussões e não se envolveu em polêmicas com adversários e árbitros.
Toda a relação de proteção do chefe com seu comandando forjou uma relação de respeito. A animosidade de 2012 já não se faz mais presente. Neymar também acabou se tornando um dos maiores defensores de Tite, não se cansando de repetir aos mais próximos a admiração pelo técnico.
Experiência com jogadores polêmicos
O bom trânsito com jogadores questionados não chega a ser novidade para Tite. No próprio Corinthians, Emerson Sheik, sempre criticado por adversários e no centro de confusões, desenvolveu boa relação com o treinador.
Assim como no caso de Neymar, Tite "abraçou" o atacante corintiano e passou a defendê-lo. A admiração se tornou mútua. O lateral direito Edilson, que defendeu o Corinthians entre 2015 e 2016, também entrou nessa lista.
Campeão mundial com Sheik em 2012, Tite tenta o maior título da carreira agora ao lado do "protegido" Neymar. Passada a polêmica com o México, treinador e camisa 10 voltam a campo na sexta-feira (6). O Brasil encara a Bélgica, em Kazan, pelas quartas de final da Copa do Mundo.
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