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Copa 2018

Arbitragem só deu um cartão por simulação em toda a Copa-2018

Edson Alvarez (MEX) recebe amarelo após falta em Neymar - AP Photo/Eduardo Verdugo
Edson Alvarez (MEX) recebe amarelo após falta em Neymar Imagem: AP Photo/Eduardo Verdugo

Rodrigo Mattos

Do UOL, em Moscou

05/07/2018 20h00

Enquanto imprensa, técnicos e ex-jogadores debatem simulações, a arbitragem da Fifa tem sido condescendente com os fingimentos por parte de jogadores na Copa-2018. Pelo sistema de estatística da entidade, só foi dado um cartão amarelo por simulação em todos os 56 jogos do Mundial. A atitude dos árbitros indica que são evitados cartões por pequenos atos disciplinares como este, apesar de estarem previstos nas regras do jogo.

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A discussão sobre simulações começou por conta de Neymar nos dois primeiros jogos do Brasil, quando ele teria exagerado os efeitos de faltas. O fenômeno, porém, está longe de estar restrito a ele: jogadores de Inglaterra e Colômbia protagonizaram uma série de fingimentos no jogo de oitavas de final. Antes dele, Pepe se jogou no chão após ser tocado no chão pelo marroquino Benatia.

Apesar disso, o único jogador punido com amarelo por simulação foi o sul-coreano Heungmin Son, em lance na partida contra a Alemanha. No total, foram dados 189 cartões amarelos no Mundial, além de outros dois que se transformaram em vermelho. O próprio Neymar tem um amarelo por arremessar a bola no chão, mas não por simulação.

No item 12 do "regra do jogo", a simulação é incluída entre os comportamentos antidesportivos puníveis com cartão amarelo. "Tentativa de enganar o árbitro fingindo uma contusão ou pretendendo ter recebido uma falta (simulação)".

Há um indicativo de que a Fifa orientou os árbitros a só punir com cartões em casos de indisciplina grave ou de faltas pesadas. Por exemplo, pelo protocolo do VAR (árbitro de vídeo), jogadores deveriam ser punidos por fazer o sinal do VAR para o árbitro, requisitando revisão do lance. O chefe da comissão de arbitragem, Pierluigi Collina, no entanto, informou que só deve ser dado o cartão se for feito o gesto de forma "arrogante". Não houve cartões para esse tipo de atitude até agora.

Em relação à disciplina, em entrevista coletiva, o comandante do departamento de arbitragem, Massimo Bussaca, afirmou que tem a impressão de que "o VAR é um grande método de prevenção. O jogador sabe que está sendo filmado", disse.

Não é o que têm observado técnicos e ex-jogadores. O treinador português José Mourinho criticou os ingleses pelas simulações diante da Colômbia: "Eu fiquei surpreso ver os zagueiros, como Harry Maguire, que normalmente é um cara muito honesto, se atirando dentro da área adversária". Colombianos como Falcão também exageraram golpes na cabeça ou caíram na área sem receberem faltas.

Neymar, por sua vez, foi alvo de críticas de ex-jogadores Gary Lineker, Peter Schmeichel e Lothar Mathaus, além do técnico mexicano Juan Carlos Osório.

Pelas regras do uso do VAR, o sistema não deve ser usado para simulações a não ser que seja um caso em que a marcação de pênalti tenha de ser anulada. O árbitro de vídeo não analisa casos de cartões amarelos, apenas vermelhos.

No discurso, a Fifa dá bastante importância ao fair play. Mas, na prática, seus árbitros têm feito vista grossa para várias atitudes antidesportivas. Com isso, o jogador, em campo, parece liberado para fazer o que quiser.

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