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Autor de best sellers defende Neymar: "Faz valer a pena assistir à Copa"

Firmino comemora seu gol após aproveitar chute de Neymar - Getty Images
Firmino comemora seu gol após aproveitar chute de Neymar Imagem: Getty Images

Do UOL, em São Paulo

05/07/2018 13h42

O autor americano Franklin Foer saiu em defesa de Neymar em um longo artigo publicado no The Atlantic nesta quinta-feira (5). Segundo ele, o brasileiro é "um gênio irritante que faz valer a pena assistir à Copa do Mundo" e que sofre com um público, formado principalmente por ingleses e americanos, que foi treinado para odiá-lo. 

"Sobrou um jogador transcendental nesta Copa do Mundo, um jogador em os olhos irresistivelmente seguem pelo campo - e, se você já o viu, é provável que você o odeie. Ou que pelo menos seja treinado para odiá-lo. Neymar é o tipo de ser humano que especialistas ingleses e americanos de futebol nasceram para desdenhar", escreveu.

Foer também destaca como o camisa 10 brasileiro é querido por seus companheiros de equipe e como eles parecer curtir seu sucesso. "Cristiano Ronaldo e Messi se foram e aqui está Neymar carregando o time agora favorito para vencer a Copa do Mundo. Contra o México, um de seus chutes foi defendido e sobrou para Roberto Firmino empurrar para a rede. Quebrando o padrão de comemorações, o time correu para abraçar e se jogarem em cima de Neymar, ao invés do cara que marcou o gol. O mundo pode considerar que Neymar seja mimado, mas seus companheiros têm prazer em satisfazê-lo", disse.

"Aproveitar o Neymar requer perdoar as crises de sofrimento exagerado. Primeiro, precisamos considerar sua vulnerabilidade física. Quando o joelho do defensor obstruiu o caminho de seu drible, ele é atirado no ar e cai como uma folha. Quando atingir o chão, ele fará seu rolamento característico. Para alguém com tão pouca massa, é incrível que ele consiga rolar tantas vezes", fala Foer.

Para o autor, o jogador do PSG representa o sonho brasileiro da volta do futebol-arte como foi com Pelé, Garrincha e Ronaldo. "É um pouco de pressão demais para se colocar em um rapaz de 26 anos. Não só a pressão para ter sucesso, mas a expectativa de que sua performance irá colocá-lo em um cânone de grandeza artística", explica.

Ele conclui dizendo que o que o craque brasileiro quer é nada mais do que se provar digno de ser o herdeiro de uma grande tradição. "Esta Copa do Mundo tem sido extremamente satisfatória, com mais do que sua parcela de surpresas de última hora. E, talvez, uma grande Copa do Mundo precise de um vilão para todos reclamarem contra. Ainda assim, ao invés de me juntar ao pânico moral contra Neymar, recomendo que apreciem seu estilo de jogo, sua falsidade e até seu egoísmo. Já que Neymar pretende alcançar algo maior do que um resultado", finaliza.

Além de ser redator do The Atlantic, o jornalista e escritor Franklin Foer, de 43 anos, é formado pela Universidade de Columbia, em 1996, e é autor do best  seller “World  Without  Mind: The Existencial Threat of Big Tech”, de 2017. Ele também já foi editor da revista americana especializada em política The New Republic, até 2010.