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Dirigente suíço cogita proibir dupla nacionalidade na seleção e cria debate

Granit Xhaka comemora gol da Suíça com símbolo albanês, na Copa do Mundo - Laurent Gillieron/AP
Granit Xhaka comemora gol da Suíça com símbolo albanês, na Copa do Mundo Imagem: Laurent Gillieron/AP

Do UOL, em São Paulo

06/07/2018 10h46

A polêmica a respeito dos gestos feitos por Xhaka e Shaqiri ao comemorarem seus gols pela Suíça contra a Sérvia, ainda pela segunda rodada da fase de grupos, continua viva. Agora ela chegou a um novo estágio, após o secretário-geral da Associação Suíça de Futebol (ASF), Alex Miescher, colocar na mesa de debates uma sugestão controversa.

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Em entrevista publicada nesta quinta-feira pelo jornal Neue Zürcher Zeitung, ele levantou a possibilidade de a entidade passar a exigir que os jogadores que quiserem servir à seleção suíça nas categorias de base abram mão de eventuais segundas nacionalidades. Quem quiser ser "suíço", no futebol, teria que comprovar que não tem outra nacionalidade.

A postura gerou forte repercussão. O jornal Blik fez uma espécie de editorial defendendo a ideia. "A questão não é sobre inflamar a xenofobia, não é sobre alguém ter que negar suas raízes. Trata-se de dar um passo adiante no debate sobre a integração. Em relação ao esporte: quem nasceu aqui (Suíça) e cresceu em nosso sistema esportivo não deve ter mais opções do que alguém que tenha apenas uma cidadania. É um absurdo que a ASF financie um treinamento caríssimo e o jogador seja comprado por alguns milhares de francos suíços por outra federação. Tal jogador age de forma egoísta e talvez tome o lugar de outro."

O jornal lembra que outros países, como a Áustria, exigem que os cidadãos que solicitem um passaporte austríaco abram mão da cidadania anterior, prática que não é adotada pela Suíça. "Isso seria um passo em frente em toda a política de integração. E sim, quem usa a camisa suíça é um embaixador para este país", continuou o Blik.

Já o Tages-Anzeiger chamou a ideia de "louca' e lembrou que ela não foi influenciada pelo fato de Ricardo Rodriguez ser filho de um espanhol e uma chilena, mas porque um grupo de atletas de origem albanesa chegou à seleção. "As questões estão sendo negociadas em todo o futebol, em todas as classes, e os políticos estão explorando a emoção por trás disso", critica o jornal.

"Aparentemente, a ASF sente agora muita pressão para agir. Não há outra maneira de explicar por que Miescher deu mais um tiro. O ex-piloto da Força Aérea não é suspeito de ser xenófobo, mas agora o político do FDP (partido de centro-direita) mostrou que quer testar a ressonância com essa iniciativa. 'Se todo mundo achar que é uma ideia maluca, então está tudo bem'. Sim, é uma ideia maluca porque não resolve os problemas complexos. E é um voto de desconfiança contra todos os jogadores com dupla cidadania", argumentou.

O debate é causado pela regra da Fifa que permite que um jogador que nunca atuou pela seleção adulta em competições oficiais mude sua nacionalidade esportiva. Caso ele tenha defendido uma seleção de base em competição oficial, ele só pode alterar sua nacionalidade esportiva para um país do qual ele já possuía cidadania na época da partida.

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