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Neymar mostra pouca maturidade aos 26 anos e falha em "missão Bola de Ouro"

Neymar sai do gramado cabisbaixo após eliminação do Brasil contra a Bélgica - Michael Regan - FIFA/FIFA via Getty Images
Neymar sai do gramado cabisbaixo após eliminação do Brasil contra a Bélgica
Imagem: Michael Regan - FIFA/FIFA via Getty Images

Danilo Lavieri, Dassler Marques, João Henrique Marques, Pedro Ivo Almeida e Ricardo Perrone

Do UOL, em Kazan (Rússia)

06/07/2018 21h16

Se a Copa 2018 se apresentou para Neymar como uma grande oportunidade de mudar sua história na seleção brasileira e subir um degrau na hierarquia entre os melhores jogadores do mundo, a eliminação nas quartas de final mostra que o camisa 10 não aproveitou essa chance de alcançar um objetivo que é sua obsessão. Embora tenha indicado um poder de decisão ao longo de seu crescimento no torneio, Neymar deixa a Rússia com só duas atuações realmente convincentes em cinco partidas e sinais de que não se tornou, pelo menos por enquanto, a grande estrela que projetou.

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A campanha na Copa mostrou sinais de que emocional e tecnicamente Neymar não conseguiu subir ao mesmo patamar de Ronaldo e Rivaldo em 2002 ou de Romário em 1994.

Na saída do vestiário da Arena de Kazan, após a derrota para a Bélgica, ele não cumpriu o roteiro que se espera de um jogador de seu quilate após uma eliminação. Diferentemente da grande maioria de outros jogadores importantes, seja quem jogou bem ou jogou mal, Neymar preferiu se calar. Repetiu o silêncio que marcou grande parte não apenas de sua participação, mas também da preparação para o torneio na Rússia. Abordado pelos jornalistas, não quis falar. 

Neymar deixa a Copa do Mundo como o único titular de Tite que não concedeu entrevistas coletivas, exceção feita a quando foi escolhido o melhor em campo no triunfo sobre o México, cumprindo um protocolo da Fifa.

Incomodado com questionamentos, o camisa 10 só falou em duas das cinco zonas mistas em jogos na Rússia, e sempre de maneira breve. A relação com a imprensa, evidentemente, não é o único ponto que mostra a dificuldade do principal jogador brasileiro em amadurecimento. 

Neymar reclama com o árbitro na vitória do Brasil sobre a Costa Rica - Christophe Simon/AFP - Christophe Simon/AFP
Neymar reclama com o árbitro na vitória sobre a Costa Rica
Imagem: Christophe Simon/AFP

Nos dois primeiros jogos, envolveu-se em discussões com a arbitragem e adversários e teve momentos de ansiedade e individualismo com a bola, além de receber um cartão amarelo perigoso. Ao fim da vitória sobre a Costa Rica, chorou dentro de campo e roubou a cena - acabou, de certa forma, repreendido por colegas como Marcelo e Thiago Silva.

Prejudicado pela primeira cirurgia da sua carreira a três meses da Copa do Mundo, Neymar teve as dores como um fator que dificultou seu melhor desempenho, mas mesmo assim conseguiu crescer dentro da competição. A atitude em campo ficou mais próxima do que Tite esperava a partir dos jogos contra Sérvia e México. Este jogo, em especial, encheu o jogador, autor de gol e assistência, de confiança e otimismo. 

A confirmação da projeção inicial da comissão técnica, que esperava por um Neymar inteiro no mata-mata, mostra que do ponto de vista físico, principalmente em ritmo, ele alcançou seu melhor nível. "O Neymar estava em uma franca evolução, chegando no ápice. Antes do jogo em que ele fez o gol [México], eu falei: Neymar, você voltou na plenitude. Antes do jogo, a gente via o desempenho e conseguia perceber quando a cabeça pensa e o corpo responde. Voltou acima do que eu imaginava", avaliou Tite. 

Entretanto, em meio a alguns sinais de que sentia dores, Neymar voltou a cair de rendimento contra a Bélgica. O atacante foi pouco criativo, apesar de participativo, mas vacilou em lances simples, como domínios e passes para companheiros próximos. Repetiu o hábito de pedir pênaltis em duas ocasiões e, na única ocasião em que conseguiu ameaçar a Bélgica, parou nas mãos de Courtois em conclusão da entrada da área.

A pouca participação no jogo decisivo é um banho de água fria no crescimento individual dentro da Copa do Mundo e, acima de tudo, na tentativa de subir o degrau que o separa, ainda, de Messi e Cristiano Ronaldo na hierarquia do futebol internacional. A irregularidade das últimas duas temporadas, no Barcelona e no PSG, se repetiu durante os jogos na Rússia, bem como a dificuldade em ser bem avaliado pela imprensa mundial, sobretudo da Europa. 

Neymar deixou a Copa como meme em publicações de clubes e empresas a respeito de sua postura dentro de campo, principalmente por culpa das reações exageradas a faltas recebidas, das discussões com a arbitragem e do estilo de jogo que muitas vezes transita de forma perigosa entre o senso coletivo e o individual, mais um sinal da imaturidade que ainda marca sua participação dentro e fora de campo.