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Alvo de piadas na web, Fellaini volta às origens e é decisivo contra Brasil

Marouane Fellaini durante o jogo entre Brasil e Bélgica - Laurence Griffiths/Getty Images
Marouane Fellaini durante o jogo entre Brasil e Bélgica Imagem: Laurence Griffiths/Getty Images

Vanderson Pimentel

Do UOL, em São Paulo

07/07/2018 04h00

Explosivo, violento e desengonçado. Marouane Fellaini vive com críticas por parte da imprensa desde 2013, por não ter feito sucesso no Manchester United como meia e nem como atacante. A quem critica a capacidade da talentosa geração belga, o jogador sempre foi o alvo principal das chacotas ao ser comparado com jogadores comuns e ao ressaltarem seu fraco domínio de bola. Mas no duelo contra o Brasil, o controverso atleta voltou às suas origens defensivas e foi a referência tática de Roberto Martínez na vitória de sua seleção por 2 a 1, que levou a equipe à semifinal da Copa do Mundo. Antes disso, já havia sido decisivo com o gol de empate na vitória sobre o Japão.

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Quando iniciou sua carreira em 2006, Fellaini atuava como volante no Standard Liège e também na seleção olímpica da Bélgica, que ficou na quarta posição em Pequim. Durante os últimos dez anos, o jogador passou a atuar mais à frente desde sua ida ao Everton, em 2008. Sua estatura de 1,94 m fez com que David Moyes o usasse como meia no Everton, e o levasse em 2013 para a equipe de Manchester.

Reserva utilizado durante os jogos para dividir bolas no jogo aéreo, o belga chegou a ser acusado de cuspir e dar cotoveladas em divididas com adversários. "Fui chamado de agressivo e de assassino. Há uma regra para mim e outra para os outros jogadores. Houve muitas vezes em que fui o vilão e não deveria ter sido. O que eu devo fazer se me puxam o cabelo? Soa como brincadeira, mas realmente dói", afirmou em entrevista à emissora Sky Sports em 2017.

No Brasil, os críticos da atual geração belga sempre escolheram Fellaini como o alvo principal das chacotas. Uma das contas principais do Twitter que "pega no pé" do belga é o Corneta Europa, conta com 42 mil seguidores que mistura humor com críticas a quem badala o futebol europeu.

Chamado de "caneludo", o nome de Fellaini se torna frequente nas contas dos torcedores no Twitter com tirações de sarro sempre que ele erra um passe ou quando decepciona ao ser chamado para decidir uma partida com a velha tática do "chuveirinho" (como é possível ver nos posts abaixo).

Apesar das polêmicas e trocas de posição de Fellaini desde sua ida à Inglaterra, o técnico Roberto Martínez viu nele o jogador com que poderia promover uma grande e inédita troca em seu esquema para o jogo contra o Brasil.

A entrada de Fellaini no lugar do ponta direita Mertens deu liberdade a De Bruyne (volante no antigo esquema 3-4-3) para armar o jogo e não se preocupar tanto com as subidas do Brasil. Sem a bola, a equipe recuava e passava a atuar num 4-3-3, em que Meunier, Witsel e o próprio Fellaini cercavam Neymar e Philippe Coutinho, e impedia ambos de tentarem fazer jogadas individuais. A marcação forte a partir do meio-campo também deixou Kompany e Alderweireld mais soltos, enquanto Vertonghen ficava como lateral pelo lado esquerdo.

No ataque, o posicionamento de Romelu Lukaku também foi mexido por Martínez. A saída de Mertens fez com que Marcelo subisse mais, deixando a defesa exposta. E foi justamente lá que o atacante ficou posicionado e constantemente tirou a atenção dos brasileiros. Focados em barrar os arranques do centroavante, que jogou mais longe da área, o sistema defensivo não prestou atenção na subida de De Bruyne pela direita aos 31 minutos do primeiro tempo, que teve espaço para ajeitar e fazer o segundo gol da Bélgica.

Fellaini foi um dos jogadores mais importantes da Bélgica no mata-mata desta Copa. Decisivo no ataque contra o Japão, o volante fortaleceu o sistema defensivo de sua seleção nesta sexta-feira (5), ajudando no bloqueio de jogadas individuais. De contrato renovado com o Manchester United até 2020, o jogador seguirá lidando com polêmicas. A cotovelada na cabeça de Neymar será lembrada, assim como sua importante participação contra o Brasil.

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