Ativistas criam arco-íris com camisas de seleções em protesto LGBT na Copa
Ativistas da causa LGBT usaram a criatividade para burlar a repressão ao movimento gay na Rússia e fizeram um protesto silencioso em Moscou durante a Copa. Eles escolheram pessoas de seis países para vestir camisas de seleções que correspondem às cores da bandeira do arco-íris, símbolo de sua causa. O grupo produziu fotos e vídeos nos principais monumentos da capital do país que criminaliza atos públicos de carinho entre pessoas do mesmo sexo.
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O amarelo do arco-íris foi representado pela camisa do Brasil. Coube a Eloi Pierozan Junior participar do protesto. Ele explica que o material foi exposto em uma galeria de arte de Madri no sábado e apresentado na parada gay da cidade, realizada neste fim de semana. Há várias imagens junto a policiais. O ativista explica que elas são propositais.
"O policial no mesmo quadro era para causar este contraste. A Rússia é um país de muita repressão neste sentido. Todo monumento que a gente foi, ou metrô, quando havia policial a gente quis fazer foto".
A ideia da manifestação é da Federação Estatal LGBT da Espanha e da Agência LOLA. A sacada surgiu no começo da Copa e os organizadores buscaram pessoas dispostas a viajar para Rússia. Eloi fala que todos foram orientados sobre o perigo que poderiam correr, mas não pensou duas vezes em aceitar.
"Sou uma pessoa que acredita que vale a pena lutar por algumas bandeiras. Sejam políticas, ou sexualidade. Quando a minha amiga me convidou, não pensei duas vezes em aceitar. Ela explicou e pensei: grande chance. Era um risco baixo e calculado. Em nenhum momento fiquei com medo".
Pedidos de cautela
O país que está sediando a Copa também é um país homofóbico. Antes de a competição começar, grupos enviaram mensagens ameaçadoras a entidades LGBT da Inglaterra dizendo que torcedores gays seriam esfaqueados se viajassem a Rússia.
No começo do Mundial, um ativista foi preso por segurar um cartaz na Praça Vermelha, em Moscou, pedindo providências do presidente Vladimir Putin em relação a agressões a gays da Chechênia. Ele foi levado pela polícia. Manifestações por direitos a homossexuais são crimes previstos em lei na Rússia.
Diante deste histórico, Eloi e os outros cinco ativistas foram orientados terem cuidado. "A gente foi bem cauteloso. No final das contas, foi tudo muito tranquilo. Houve vários pedidos de fotos (conosco) porque éramos de muitas nacionalidades diferentes. Vários russos pediram fotos. Mas, por orientação, nunca falamos o que estávamos fazendo."
De acordo com o brasileiro, os momentos de maior tensão eram a aproximação a locais com policiais. Eles chegavam em momentos diferentes para que não percebessem que o arco-íris estava se formando. As fotos e os vídeos foram feitos na semana passada. O sexteto se reuniu na sexta e trabalhou também no sábado e no domingo de manhã.
Choro pela situação dos gays russos
Eloi conta que eram até 16 horas participando da produção. Convidado por uma amiga que trabalha na Agência LOLA, ele diz que houve momentos em que não conteve o choro. “Quando sentava para gravar depoimento no fim do dia, em algumas horas eu chorei”.
Ele mora em Amsterdã, cidade com uma realidade completamente diferente. O brasileiro conta que recebeu mensagens pelo Facebook de gays russos e lamenta que estas pessoas precisem viver oprimidas e escondidas porque podem serem demitidas ou agredidas se revelarem que são homossexuais.
"Chorei várias vezes depois que saiu o material. Desde que lançaram, você não tem ideia de quanta gente veio no meu Facebook. Até gays russos. Isso não tem preço".
Eloi conta que não recebeu nada pelo trabalho e nem buscava ganhar qualquer coisa. Ele participou em favor de uma causa e acha que foi muito bem recompensado. "A gente não recebeu nada material, só carga de emoção que para mim tem muito mais valor".
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