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Mário Fernandes seguirá pouco conhecido dos russos, mas fecha Copa em alta

Mario Fernandes, da Rússia, comemora gol e empata partida com a Croácia na prorrogação - Kevin C. Cox/Getty Images
Mario Fernandes, da Rússia, comemora gol e empata partida com a Croácia na prorrogação Imagem: Kevin C. Cox/Getty Images

Julio Gomes

Colaboração para o UOL, em Sochi (Rússia)

08/07/2018 17h00

Mário Fernandes ficou a alguns centímetros de se transformar em celebridade nacional na Rússia. Mas como o futebol não é vivido tão intensamente no país e o lance em questão ficou do lado errado da trave, muitos russos devem continuar sem saber que um brasileiro de São Caetano do Sul foi o titular da lateral direita da seleção de seu país ao longo da Copa do Mundo.

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Depois de fazer, de cabeça, o gol do empate contra a Croácia, já nos minutos finais da prorrogação, ele bateu para fora o seu pênalti na disputa que acabou eliminando a seleção da casa. Não seria correto dizer que ele foi de herói a vilão, porque, para os russos, simplesmente não há vilões. Uma seleção que começou a Copa desprezada e chegou até as quartas de final.

“Claro que a gente queria ir mais longe, mas entramos para a história da Rússia por essa competição”, disse Mário Fernandes, após o jogo, em Sochi.

Mário Fernandes sorri na goleada da Rússia sobre a Arábia Saudita - Ryan Pierse/Getty Images - Ryan Pierse/Getty Images
Mário Fernandes sorri na goleada da Rússia sobre a Arábia Saudita
Imagem: Ryan Pierse/Getty Images

“Tem que aplaudir por tudo o que a gente fez. A gente não é melhor do que ninguém, é um grupo batalhador, que antes da Copa recebeu muitas críticas. A gente se fechou e, depois que começou, que ganhamos da Arábia Saudita de 5 a 0, as coisas mudaram. Todo mundo abraçou a seleção e foi muito importante esse apoio. A gente agradece o país, a torcida, que nos ajudou bastante, faz muita diferença.”

Liberado pelo técnico do CSKA Moscou, clube que defende desde 2012, Mário Fernandes volta ao Brasil após os quase 50 dias de concentração com a seleção. Vai ver a família, os amigos e descansar. Se vierem propostas após o bom Mundial, a tendência é rechaçá-las. “Minha vontade é continuar na Rússia. Gosto muito daqui”, diz.

O lateral-direito, que no passado recusou uma convocação para a seleção brasileira por problemas pessoais e acabaria não sendo mais chamado, disse que pediu desculpas aos companheiros no vestiário pelo pênalti perdido. Mas que todos disseram que não havia por que se desculpar. Sem dramatizar muito a situação, ele se apoia no feito de ter chegado longe no Mundial.

“Sempre fui assim, desde pequeno. Claro que estou triste por ter perdido, mas tem que entender que é futebol, é humano, tem que levantar a cabeça e seguir. Foi um momento de alegria na hora do gol e depois ali tinha que bater, não podia fugir dessa responsabilidade do pênalti. Acabei errando, mas isso não pode apagar tudo o que nós fizemos. Errar acontece, grandes jogadores já erraram pênalti, tem que ter a cabeça tranquila”, diz Mário Fernandes.

Ele, assim como os outros jogadores e o técnico, Stanislav Cherchesov, passaram pela zona de entrevistas em Sochi sob aplausos de jornalistas russos, voluntários e outras pessoas que trabalharam no estádio durante a Copa do Mundo.

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