Topo

Bélgica

Henry é assistente da Bélgica, não da França. Título de 1998 explica

Henry e Batshuayi conversam durante treino da Bélgica - AFP PHOTO / YURI CORTEZ
Henry e Batshuayi conversam durante treino da Bélgica Imagem: AFP PHOTO / YURI CORTEZ

Rodrigo Mattos

Do UOL, em Moscou (Rússia)

09/07/2018 04h00

Ao falar sobre a influência do francês Thierry Henry no time belga, o zagueiro Vermaelen não consegue conter um riso: “Sinto que ele está do nosso lado.” Ídolo da seleção francesa, Henry é auxiliar técnico do time belga que enfrentará justamente a seleção da França na semifinal da Copa-2018. Ou seja, viverá o conflito de lutar e torcer contra o time que sempre defendeu.

- Por que perdemos? Os fatores que contribuíram para a queda da seleção
- Perrengues na Rússia: de motorista dorminhoco a hotel de filme de terror
Copa mostra que árbitro de vídeo pode minar agressões e "malandragens"

Henry era comentarista de rede Sky Sports na Inglaterra em 2016 quando foi convidado pelo técnico Roberto Martinez para ser auxiliar-técnico da Bélgica. Entrou logo depois do técnico espanhol. Anteriormente, tinha feito um curso da UEFA para técnicos. Tinha 39 anos.

Em entrevista na época, Martinez afirmou que Henry "trazia coisas completamente diferentes para o time". Uma delas era uma mentalidade vencedora em uma seleção acostumada a ter bons jogadores, mas não a conquistar títulos.

E aí está a explicação de porque Henry está ao lado de Martinez e não de seu ex-companheiro de seleção Didier Deschamps na França. Em início de carreira no banco de reservas, o que Henry traz de melhor é a experiência de conquistas. Ele foi campeão mundial em 1998 e venceu a Eurocopa de 2000. A Bélgica não tinha ninguém como ele ao seu lado. Na França, Deschamps, ex-capitão e hoje técnico, viveu as conquistas com o ex-atacante.

Henry e Trezeguet na Copa de 1998 - AP - AP
Henry e Trezeguet na Copa de 1998: atacante era um dos mais jovens do time que conquistou o título em casa
Imagem: AP

Além disso, a maior influência de Henry é sobre os atacantes do time belga. Nos treinamentos, é possível vê-lo dando dicas a Hazard e Lukaku sobre o enfrentamento no um contra um. Diante do Brasil, Hazard ganhou dez dos dez duelos contra marcadores brasileiros. Em fotos no Twitter, fica clara a proximidade de Henry com Lukaku, com quem aparece em encontros sociais e entrevistas.

"Ele traz toda a experiência para o time. Ele é uma lenda no futebol. Os atacantes passam a ter bastante informação de quem conhece do assunto internamente", contou o meia Chadli.

Em campo, Henry mantém o físico similar ao da época de jogador, vestindo shorts e a camisa da comissão técnica. Levemente mais forte do que no período em que atuava, também ostenta uma barba. Continua como comentarista da Skysports, onde costuma usar elegantes ternos.

Henry não deu entrevistas durante a Copa, nem costuma falar muito sobre seu trabalho como assistente. Há uma expectativa de que, com a experiência ao lado de Martinez, siga a carreira de treinador no futuro. O próprio técnico espanhol disse que vê como provável esse futuro para o pupilo.

Houve especulações na Inglaterra de que ele poderia assumir no futuro o Arsenal, clube do qual foi ídolo. Por enquanto, sua tarefa é ajuda a Bélgica a bater justamente a França, seleção que defendeu no título de 1998 e que ajudou a levar a uma final de Copa do Mundo em 2006.

A ver qual será a reação de Henry no banco quando tocar a Marselhesa no estádio de São Petersburgo.

Bélgica