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Copa 2018

Bélgica e Croácia mostram ordem e caos na gestão do futebol, diz NYT

Kevin De Bruyne fez o segundo gol da Bélgica contra o Brasil - Frank Augstein/AP
Kevin De Bruyne fez o segundo gol da Bélgica contra o Brasil
Imagem: Frank Augstein/AP

Do UOL, em São Paulo

10/07/2018 11h45

Dois duelos nas semifinais. Duas seleções que podem chegar à final, e ao título, de modo inédito. Dois países que não estão entre as 50 maiores populações. E duas maneiras completamente distintas de gerir o futebol. Bélgica e Croácia podem guardar semelhanças nesta Copa, mas diferem na forma como administram o esporte.

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De um lado, os belgas exibem ordem, com a organização e o planejamento que levaram à composição da melhor geração de jogadores da sua história. De outro, os croatas mostram o caos, com a confusão e a improvisação nos campeonatos nacionais. A diferença na gestão do futebol nos dois países é tema, nesta terça-feira (10), de reportagem do jornal The New York Times, considerado um dos mais influentes do mundo.

A publicação conta a história das mudanças que conduziram a Bélgica a reunir os 23 atletas de uma das quatro melhores seleções desta Copa. Isso começou, segundo o jornal, há 20 anos, após a pífia campanha no Mundial da França, em 1998 —foram três empates e a eliminação na fase de grupos. Cartolas belgas viajaram o mundo e se preocuparam em estruturar as categorias de base e profissionalizar a gestão do esporte.

Jogadores de qualidade, como o atacante Romelu Lukaku, o meia Kevin De Bruyne ou o ponta Eden Hazard, foram surgindo aos poucos e integrados à equipe nacional. E o processo se desenrolou, mesmo sem o país conseguir organizar uma liga profissional forte. Seus atletas atuam em outros torneios europeus.

Ao mesmo tempo, o NYT descreve a situação do futebol da Croácia, em que integrantes da seleção cresceram durante ou logo após a guerra de independência contra a antiga Iugoslávia, mas com uma gestão que nenhum outro país toma como modelo. “Não há planejamento aqui. Não há instalações de última geração para reunir os melhores jovens jogadores em Zagreb e Split e Dubrovnik”, escreve o jornal.

O The New York Times afirma que dois dos maiores clubes do país estão imersos em problemas. O Hajduk Split declarou falência em duas ocasiões e o Dinamo Zagreb viu o ex-presidente Zdravko Mamic ser condenado a seis anos e meio de prisão por desviar dinheiro público e fraudar impostos.

Esses dois quadros tão distintos na administração do futebol, no entanto, trouxeram Bélgica e Croácia para o mesmo lugar: a semifinal de uma Copa do Mundo. E, mais do que isso, os dois pequenos países terão a chance de colocar o seu poder no esporte à prova diante de duas potências.

Em uma chave, a seleção belga enfrenta a França nesta terça, às 15h (no horário de Brasília), em São Petersburgo. Em outra, a equipe croata confronta a Inglaterra, na quarta (11), também às 15h (Brasília), em Lujniki.

O NYT diz que os dois estados de natureza fundamentalmente distintas, ordem e caos, talvez não sejam a fórmula do sucesso nem do fracasso. “É o mercado aberto do futebol, suas fronteiras porosas e, acima de tudo, sua arbitrariedade gloriosa que explicam melhor por que a Bélgica e a Croácia estão a dois jogos da imortalidade, enquanto nações maiores e mais ricas já foram desclassificadas há muito tempo.”

“Essa é a lição que ambos os países podem ensinar às nações que veem nelas um mapa a ser seguido, um projeto a ser adotado: que às vezes, não há sinal. Eventualmente, é apenas barulho”, conclui a reportagem.

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