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Os franceses insistem, mas Mbappé não quer ser Thierry Henry

Mbappé e Henry têm algo em comum: ambos surgiram no Monaco - Stéphane Senaux/AS Monaco
Mbappé e Henry têm algo em comum: ambos surgiram no Monaco Imagem: Stéphane Senaux/AS Monaco

Marcel Rizzo

Do UOL, em São Petersburgo (Rússia)

10/07/2018 04h00

Kylian Mbappé não quer ser Thierry Henry. Mas a comparação, para os franceses, parece inevitável. Primeiro porque os dois ganharam destaque atuando pelo mesmo time, o Monaco. Além disso, desde que Henry encerrou a carreira em em 2014, os franceses buscam um atacante para idolatrar. Acharam Mbappé.

Nesta terça, pela semifinal da Copa do Mundo. Mbappé e Henry estarão em lados opostos. Um será a principal arma ofensiva da França em São Petersburgo, o outro estará no banco de reservas como auxiliar técnico de Roberto Martinez na Bélgica.

Mas por que o jovem de 19 anos, que, assim como Henry, foi moldado no CT da federação francesa, em Clairefontaine, não quer ser comparado ao ex-atacante de 40 anos que tem no currículo, só com a seleção, o titulo mundial de 1998 e o europeu de 2000?

"Quero fazer a minha história", disse Mbappé recentemente. Uma resposta clichê, mas que faz sentido porque ele já está construindo um currículo próprio.

Mbappé está empilhando marcas. Aos 16, foi o mais novo a jogar pelo Monaco; aos 17, o mais novo a marcar pela equipa principal do Monaco; aos 18, tornou-se o atleta mais novo da liga francesa a fazer três gols na mesma partida, o chamado hat-trick, em um jogo contra o Metz; e é o segundo francês mais novo a marcar na Liga dos Campeões, atrás de Karim Benzema.

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Imagem: Lars Baron - FIFA/FIFA via Getty Images

Na Copa do Mundo da Rússia, herdou a 10 de Zidane, não a 12 de Henry, e faz bom desempenho, com um ponto alto na vitória de 4 a 3 da Argentina, quando teve atuação brilhante, talvez a melhor individual de um atleta no Mundial.

"Mbappé é um gênio. Uma esmeralda a ser lapidada", definiu seu parceiro de ataque na Rússia, o experiente Giroud, de 31 anos. Com expectativa alta, não se estranha que as comparações com Henry aconteçam, já que este é um dos grandes da história do país, no mesmo patamar de Just Fontaine, o goleador da Copa de 1958 com 13 gols, maior número em uma única edição.

Se Mbappé quer ser apenas Mbappé, Henry também parece se incomodar com a comparação. Ele não tem dado entrevista durante a Copa da Rússia, mas, em 2017, falou a um canal francês quando questionado sobre o fato de terem começado no Monaco, mas também apresentarem características físicas e de posicionamento em campo semelhantes.

"Eu não gosto de comparar jogadores. Mbappé tem que se tornar Mbappé e isso é tudo. Mas, na minha opinião, ele é bom, eu realmente gosto de vê-lo jogar. Eu o conheci, e ele me deu a impressão de que tem uma boa cabeça", disse Henry.

Apesar de aparecer garotinho ao lado de um Henry jovem em uma foto que corre pelas redes sociais, o francês nunca foi o ídolo de Mbappé. Em seu quarto, a imagem que decorava as paredes era de outro atacante, o português Cristiano Ronaldo.

Suas arrancadas, que se acentuaram na Rússia principalmente contra a Argentina, renderam também comparações com outro Ronaldo, o brasileiro conhecido como Fenômeno. Mas Mbappé também não quer ser Ronaldo.

"Não quero ser cópia de ninguém. Fico honrado [com todas as comparações], mas quero ter minha trajetória", disse em 2017, pouco depois de deixar o Monaco para se juntar a Neymar e Cavani no Paris Saint-Germain.

Do banco de reservas do estádio em São Petersburgo, Henry pode ver o nascimento do atacante que vai substitui-lo como próximo grande nome do ataque francês. Talvez, desta vez, não vá gostar do que vê.

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