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Copa 2018

Sem latinos, clima de Copa acaba na capital da balada na Rússia

Ruas vazias em São Petersburgo na noite anterior a primeira semifinal da Copa - Felipe Pereira
Ruas vazias em São Petersburgo na noite anterior a primeira semifinal da Copa Imagem: Felipe Pereira

Felipe Pereira

Do UOL, em São Petersburgo (Rússia)

10/07/2018 04h00

Ruas vazias, bares às moscas e nada da outrora tradicional fila para fotos com Zabivaka, mascote da Copa. São Petersburgo recebe a primeira semifinal nesta terça-feira sem clima de decisão. O desdém da cidade é tamanho que capítulos finais de novela têm mais expectativa.

A Fan Fest tinha uma placa que segunda-feira é dia de folga dos voluntários. Os franceses e os belgas não deram as caras. Nenhuma das duas torcidas está na lista dos 10 países que mais compraram ingresso. Terceiro nesta relação, os brasileiros que estão na cidade caminhavam pela principal avenida procurando um lugar animado para encostar e tomar uma cerveja.

Kolosh Payet era um dos poucos franceses perambulando por São Petersburgo e dizia que seus conterrâneos são mais reservados. Ele atribuiu a falta de clima de decisão a ausência de torcidas animadas da América Latina, como uruguaios, argentinos e brasileiros.

“Nós franceses somos discretos. Torcemos, mas não somos como outros países. Só vamos começar a festejar amanhã aos 89 minutos se estivermos vencendo o jogo”.

Payet (centro) diz que a falta de ânimo é consequência da ausência argentinos, italianos e brasileiros - Felipe Pereira - Felipe Pereira
Payet (centro) diz que a falta de ânimo é consequência da ausência argentinos, italianos e brasileiros
Imagem: Felipe Pereira

Mas o torcedor esperava encontrar muitos belgas nas ruas porque é a primeira vez do país em uma fase tão avançada da Copa do mundo. “Cheguei em São Petersburgo esta tarde imaginando que haveria milhares de belgas nas ruas. Além de primeira semifinal, eles não sabem quando irão tão longe de novo. Não estou entendo”.

Eliminação russa tem influência

O brasileiro David Luiz Ferraz já havia comprado ingresso para as semifinais e ficou surpreso com o que encontrou em São Petersburgo. Falou que foi a primeira vez que saiu com a camisa da seleção brasileira e passou batido.

Ele conta que no restante da Copa atendia 50, 100 pedidos de fotos por dia. O assédio aumentava se estava carregando uma bandeira. “Na Praça Vermelha (Moscou), eu cheguei a ficar 15 minutos no mesmo lugar com gente pedindo foto. Hoje, não foi nenhum. Estou até me sentindo carente”.

O torcedor acreditava que iria fazer festa com belgas e franceses na véspera da primeira semifinal e não compreende porque eles não viajaram para Rússia. David ressalta que brasileiros ganham em real e apareceram aos montes enquanto estes países recebem em euro e não precisam atravessar o mundo para ir à Copa.

José Galvão Alves acrescentou outra razão, a eliminação dos donos da casa. Ele acredita que a saída da Rússia desmobilizou os torcedores do país organizador. O torcedor afirma ainda que seria diferente com países latinos nas fases finais porque eles são mais apaixonados por futebol e têm espirito animado.

O clima de indiferença de São Petersburgo em relação ao Mundial é um imenso contraste com o que ocorreu nas últimas semanas. Foi na cidade que a Rússia bateu o Egito por 3 x 1, praticamente selando a vaga para as oitavas. As ruas ficaram tomadas de pessoas comemorando.

A notícia se espalhou e não paravam de aparecer torcedores que começavam a celebrar ainda no metro, enquanto se dirigiam para a avenida principal. Houve buzinaço até às 4h, pessoas carregando bandeiras e bares lotados.

Tudo parece passado e a impressão da noite de segunda para terça-feira é de que o efeito da mágica passou e a carruagem voltou a ser abóbora.

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