20 anos depois, é a Croácia quem vira jogo para maior feito de sua história
Como diz o ditado do esporte, “o futebol é bom porque você sempre tem a chance de dar a volta por cima”. Vinte anos depois de esbarrar nas próprias pernas em busca do rótulo de melhor do mundo, a Croácia transforma o sonho que durou um minuto em 1998 em realidade. Com uma vitória sobre a Inglaterra de virada por 2 a 1, o time de Luka Modric vinga a geração do ídolo Davor Suker. E, na Copa do Mundo em que surpresas viraram regras, a Croácia está classificada para a grande decisão.
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A inédita vaga teve contornos dramáticos. O time perdia até os 22 minutos do segundo tempo, quando Perisic empatou com uma voadora. O mesmo Perisic parou na trave em seguida. Depois, no primeiro tempo da prorrogação, Mandzukic marcou o gol da vitória. O resultado fez os croatas voltarem a experimentar sentimentos que só haviam vivenciado naquela semifinal disputada no estádio Saint Denis. A diferença é que, desta vez, todo a agonia se transformou em felicidade.
"Eu fui para a França e tinha apenas 17 anos, eu tinha um problema de família. É irrelevante discutir isso. Não joguei pelo primeiro time, e tenho boas memórias da França. Ninguém pode estar mais feliz para jogar contra França na final. Eu falei com a minha mãe, e ela disse que sonhou que a Croácia enfrentaria a França na final", disse Perisic após a partida.
Quis a história, inclusive, que os croatas tivessem a chance de disputar a final de 2018 justamente contra a França, algozes daquele 7 de julho. Também para os registros fica o recorde igualado pelos croatas de três disputas consecutivas de prorrogação em Copas, igualando justamente os ingleses, em 1990.
Em 1998, Suker, que hoje trabalha na federação local, abriu o placar no início do segundo tempo e fez os croatas sonharem com a inédita vaga na decisão. O sonho durou 60 segundos: mal terminou de comemorar, e o então atacante viu sua defesa entregar a bola para os franceses, que empataram o jogo com Thuram e comemoraram aliviados.
A pressão, então, passou a ser da França, que conseguiu converter a superioridade em vitória com outro gol de Thuram. A vaga na final também permitiu à França a conquista histórica. Não só pelos 3 a 0 em cima do Brasil, mas também por marcar a primeira conquista da história da geração que ficou marcada por Zinedine Zidane.
Desta vez, a Inglaterra, que sonhava em voltar à final pela primeira vez desde 1966, abriu o placar logo no início do jogo com gol de falta de Trippier, que nunca escondeu a inspiração em Beckham. O “time da Rainha” parecia caminhar, sob escolta de sua torcida, que não parava de cantar nem por um segundo, a passos largos para a realização do sonho da decisão. Aos 22 minutos, Perisic usou habilidades quase que de artes marciais para adiantar a marcação e vencer Pickford para empatar.
O silêncio sepulcral dos ingleses atingiu até a banda que contava com tambores e trompetes. O “Football is coming home”, tema da Eurocopa de 1996 e que virara tabu justamente pela derrota nos pênaltis com erro do hoje técnico da seleção Gareth Southgate, voltou a ser pesadelo. Apenas o “England” era ouvido - e de maneira tímida – nas arquibancadas.
Na prorrogação, a tensão tomou conta de todos. Na mesma medida que os atletas exibiam nervosismo na hora de finalizar os lances, torcedores preferiram não desgrudar as mãos que se juntavam em sinal de reza. Até mesmo Modric, líder técnico da Croácia, mostrava que as pernas pesavam.
A concentração teve um breve momento de “quase” com Stones. Em jogada aérea, o atleta do City conseguiu subir o suficiente para desviar a bola do goleiro da Croácia e, ao aterrissar após o salto, já caminhava para comemorar. Ele não contava com Vrsaljko, em cima da linha, para evitar o que seria o início do fim do sonho croata aos 10 minutos do 1º tempo do tempo extra.
O jogo se arrastava para os pênaltis, quando Mario Mandzukic aproveitou bola espirrada dentro da área e chutou cruzado para garantir o até então improvável.
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