Topo

França

De Zizou a Grizou, França vai à decisão da Copa sem um camisa 10 clássico

Paul Ellis/AFP Photo e Franck Fife/AFP Photo
Imagem: Paul Ellis/AFP Photo e Franck Fife/AFP Photo

Marcel Rizzo

Do UOL, em Moscou

13/07/2018 04h00

As duas últimas gerações de sucesso da França foram comandadas por dois legítimos camisas 10, o meia que conduz o time e dá ritmo ao jogo. No domingo, os franceses podem levantar o bi mundial sem um um atleta com essas características. O mais próximo a isso é o meia-atacante Antoine Griezmann, que no esquema de Didier Deschamps atua na ponta.

Por que perdemos? Os fatores que contribuíram para a queda da seleção
Perrengues na Rússia: de motorista dorminhoco a hotel de filme de terror
Copa mostra que árbitro de vídeo pode minar agressões e "malandragens"


"Grizou [apelido de Griezmann] rima com Zizou. Então se pudéssemos ter o dois em campo nessa final, se pudéssemos trazer ele de volta (Zidane], seria algo maravilhoso. Mas Griezmann, na sua função, ajuda demais esse time", disse o volante Pogba.

Zizou, ou Zinedine Zidane, liderou a França em 1998 ao primeiro título Mundial, na Copa disputada em solo francês. Dois anos depois, levou também a Eurocopa, torneio que 16 anos antes havia sido levantado por uma outra França que tinha um camisa 10 como ícone, Michel Platini.

A geração de Platini conquistou o primeiro título relevante para a França, o europeu de 1984, dentro de casa, batendo na final a Espanha por 2 a 0. Mas fracassou em duas semifinais de Copa do Mundo: em 1982 e em 1986 parou na Alemanha, então Ocidental (o país ainda estava dividido). Nem o talento de Platini resolveu, e em 1987, quando a França nem conseguiu se classificar para a Euro do ano seguinte, na Alemanha, ele encerrou a carreira na seleção.

Zidane estreou pela França em 1994, ano em que houve a Copa do Mundo dos EUA, torneio que os franceses não disputaram. A transição entre uma geração vitoriosa e outra demorou quase anos, mas a de Zizou brilhou. Campeão mundial em 1998, batendo na final o Brasil por 3 a 0, da Euro em 2000, ganhando de 2 a 1 da Itália, e vice do Mundial de 2006, perdendo a decisão nos pênaltis para os italianos.

Apesar de ter sido expulso, ao dar uma cabeçada no italiano Materazzi na final, Zidane encerrou naquele Copa sua grande trajetória com a camisa azul francesa -- sua atuação na vitória de 1 a 0 sobre o Brasil, nas quartas de final, foi individualmente uma das maiores da história das Copas do Mundo.

A troca de gerações, dessa vez, demorou um pouco mais. Doze anos depois daquela finalíssima na Alemanha, a França volta a final com três jogadores considerados acima da média: um é volante, Pogba, revelação da Copa de 2014 mas que vive altos e baixos na carreira deste então. Um atacante de 19 anos, Mbappé, que tem a velocidade e a habilidade como armas, e é o grande candidato a estrela desse grupo. Por isso talvez use a 10, apesar de não ter nem de perto as características de Platini e Zidane.

E com a camisa 7 está Griezmann, que também está longe de ser um meia clássico, mas em alguns momentos de jogo é que cara que para a bola e desafoga a França sob pressão. Por isso que Pogba disse que talvez o mais próximo que esse time tenha de um meia que pare e pense.

"Tento ajudar a equipe da melhor maneira possível, independentemente de como jogar. Montamos um time forte, sem alguém que apareça mais. Isso é importante", disse Griezmann logo após a vitória contra o Uruguai, nas quartas.

Didier Deschamps armou uma França que gosta de contra-atacar, e quando tem a bola vê Pogba o jogador para colocar os atacantes em situação de gol. O volante tem feito bem isso, com passes precisos principalmente para Mbappé. No fundo, na maneira que joga a França, poderia ser Pogba o 10 clássico.

França