Oito anos após virar piada na África, Joel curte Copa "escondido" na Rússia

Joel Santana não chegou a participar da Copa do Mundo da África do Sul, em 2010, mas ficou marcado pela passagem à frente da seleção local e virou um personagem daquele Mundial, ainda que fora dos campos. Com seu inglês pouco compreensível, deixou a equipe em 2009, mas ainda no ano seguinte faturava com comerciais e ações por conta de suas entrevistas caricatas. Oito anos depois, agora na Rússia, o treinador curte o torneio. Mas desta vez longe dos holofotes.

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“Escondido”, como o mesmo define, Joel vem cruzando o país-sede do Mundial. Após seguir o Brasil até as quartas, ele assistiu à semifinal entre França e Bélgica em São Petersburgo e depois partiu em busca de um ingresso para ver a final em Moscou, onde desembarcou na noite da última quarta-feira (11).

A rotina é bem diferente de outras épocas, quando faturava milhões e tinha camarote e muito luxo à disposição. Discreto, Joel viaja pela Rússia acompanhado de Jorge Rodrigues, empresário, amigo de longa data e ex-dirigente do Flamengo. O filho de Jorge também acompanha a dupla.

Procurado pelo UOL Esporte diversas vezes para comentar o que vinha assistindo no Mundial e falar sobre sua viagem, o treinador fez mistério.

“Eu estou escondido, tipo nas cavernas. Não posso falar mesmo. Tem uma questão de trabalho aí, contrato, preciso ficar calado. Estou vendo a Copa sem fazer barulho. Depois vocês vão entender. É coisa mais para frente”, despistou.

“Agora eu não posso falar. Estou nervoso aqui correndo atrás de um ingresso para mais tarde. Está difícil para o Papai”, brincou Joel, no dia do duelo semifinal entre Bélgica e França, em um dos diversos contatos com a reportagem.

De fato, Joel Santana não queria chamar a atenção. O que ele não conseguia evitar era o assédio. Seja em Rostov, Kazan, Moscou ou São Petersburgo, o treinador atraiu brasileiros em busca de uma foto. E de uma piada.

Novos problemas com a língua

A passagem do "Natalino" pelas cidades russas também ficou marcada pelos contratempos por causa da dificuldade na comunicação. Em Samara, divertiu os presentes em um restaurante ao tentar fazer com o que o garçom mudasse o canal da televisão no local.

O funcionário informava que a TV já transmitia uma partida de futebol, mas o treinador queria mesmo era assistir a uma prova de Fórmula 1. “Não, não”, repetia, tentando imitar o som de um automóvel em alta velocidade. “Vrum, vrum, vrum...”, completava, com os punhos estendidos, como se estivesse dirigindo.

Discreto na Rússia, presente no Brasil

Discreto na Rússia, Joel não anda tão discreto no Brasil. Especialmente na televisão e em peças publicitárias. Ainda queridinho do mercado após sua marcante passagem pela África do Sul e suas gafes com a língua, o treinador marca presença em grandes campanhas no período de Copa.

É comum esbarrar com o rosto de Santana em propagandas da rede de cursos de inglês “English Live”, ao lado de Tatá Werneck, e em peça das Lojas Americanas, desta vez ao lado do ex-jogador e tetracampeão Raí.

Na Copa, no entanto, Joel segue quieto. E prometeu assim ficar até a final. Para França x Croácia, o carismático treinador repetirá o roteiro: no meio da torcida e evitando os holofotes em suas aparições públicas.