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Croácia comprova poder feminino na Copa e emprega mais mulheres que homens

Iva Olivari, chefe da delegação da Croácia na Copa do Mundo - Reporudção/Twitter Iva Olivari
Iva Olivari, chefe da delegação da Croácia na Copa do Mundo Imagem: Reporudção/Twitter Iva Olivari

Luiza Oliveira e Pedro Ivo Almeida

Do UOL, em Moscou (Rússia)

14/07/2018 17h08

A Croácia já chamou a atenção do Mundo. Não só pela chance de ser campeã da Copa pela primeira vez diante da França neste domingo, no estádio Luzhniki. Mas também por colocar as mulheres onde nunca haviam estado no futebol. A seleção que tem Iva Olivari no cargo de gerente não para por aí. A federação croata emprega mais mulheres do que homens e algo é definitivo por lá: elas têm muita voz.

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O quadro de funcionários da seleção croata é equilibrado, algo raro em qualquer setor da sociedade, e chega a ter uma vantagem para as mulheres. São 28 funcionárias contra 25 funcionários. Só a equipe de Iva  Olivari tem 16 mulheres. Para se ter uma ideia, o time brasileiro que foi à Rússia tinha apenas uma mulher entre os 64 integrantes: a médica Andreia Picanço, assistente de Rodrigo Lasmar.

Croácia comemora classificação para a final - AFP/Kirill KUDRYAVTSEV - AFP/Kirill KUDRYAVTSEV
Croácia comemora classificação para a final. Preste atenção ao grande número de profissionais mulheres presentes na foto: federação croata é destaque na integração
Imagem: AFP/Kirill KUDRYAVTSEV

A sociedade croata de uma forma geral já mostra uma evolução em relação a outros países no que diz respeito à igualdade de gênero. Já é parte da cultura que se dê mais chances a mulheres em cargos nas empresas, assim como também apostam mais em pessoas acima dos 30 anos. Não à toa a presidente do país é Kolinda Grabar-Kitarovi?, que se tornou sensação na Copa do Mundo.

Na seleção, isso também faz parte de uma política pessoal de Iva e do presidente Davor Suker. Membros do estafe croata relataram ao UOL Esporte que consideram essa química importante para o bom funcionamento da seleção. “Elas mandam muito muito, têm muita voz”, disse um deles.

Para eles, as mulheres trazem uma energia diferente, com mais calma, um instinto maternal e tornam o ambiente mais familiar. A seleção tenta viver de acordo com o slogan da atual campanha da Copa do Mundo que usa a #family.

A prova disso de como são respeitadas é que ocupam cargos no alto escalão, sendo dois deles entre como chefes de departamentos na Federação. Ivancica Sudac é chefe do departamento de licenciamento internacional e Ruzica Bajric é a responsável pela área de finanças.  

Nesta semana, em uma foto tirada ainda no campo logo após a classificação à final contra a Inglaterra, chamou atenção a presença de três mulheres celebrando com os atletas e muitos se perguntaram quem seriam elas. Deveria ser uma cena simples, mas ainda é quase impossível ver mulheres no gramado que não sejam familiares de atletas. Por isso, é importante ressaltar cada uma. Apareceram na imagem, da esquerda para direita, Nika Bahtijarevic, assessora de imprensa assistente, Helena Puskar, coordenadora de eventos, e Koraljka Petrinovic, gerente de marketing.

Uma seleção na final da Copa do Mundo com tanta participação feminina comprova o protagonismo das mulheres no Mundial. Na Rússia, vimos a conquista de cargos importantes como Fatma Samoura, que é Secretária Geral da Fifa, a presença nas arquibancadas de mulheres que são proibidas de irem a estádios em seu próprio país e até as respostas firmes aos casos de assédio.

Mas claro que nenhuma caminhada é galgada sem percalços, principalmente quando se fala de uma sociedade machista. Em 2014, a Croácia contava com quatro mulheres na delegação que foi ao Brasil disputar a Copa do Mundo - Iva e mais três subordinadas.

O UOL Esporte apurou que este número seria ainda maior. Iva e sua equipe estiveram próximas de ter uma mulher para o cargo de TLO, que é a pessoa que faz o meio de campo da delegação com a Fifa como uma espécie de Relações Públicas. Mas na época a Fifa dava preferência a homens para atuar como TLO e tradutores. Esses cargos nas 32 seleções eram ocupados por membros do sexo masculino.

Diante da resistência da Fifa, a mulher que ocuparia a vaga então a cedeu para o seu filho, o brasileiro Danilo Pavicic. Ele ficou com o lugar de sua mãe e foi contratado. Com bom trânsito e conhecimento de futebol, agradou o presidente Suker e Iva na comissão croata e continua no cargo. Mas com muito mais mulheres à sua volta.

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