Croatas em São Paulo sofrem no jogo mais inesperado de suas vidas
O lugar era o mesmo, mas claramente algo diferente rolava lá dentro: a sede da SADA (Sociedade Amigos da Dalmácia), na Zona Leste de São Paulo, tinha seguranças, polícia e congestionamento em sua porta hoje cedo.
No começo da Copa, é possível que nem vizinhos soubessem que torcedores da Croácia se reuniam ali. Neste domingo, não é exagero dizer que o prédio antigo de dois andares foi o centro das atenções na capital paulista.
Entre descendentes de croatas, simpatizantes e croatas “raiz”, cerca de 450 pessoas compareceram para assistir o que provavelmente nenhum deles jamais havia imaginado na vida: a Croácia disputando uma final da Copa do Mundo.
Quando o UOL Esporte esteve no local (referência para imigrantes croatas desde os anos 50) para o jogo das oitavas de final contra a Dinamarca, o público, apesar de animado, foi de 80 pessoas.
Então, teve muita festa e dança depois da classificação suada. Mas era bem pouco plausível que estaríamos de volta dali duas semanas para o jogo mais importante do torneio. Não à toa, por mais frustradas que estivessem as pessoas com que a reportagem conversou, ficou claro se tratar de um dia especial para todos ali.
Até o embaixador da Croácia em São Paulo, Željko Vukosav, apareceu. Ele assistiu ao primeiro tempo lá e depois partiu para outro encontro de croatas no bairro do Jabaquara.
Claro que teve choro e bronca com a arbitragem, um xingamento aqui e ali, gente mais interessada nos comes e bebes croatas do que na partida. Enfim, se tirado do contexto, um encontro comum de torcedores.
Só que tinha contexto. Talvez, daqui a décadas, os croatas que se reuniram hoje lembrem deste dia do mesmo jeito que um torcedor húngaro lembra da final de 54: algo tão distante e impensável que nem parece mesmo que aconteceu.
Ou talvez não.
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