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"Cascavel", França é campeã da Copa do Mundo com futebol pragmático e fatal

Do UOL, em Moscou (Rússia)*

15/07/2018 14h02

Um time que sabe esperar o momento de ser fatal. A França da Copa-2018 não teve o futebol mais bonito de um campeão mundial, mas foi eficiente. Como uma cascavel, sabia o momento certo de dar o bote e definir a partida.

Copa 2018: Assista aos gols de França 4 x 2 Croácia

Contra a Croácia, deixou a bola para o adversário (61% de posse para o rival neste domingo), o que fez na maior parte da competição: foram quatro jogos com menos posse de bola nas sete partidas disputadas (contra Austrália, Dinamarca e Uruguai). Os primeiros minutos deram a impressão que, talvez, o cansaço não afetasse o futebol dos croatas. A bola zanzou pela área francesa. Ao fim foram 15 chutes a gol para a Croácia, e oito para a França (metade deles entrou). E demorou apenas 18 minutos para o "beijo" francês acontecer.

Foi numa jogada que mostra o pragmatismo desse time de Didier Deschamps: bola alçada na área. A França fez gols em seis partidas das sete que disputou no Mundial (só não anotou no jogo sem graça contra a Dinamarca, o 0 a 0 da última rodada da primeira fase). Em quatro abriu o placar em jogadas aéreas. Foi assim no cruzamento de Griezmann para o gol contra de Mandzukic.

No esquema francês, sem um jogador, por exemplo, como Modric, que controla a bola e dita o ritmo de jogo, o ideal é esperar o rival e usar a velocidade de Mbappé e o bom passe de Griezmann, Matuidi e Pogba para fluir. Contra o Uruguai, nas quartas de final, por exemplo, quando precisou ter a posse de bola porque o rival era quem estava na defesa, a bola parada resolveu novamente - gol de cabeça de Varane que abriu o marcador.

Há também o quesito sorte (qual time campeão não conta com isso?). Na final, a Croácia empatou aos 28 minutos, com Perisic, e continuou martelando. Jogadores mais jovens do time francês, como Pavard e Lucas Hernández, ambos com 22 anos, pareceram sentir e perderam bolas fáceis. Quando saiu o pênalti, mão na bola de Perisic (que precisou do VAR pra ser anotado), parecia que a pressão da Croácia faria estrago. Mas Griezmann fez o 2 a 1 e o time voltou a jogar tranquilamente em seu esquema "espera que a gente resolve".

E os bons de bola resolveram no segundo tempo - sim, o time tem bons jogadores de futebol, não é só pragmatismo que faz um campeão do mundo. Primeiro Pogba, num chute colocado e com jogada que teve o toque preciso de Griezmann. Depois Mbappé, mostrando que não tem só velocidade, mas também habilidade, deixando os zagueiros sem rumo e chutando forte.

A falha de Lloris, no gol de Mandzukic, não desestabilizou o time, que manteve a tática, e ainda teve chances de contra-atacar e até aumentar. Deschamps entra no seleto grupo de jogadores que foram campeões do mundo como jogador (em 1998) e técnico, ao lado de Zagallo (1958 e 1970) e Beckenbauer (1974 e 1990). Como bom volante que foi, sabe que pode ser importante defender bem, E que normalmente se lembram mais de times que vencem, não daqueles que jogam bonito e fracassam.

*Reportagem de Danilo Lavieri, Dassler Marques, Julio Gomes, Luiza Oliveira, Marcel Rizzo, Pedro Ivo Almeida e Rodrigo Mattos

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