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Copa 2018

França faz dois gols controversos e só um tem VAR, que ressurge na final

Griezmann comemora segundo gol da França na final da Copa do Mundo - KAI PFAFFENBACH/REUTERS
Griezmann comemora segundo gol da França na final da Copa do Mundo Imagem: KAI PFAFFENBACH/REUTERS

Do UOL, em Moscou*

15/07/2018 13h53

Tudo o que a Fifa queria era evitar os grandes erros, tirar as arbitragens do foco nesta Copa do Mundo com a introdução do VAR (o árbitro auxiliar de vídeo). Não vai conseguir. Justamente a final, vencida pela França por 4 a 2, foi marcada por lances polêmicos nos dois primeiros gols franceses, de pura interpretação e que reabrem a discussão sobre o uso do VAR.

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A regra é clara. O VAR só entra em ação em casos específicos: em erros na marcação ou não de gols, em decisões sobre pênaltis, problemas na identificação de jogadores e expulsões. O árbitro de vídeo não "apita" nada. Apenas avisa o árbitro de campo, que pode seguir a orientação recebida pelo rádio ou decidir analisar o lance na lateral do campo.

O primeiro gol da França é originado em uma falta inexistente marcada pelo árbitro argentino Nestor Pitana sobre Griezmann, que se joga antes de haver qualquer contato. Em teoria, não é lance para o VAR, é um erro do árbitro de campo. Porém, do lance, sai o gol - Griezmann cruza na área e Mandzukic toca para trás de cabeça, fazendo o primeiro gol contra da história das Copas.

Portanto, como não analisar a falta mal marcada se ela acabou sendo essencial para o gol?

O goleiro Iker Casillas, que levantou a Copa do Mundo para a Espanha, em 2010, foi um dos que fizeram o questionamento nas redes sociais. "Sinceramente, não entendo muito bem o uso do VAR. O árbitro apita una falta que não é sobre Griezmann. Gol da França nesta ação. E não se faz nada", escreveu Casillas.

No mesmo lance, Pogba poderia estar impedido no momento do lançamento da bola à área - a jogada é milimétrica. Ele disputa o lance pelo alto, o que talvez tenha forçado o toque para trás de Mandzukic. A Fifa diz que lances de impedimento não geram margem para interpretação - são ou não são. Neste caso, o lance é puramente interpretativo - Pogba interfere ou não na jogada? Apesar da dúvida, o VAR não acionou Pitana para que ele revisse a jogada.

Após o empate da Croácia, a França voltou a tomar a vantagem no marcador com um gol de pênalti de Griezmann. Esse sim, com o auxílio do VAR.

Após cruzamento na área, a bola toca no braço de Perisic. Na jogada, Pitana não apitou nada. Avisado pelo árbitro de vídeo de que poderia ter havido pênalti, foi ao monitor, revisou o lance e decidiu marcar.

Antes do início da Copa, o chefe da arbitragem, o suíço Massimo Busacca, havia deixado claro que o VAR deveria ser usado somente para evitar grandes erros, e não a reinterpretação de lances corriqueiros no jogo - algo que se repetiu na Copa, principalmente na primeira fase.

Na lateral do campo, os árbitros podem rever o lance em câmera lenta, uma outra polêmica do VAR. Os críticos do sistema dizem que, em câmera lenta, os árbitros podem ser induzidos a marcar mais infrações.

Com vantagem de 2 a 1 no placar, a França conseguiu fazer valer as pernas frescas e se aproveitar dos espaços deixados pelos croatas para ampliar a vantagem e ganhar a Copa do Mundo.

Nos minutos finais do jogo, Pitana ainda irritou os croatas com algumas decisões de campo e foi muito vaiado pela torcida do país vice-campeão.

*Reportagem de Danilo Lavieri, Dassler Marques, Julio Gomes, Luiza Oliveira, Marcel Rizzo, Pedro Ivo Almeida e Rodrigo Mattos

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