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Copa 2018

Bola parada, VAR, fim da posse de bola... Copa vai ditar tendência?

Kylian Mbappé comemora quarto gol da França diante da Croácia na final da Copa do Mundo de 2018, na Rússia - Carl Recine/Reuters
Kylian Mbappé comemora quarto gol da França diante da Croácia na final da Copa do Mundo de 2018, na Rússia Imagem: Carl Recine/Reuters

Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo

15/07/2018 20h00

Com a vitória por 4 a 2 da França sobre a Croácia neste domingo, em Moscou, a Copa do Mundo de 2018 chegou ao seu capítulo final. O torneio que coroou a seleção francesa foi palco de intensos debates. Recordes inusitados foram quebrados, tendências táticas apareceram e características distintas foram observadas. 

Todo Mundial tem suas particularidades, desde estratégias adotadas pelas equipes que encontram sucesso ao uso inovador de tecnologia para auxiliar a arbitragem. Algumas delas revelam caminhos que impactam o futebol de clubes nos anos seguintes, outras acabam esquecidas com o tempo. Com o fim da edição da Rússia, está aberto o debate sobre quanto da Copa de 2018 fica para os próximos anos.

Recordes foram quebrados na Copa das bolas paradas

Bola alta Croácia França - Kevin C. Cox/Getty Images - Kevin C. Cox/Getty Images
Jogadas pelo alto fizeram a diferença a favor dos franceses; tendência da Copa apareceu na final
Imagem: Kevin C. Cox/Getty Images

A Copa de 2018 destruiu, com alguma folga, o recorde anterior de gols de bola parada. Foram 70, superando os 62 da edição de 1998 na França. O número de pênaltis marcados, 29, também é o maior da história. O tema chamou a atenção da Fifa, que publicou uma análise, atribuindo parte fenômeno ao treinamento intensivo de árbitros e um aumento nas orientações de rigor nas marcações.

Se uma “turbinada” na arbitragem for o motivo por trás do aumento da importância das bolas paradas, não existe qualquer garantia de que o fenômeno se estenda a outras esferas e competições de clubes. A própria entidade máxima do futebol, entretanto, considera outras possíveis causas. Uma delas é o abandono da posse de bola por parte das seleções para focar na intensidade defensiva, gerando mais faltas, rebatidas e escanteio. Essa tendência já aparece nas competições europeias, e é outra marca da Copa.

Fim do fetiche de posse de bola, dando lugar às transições

As últimas duas Copas foram vencidas por seleções que tinham como ponto chave em sua estratégia manter a posse de bola: Espanha, em 2010 (64,1%) e Alemanha, em 2014 (66,7%). Em 2018, a realidade é diferente, com nenhum dos quatro semifinalistas atingindo marcas de 60%, nem entre as quatro seleções que mais tiveram a bola. A campeã França troca, em média, 4,3 passes nos lances em que balança as redes.

A Copa de 2018 confirma uma tendência nos últimos anos no futebol europeu. Na Euro 2016, Portugal levantou a taça com apenas 44% de posse de bola. O Real Madrid, por sua vez, venceu a última edição da Liga dos Campeões com média de 55,8% de posse, atrás de equipes como Manchester City, Barcelona, Bayern e Tottenham.

O VAR e a implementação de tecnologia de ajuda à arbitragem

VAR - REUTERS/Jorge Silva - REUTERS/Jorge Silva
Imagem: REUTERS/Jorge Silva

É difícil negar que o Mundial da Rússia foi a Copa do VAR. Primeira edição com a utilização de árbitro de vídeo, teve o uso da tecnologia até na final, na marcação do pênalti cometido por Perisic ao tocar a bola com a mão no primeiro tempo. Não é a primeira vez que uma tecnologia de auxílio a árbitros estreia em uma Copa. Da última, não pegou.

A edição do Brasil em 2014 teve uso inédito da tecnologia de linha do gol, usada para verificar se a bola cruzou completamente a linha em lances duvidosos. Quatro anos depois, ela só é usada nas maiores ligas europeias, casos da francesa, da italiana, da inglesa e da alemã. Isso indica que o VAR pode demorar a se popularizar ao redor do mundo.

A Copa das “ótimas gerações”, planejamento e investimento

Mbappe França - Carl Recine/Reuters - Carl Recine/Reuters
Mbappe, um dos grandes destaques da Copa do Mundo, apareceu na final
Imagem: Carl Recine/Reuters

A Bélgica virou meme no Brasil com o apelido “ótima geração”, e o intenso debate sobre a importância de planejamento e desenvolvimento de metodologias nas categorias de base. A realidade, entretanto, é que os belgas não foram os únicos representantes deste modelo a terem sucesso: dos quatro semifinalistas da Copa, três tem suas “ótimas gerações”, inclusive a campeã França.

França e Inglaterra são seleções vindo de reformulações, repletas de jogadores jovens e fruto de trabalhos de base nos clubes domésticos. Os ingleses tem a menor média de idade do Mundial; os franceses, a terceira menor. A exceção é a Croácia, com média próxima dos 30 anos (28). Clubes de ponta europeus já investem pesado em planejamento de base, mas a Copa do Rússia sublinha os frutos que ele pode render no palco máximo do futebol..

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