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Copa 2018

Pogba comanda a festa da França e puxa canto "zoeiro" para Kanté

João Henrique Marques

Colaboração para o UOL, em Paris (França)

16/07/2018 14h38

O meia Paul Pogba assumiu a liderança da zoeira na frente do palácio presidencial francês, onde a seleção se encontrou com o presidente Emmanuel Macron para celebrar o bicampeonato mundial.

Nesta segunda-feira (16), a festa estava seguindo o protocolo quando o meia do Manchester United, autor de um dos gols na final contra a Croácia, pegou o microfone e deu início ao seu show particular. Ele levantou o público, puxando canções conhecidas da torcida e fez até o presidente a cantar junto.

O momento mais curioso da tarde aconteceu quando Pogba chamou à frente do grupo o tímido N’Golo Kanté. Peça fundamental do esquema do técnico Deschamps, o volante é conhecido por seu acanhamento. Com um sorriso sem graça, Kanté ouviu Pogba, os jogadores e a torcida entoarem o cântico que se tornou famoso na campanha na Rússia.

A tradução da letra diz o seguinte:

“Oh, N’Golo Kanté
Oh, N’Golo Kanté
Ele é pequeninho
Ele é legal
Ele parou Leo Messi
Mas todos sabemos que ele é um trapaceiro”

A piada é uma referência às habilidades defensivas do volante, mas também aos jogos de cartas que os franceses costumam jogar na concentração.

Depois de se encontrarem com o presidente, os jogadores voltaram para as ruas onde continuaram a celebrar com a torcida.

Um dia após a vitória sobre a Croácia em Moscou, na final da Copa, os campeões mundiais encontraram a aclamação popular em Paris. Antoine Griezmann, Kylian Mbappé e companhia desfilaram em carro aberto pelas ruas da capital francesa para festejar a conquista do bicampeonato mundial.

A carreata dos campeões cruzou pela região central de Paris, passando por concentrações de torcedores em pontos conhecidos da cidade. Cartão postal parisiense, a avenida Champs-Élysées estava lotada já quatro horas antes do desfile da delegação.

Mbappé foi o grande nome da festa

Mbappé foi o jogador mais ovacionado pelo público. Todos queriam mostrar o apoio ao jovem herói da Copa. Impressionou o número de pessoas com a camisa do atacante, visto que sua participação pela seleção começou apenas no ano passado.

O atacante de 19 anos chegou a retribuir o carinho da torcida, autografando bolas e jogando para os fãs. No entanto, a visibilidade do público está bastante complicada por conta do excesso de fogos de artifício.

Enquanto os campeões da Copa da Rússia desfilavam pelo centro, aviões cruzavam a cidade, pintando de fumaça azul, branca e vermelha os céus da capital.

Em encontro com o presidente Emmanuel Macron, os jogadores entoaram o hino nacional francês, além de outros cânticos de torcida, como uma versão do hit argentino "Decime que se siente", que embalou a campanha da seleção sul-americana na Copa de 2014. A primeira dama Brigitte Macron também saudou os campeões.

Na frente do palácio presidencial, a Copa do Mundo foi exibida à torcida e, em um momento de descontração, o goleiro Lloris a levou aos braços dos franceses. Alguns tiveram a sorte de tocá-la. 

Jogadores da França desfilam pelas ruas de Paris nesta segunda-feira - AFP PHOTO / Jacques Demarthon - AFP PHOTO / Jacques Demarthon
Imagem: AFP PHOTO / Jacques Demarthon

Cidade está colapsada

Vários ônibus tiveram os serviços interrompidos e as linhas de metrô funcionam caoticamente ao longo desta segunda. São diversos agentes responsáveis pelo controle de entrada e saída das estações centrais, mas o acesso está beirando o impossível.

As autoridades francesas e jornalistas chamam a festa de "a maior da história da França". Algo sem precedentes, com mais de um milhão de pessoas nas ruas tanto no domingo, quanto nesta segunda.

Nesta segunda foram mais de 4 horas de espera com as ruas ao redor do Arco do Triunfo fechadas e um grande esquema de segurança armado, com mais de 90 mil policiais e bombeiros envolvidos. Ambulâncias como posto de atendimento médico também eram facilmente notadas por todos os cantos.

Muita gente ficou espremida. Vários torcedores passando mal por desidratação – 30 graus em Paris. As pessoas lutavam por um posto de melhor visibilidade. Geralmente sobre as bancas de jornais e os elevadores do metrô. 

Festa começou no aeroporto

Mais cedo, a seleção francesa chegou a Paris e foi recebida com uma recepção grandiosa no aeroporto Roissy-Charles de Gaulle, nos arredores de Paris. Um tapete vermelho foi estendido na saída dos jogadores do avião. À frente da fila, o goleiro e capitão Hugo Lloris ergueu a Copa do Mundo e mostrou aos funcionários do aeroporto que organizaram a recepção.

Um ônibus com a inscrição "Campeões do mundo" os esperava para levá-los pela cidade, onde uma festa estava programada. Funcionários da companhia aérea e do aeroporto deram uma mostra do que os bicampeões receberão nas ruas de Paris. Jogadores como Paul Pogba mostraram muita animação. O técnico Didier Deschamps celebrava de maneira mais discreta. Com bandeiras e cânticos, os franceses comemoram o título levantado 20 anos depois do primeiro.

Até a tripulação do voo aproveitou para festejar com os jogadores. O piloto mostrou à "TV5 Monde" uma foto em que aparece beijando a taça, privilégio geralmente reservado apenas a campeões do mundo e chefes de Estado.

Franceses vão às ruas de Paris para saudar os campeões da Copa do Mundo - João Henrique Marques/UOL - João Henrique Marques/UOL
Imagem: João Henrique Marques/UOL

Clima nacional de êxtase e união

A vitória criou um senso de união nacional, com comentaristas valorizando o fato de que a seleção, a segunda mais jovem no torneio, incluía muitos jogadores com ascendência africana, mesmo que todos, com exceção de dois, tenham nascido na França.

Quando o país ganhou sua primeira Copa do Mundo em 1998, com Zinedine Zidane como estrela, muitos se referiam à seleção como "Black-Blanc-Beur" (Negro-Branco-Árabe), um apelido devido à diversidade étnica de sua composição.

Mas, este ano, alguns tentaram rejeitar a frase, vendo nela um sentido de segregação, mesmo se a intenção original fosse positiva.

"Nós não estamos em 1998", disse Mounir Mahjoubi, secretário de Estado para questões digitais, cujos pais emigraram do Marrocos. "Nós não estamos mais celebrando 'Black-Blanc-Beur', estamos celebrando a irmandade", disse sobre a seleção atual.

Após o apito final de domingo, milhões de torcedores franceses foram às ruas, com milhares se reunindo ao longo da Champs Élysées na capital francesa. Mas, durante a noite, a polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar multidões na avenida, depois que confrontos com um pequeno grupo de torcedores ameaçou estragar as comemorações.

*com informações da Reuters

Aviões colorem os céus de Paris com fumaças azul, branca e vermelha - AFP PHOTO / CHARLY TRIBALLEAU - AFP PHOTO / CHARLY TRIBALLEAU
Imagem: AFP PHOTO / CHARLY TRIBALLEAU

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