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Bruno se limita a falar de futebol e diz que é 'oportunidade única'

Do UOL, em São Paulo

14/03/2017 08h53Atualizada em 14/03/2017 11h33

Condenado em 1ª instância a 22 anos e três meses de prisão, mas aguardando o processo em liberdade, Bruno oficializou nesta terça-feira seu contrato com o Boa Esporte. O jogador foi apresentado, assinou contrato por dois anos, porém tanto ele como a direção do clube se recusaram a responder sobre o caso Eliza Samudio e outros assuntos fora do futebol.

Antes do contato com os jornalistas na coletiva de apresentação, o goleiro de 32 anos e a diretoria do time mineiro adiantaram que não comentariam o processo judicial e encerrariam a coletiva assim que o assunto fosse citado. Em várias perguntas, Bruno se limitou a dizer "eu não vou responder".

Em uma delas, foi questionado se ele é exemplo para um pai levar sua criança ao estádio. "Eu também não te respondo a essa pergunta", disse Bruno, que responde por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver de Eliza Samudio, sua ex-amante e mãe de seu filho.

Questionado se seria digno de vestir a camisa do clube, sete anos após o sumiço de Eliza, Bruno evitou responder. O goleiro foi apresentado com a camisa do clube com a estampa de três patrocinadores (Goias&Silva, Nutrends e Kanxa), que já anunciaram o rompimento com o clube, depois da contratação do jogador. 

Sorrindo, Bruno agradeceu a oportunidade dada pelo clube mineiro menos de um mês após deixar a prisão e citou intervenção divina quando indagado sobre a chance oferecida pelo Boa. "Estou muito feliz pela oportunidade dada. As pessoas cobram das outras o passado, mas o Boa está abrindo as portas para mim. É uma oportunidade única e estou motivado".

"Acho que é Deus. Deus que está abrindo portas novamente. É uma coisa divina", completou.

Bruno afirma estar preparado para enfrentar cobranças e críticas. O goleiro destaca o apoio que recebeu de familiares e de outras pessoas durante o período recluso. Sua última partida profissional aconteceu em junho de 2010, quando defendia o Flamengo contra o Goiás.

"Pessoas, como minha esposa, não aceitavam de forma alguma que eu encerrasse a carreira. Ela foi quem mais me motivou. A primeira coisa a fazer é me preparar para jogar. Deus vai guiar meus passos. Enfim, tenho de acreditar em mim mesmo", prosseguiu.

O jogador também minimizou o fato de não ter sido procurado por companheiros de profissão. "Sobre solidariedade (de outros atletas), eu não esperava quantidade, mas qualidade". Bruno deve treinar pela primeira vez no Boa nesta terça-feira e o presidente do clube, Rone Moraes, estima que o goleiro deve fazer sua estreia em até 40 dias.

Embora tenha sido condenado em primeira instância por júri popular, Bruno ainda tem direito a apelações. Seu recurso à decisão está parado no TJ-MG (Tribunal de Justiça) há mais de três anos, e enquanto isso ele estava preso de forma preventiva. Há duas semanas, o STF (Supremo Tribunal Federal) concedeu habeas corpus ao jogador por entender que não havia “justa causa” para a manutenção do cárcere e que ele poderia aguardar o julgamento da apelação em liberdade.

Mais sobre a coletiva de Bruno no Boa:

Planos no Boa

“Estou muito feliz, tenho que retribuir à altura”

“O objetivo do clube é subir para primeira divisão. Então esse é meu objetivo, deixar as coisas acontecerem naturalmente. Tenho muito mais a somar do que diminuir”.

Recepção em Varginha

“Até me surpreendi, fui muito bem recebido em Varginha. Cara a cara a recepção foi muito boa. Recebi palavras de incentivo, com ‘Força, Bruno’, isso para mim é o que importa”.

Sobre recomeço no futebol

Não poderia encerrar minha carreira lá [na prisão]. Minha esposa foi a que mais me motivou, foi a quem mais me colocou pra cima. Através de muita oração foi possível. E agradeço à minha esposa por ter paciência. E também às pessoas que também estiveram lá dando palavras de incentivo. Eu vou recomeçar”

"Pego alguns exemplos do passado. Tive colegas de profissão que também tiveram problemas, como o Edmundo. Têm cantores e outros tipos de pessoas públicas [que passaram por problemas]. Espero que assim seja minha trajetória também. Se eu não aceitar pressão, vou pegar e ir embora”