Joel Santana diz que chega ao Cruzeiro para ser "estrela principal" e não coadjuvante

Ao ser apresentado como novo técnico do Cruzeiro, em lugar de Cuca, que se demitiu na véspera, Joel Santana revelou que chega ao clube disposto a brilhar e sem dúvida que o seu trabalho será bem sucedido na equipe celeste. “Não vim aqui para ser coadjuvante. Vim aqui para ser a estrela principal. Nós temos a obrigação de chegar longe”, afirmou o treinador, de 62 anos, esbanjando confiança.

A primeira entrevista da ‘era Joel Santana’ no Cruzeiro foi marcada por frases de efeito, Joel disse esperar repetir o mesmo sucesso que alcançou no Rio de Janeiro e destacou sua expectativa positiva ao assumir o comando do Cruzeiro. “Esperei 30 anos para estar aqui”, disse. “Agora vou completar um ciclo. Passei por Rio, São Paulo, Rio Grande do Sul e faltava a cereja no bolo. Vou guardar essa data, ficará marcada na minha vida”, acrescentou.

O Cruzeiro é o peixe grande que Joel Santana aguardava, já que estava desempregado desde que deixou o Botafogo, durante o Campeonato Carioca deste ano. Em entrevista ao programa Bem, Amigos, do Sportv, neste período, o treinador revelou ter recebido sondagens, entre elas do Bahia, clube pelo qual manifestou carinho. E justificou: “meu anzol está debaixo d'água, esperando peixe grande. Sardinha, não, sai daí minha filha, deixa o peixe grande vir”, disse, na ocasião. Em sua chegada ao Cruzeiro, Joel lembrou que carrega a experiência de ter trabalhado nos “maiores clubes do Brasil”.

Campeão carioca oito vezes, Joel não teve sucesso em suas passagens por Corinthians e Internacional. “Caí na hora errada. Tem hora que cai na hora errada. As coisas não deram certo. É difícil acertar 30 anos. Algumas coisas aconteceram. Sabe o que aconteceu seis meses, um ano depois? O Inter foi campeão do mundo. O Corinthians, a mesma coisa. Algumas sementes deixamos lá e elas foram aproveitadas”, justificou.

Joel Santana confirmou que seu contrato irá até o final do Brasileiro, em dezembro. “Se der para renovar por mais um ano vamos renovar. Eu tenho seis meses para trabalhar. Se eu for bem, o presidente vai querer que eu fique”, salientou. O técnico chega à Toca da Raposa acompanhado pelo preparador físico Ronaldo Torres, que trabalhou no Fluminense no princípio desta temporada.

Joel Santana reconhece que qualquer técnico de futebol gostaria de trabalhar no Cruzeiro. “Se o presidente tivesse batido o sino dizendo que estava precisando de um técnico, muitos iriam bater na porta dele. Mas ele me escolheu. Sorte minha e sorte dele também. Vou trabalhar muito. Vai dar certo. Não tem como dar errado, mas é futebol”, salientou. “Se eles jogarem o que sabem, vou ter sucesso. Mas eu não sei o que está acontecendo. Tenho de conversar com o grupo”, completou.

Para Joel, de fora é complicado diagnosticar o que está acontecendo com o Cruzeiro, que ocupa a 18ª colocação no Brasileiro e ainda não venceu, após cinco rodadas na competição. O time celeste somou apenas três pontos, em empates contra Palmeiras, Santos e América-MG, na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas. Ele espera ajudar a equipe a vencer conversando com os atletas. “Futebol é igual a romance. Fora é uma coisa, dentro é outra. Vou conversar com eles. Se a coisa tivesse toda direitinho, eu seria contratado? É por isso que estou aqui”, afirmou.

E no relacionamento com os jogadores, o estilo “paizão” deve permanecer. “Pode me chamar de papai Joel. Ou papai Joel gostou ou papai Joel não gostou. Vamos fazer o que precisamos. Quando me tratam assim, é porque sabem que trato os jogadores como se fossem meus filhos. É profissão curta, tem de dar o máximo e manter vida regrada. Procuro mostrar os caminhos. Se for no que mostro, dará certo”, disse.

Prancheta na bagagem

A velha prancheta também estará sempre em mãos. “Tenho meus métodos, minhas manias. A prancheta faz parte da história. Como vou deixar o material que me fez oito vezes campeão do Rio? Vou colocar na gaveta e deixar escondidinha? Ela está velhinha, mas é ela que coloca comida em casa. Ela virou historia, moda, e agora todos querem para fazer suas anotações”, observou.

Apesar dos resultados negativos de Cuca, Joel substituirá um treinador que deixa o clube com bom aproveitamento. “Se a torcida adora o Cuca, é ótimo. Gosto dele. Mas agora sou eu, e o bicho vai pegar. Agora é Tropa de Elite e eles (os jogadores) são os soldados”, comentou o novo técnico do time celeste.

Entretanto, Joel Santana evitou promessas ao torcedor cruzeirense. “Vim para trabalhar. Sou um homem de 60 anos, não adianta prometer mundos à torcida e mostrar futebol medíocre e não ganhar jogo. É só bla-bla-bla”, ressaltou. O primeiro jogo de Joel Santana pelo Cruzeiro será no próximo sábado, às 21h, diante do Coritiba, pela sexta rodada do Campeonato Brasileiro.