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Coutinho pede para Neymar "tirar patinete" e diz que Ganso não deveria jogar final

Ex-atacante Coutinho posa para foto em frente de painel no Memorial da Vila Belmiro - Bruno Freitas/UOL Esporte
Ex-atacante Coutinho posa para foto em frente de painel no Memorial da Vila Belmiro Imagem: Bruno Freitas/UOL Esporte

Bruno Freitas e João Henrique Marques

Em Santos

21/06/2011 14h30

Existe um pé atrás no meio da euforia que domina o universo santista antes da decisão da Libertadores. E não é um pé qualquer, é o de Coutinho, autor de um dos gols na partida que deu ao time da Vila Belmiro seu último título sul-americano, em 1963. O parceiro de ataque mais conhecido de Pelé critica o estilo de jogo de Neymar, falando das famosas quedas em choques com marcadores, e afirma acreditar que Paulo Henrique Ganso talvez não tenha condições psicológicas ideais para enfrentar o Peñarol nesta quarta-feira.

COUTINHO CRITICA MURICY E NEYMAR

Coutinho já viveu a expectativa que toma conta da dupla Neymar-Ganso nas horas que antecedem uma decisão de Libertadores. Titular do ataque da fase mais vencedora do Santos, o centroavante esteve nas finais de 1962 e 1963, em que o time de Pelé fez Peñarol e Boca Juniors vice-campeões, respectivamente. No duelo contra os argentinos, o camisa 9 marcou um dos gols na histórica virada por 2 a 1 na última partida em La Bombonera.

O ídolo santista diz que não vai à final do Pacaembu nesta quarta-feira. Aos 68 anos, Coutinho afirma que prefere ver os jogos do Santos pela televisão, de sua casa, de onde pode "xingar à vontade". A verve crítica do ex-atacante atinge o principal nome da campanha na edição atual da Libertadores, no debate sobre se Neymar exagera ou não no estilo "cai-cai".

"Infelizmente eu não vi [Neymar jogar no 1º jogo da final]. Não sei se ele estava em campo, eu não vi", disse Coutinho. "Agora acho que ele vai jogar de chuteira, que ele tem jogado de patinete, deve jogar de chuteira agora. Não para em pé, impressionante. De 20 quedas, 15 são desnecessárias", emenda na crítica ao ídolo do moicano.

O ex-atacante também diz acreditar que Ganso não deveria jogar a decisão, apesar de estar clinicamente recuperado de uma lesão muscular na coxa direita. Coutinho acredita que a confusão que envolve o futuro profissional do meia, na indefinição entre a Vila Belmiro e a Europa, afeta a cabeça do camisa 10.

COUTINHO SOBRE GANSO

Bruno Freitas/UOL
Faz falta para qualquer equipe, mas a cabeça dele deve estar um inferno. Família falando na cabeça dele, empresário falando na cabeça dele. Não sei se ele está preparado para jogar

"É um tremendo de um jogador, mas essa confusão de sai, não, sai, fica ou não fica, acho que não é interessante que ele jogue. Faz falta para qualquer equipe, mas a cabeça dele deve estar um inferno. Família falando na cabeça dele, empresário falando na cabeça dele. Não sei se ele está preparado para jogar. Se estiver, ótimo para o Santos", afirma.

No meio das palavras mais críticas de Coutinho sobrou até para Elano. O ex-camisa 9 diz que o meio-campo precisa chamar a responsabilidade de fazer o time andar, até para aliviar a pressão sobre Neymar. "Estão dando muita responsabilidade para ele [Neymar], que é ele que tem que ganhar. Isso é um esporte coletivo, todo mundo tem que correr, o Elano tem que trabalhar mais", opina.

Outra crítica de Coutinho reside sobre o estilo de jogo do time de Muricy. Na opinião do bicampeão da Libertadores, o Santos tem priorizado demais a marcação e, em alguns momentos, esquecido de buscar o resultado.

"O Muricy tem que soltar mais o time, o Santos não sabe jogar assim. Está tomando pouco gol, mas e os gols para fazer? O Santos sempre foi de ir para frente, de fazer 7 e sofrer 4, de fazer 10 e levar 6. A melhor defesa é o ataque. Mas ele que é o treinador, sabe o que faz", comenta.

O parceiro mais célebre de Pelé esteve em campo na primeira decisão entre Santos e Peñarol em uma Libertadores, em 1962, em que os brasileiros precisaram de um jogo-extra em campo neutro para desempatar a final. Mas a mais famosa partida da série foi a que aconteceu na Vila Belmiro, em que o árbitro encerrou a disputa sem avisar ninguém, alegando motivos de segurança. No placar oficial da súmula, vitória uruguaia por 3 a 2, sem considerar um último gol que daria o título aos santistas.

Assim, o Santos de Coutinho, que havia vencido o primeiro jogo em Montevidéu por 2 a 1, precisou ganhar de novo o jogo-extra, no desempate. Os brasileiros levantaram a Libertadores pela primeira vez com um triunfo por 3 a 0 em Buenos Aires.

"Hoje a Libertadores tem projeção. Na época era só mais um campeonato. Hoje o pessoal se mata para chegar na Libertadores. Da forma que a gente ganhou duas vezes, poderia ter ganho muito mais, umas cinco ou seis. Mas o Santos priorizou excursões na época", recorda.