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Sócrates se declara preparado a cumprir longo período de abstinência alcoólica

Sócrates se recupera na UTI do hospital - Vitor Birner/UOL
Sócrates se recupera na UTI do hospital Imagem: Vitor Birner/UOL

Roberto Pereira de Souza

Em São Paulo

25/08/2011 20h45

O ex-jogador Sócrates permanece internado no hospital Albert Einstein, fazendo uma série de exames hepáticos antes que os  médicos autorizem sua saída. Em conversa rápida com o UOL Esporte, por telefone, Sócrates explicou que o transplante de fígado ainda não está sendo considerado para a sua recuperação total.  Mais que isso:  ele disse estar pronto para cumprir o ritual  “da abstinência total até sua cura”, disse. "Ainda não sei quando terei alta", afirmou.

Refletindo sobre a lei de transplantes durante a semana de internação, Sócrates elogiou o avanço do sistema brasileiro e prometeu a ajudar a divulgar o sistema, assim que sair do hospital:

“Essa lei precisa ser divulgada para que todos entendam a sua importância. Eu mesmo vou fazer campanhas sobre transplantes quando sair do hospital”, disse o ex-jogador, que é médico ortopedista de formação.

UOL Esporte: O que você acha da necessidade de abstinência aos pacientes com cirrose hepática, causada por alcoolismo?

Sócrates:  A abstinência obrigatória é de seis meses antes de o paciente entrar na fila. O paciente tem assinar um compromisso público, dizendo que não vai mais beber. Se o cara quiser beber não poderá entrar na fila.

UOL Esporte: E o que você acha da abstinência total de bebidas alcoólicas?

Sócrates:  Acho boa.

UOL Esporte : E você está preparado para a abstinência total?

Sócrates: Estou, sem problema. Vou encarar, sim. Eu gostei de conhecer essa lei de transplante porque o paciente que estiver pior,  tem direito a liderar a fila. É justo o processo.

UOL Esporte: E o transplante, os médicos já discutiram isso com você?

Sócrates: Estamos longe disso, ainda. O cuidado comigo é grande, são vários exames, fazem cultura para avaliar infecções. Uso um catéter como parte do tratamento e ainda faço fisioterapia.

O Brasil acompanha a maioria dos países do mundo quanto aos protocolos exigidos para o transplante de fígado, em pacientes com cirrose hepática provocada por alcoolismo. Além dos seis meses de abstinência  de bebida alcoólica, o paciente precisará passar por uma triagem psiquiátrica. O médico psiquiatra deverá atestar que o paciente em abstinência não apresenta sinais de recaída.

Na opinião do presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia, Raimundo Paraná, o “Brasil tem obtido muito sucesso nos transplantes de fígado realizados em vários Estados. Ao todo, temos mais de 2 milhões de pacientes com cirrose hepática. Fazemos 2 mil transplantes ao ano e só não realizamos mais porque nos faltam médicos hepatologistas para avaliar os doadores”, explicou o médico.

Os dados estatísticos mostram que a metade dos transplantes é feita em pacientes vítimas da hepatite B e C. Os demais casos incluem a cirrose por alcoolismo e outras doenças autoimunes.