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Seleção troca luxo por folclórico estádio com menor e mais 'odiado' vestiário da Inglaterra

Visão do estádio Craven Cottage, com a casa que serve de vestiário externo (à esquerda) - Bruno Freitas/UOL
Visão do estádio Craven Cottage, com a casa que serve de vestiário externo (à esquerda) Imagem: Bruno Freitas/UOL

Bruno Freitas

Em Londres (Inglaterra)

01/09/2011 07h00

Com sete partidas, Londres é a cidade que mais abrigou jogos da seleção brasileira desde 2006. A equipe nacional está de volta a sua base europeia para o amistoso da próxima segunda-feira (05.09) diante de Gana, mas, ao contrário das visitas anteriores, deixa de lado a badalação da rica metrópole e desta vez aposta na excentricidade que ela oferece.

CRÍTICA AO VESTIARIO

O vestiário do Craven Cottage é menor que o meu escritório. O Fulham é um dos meus campos favoritos, mas é ridículo ter 18 jogadores se trocando, mais corpo técnico e médicos naquele espaço. Deveria existir um tamanho padrão para vestiários, ainda mais com número maior de jogadores no banco e de staff técnico ampliado

Alex Ferguson, técnico do Manchester United, em declaração de 2009

O Brasil que das vezes passadas desfilou seu futebol nos suntuosos Emirates Stadium e Wembley (jogou também uma vez no White Hart Lane, de médio porte) agora passará pelo Craven Cottage, arena antiga e de dimensões modestas, apesar de sua capacidade oficial para cerca de 25 mil torcedores, que pertence ao igualmente modesto Fulham FC, time da primeira divisão inglesa, a Premier League.

O estádio do Sul de Londres é conhecido pela fama de ter o menor vestiário da elite do futebol local. Recentemente, após uma partida no Craven Cottage, o técnico do Manchester United Alex Ferguson disse que as instalações para os jogadores se trocaram ali eram "menores que o seu escritório". O treinador escocês ainda afirmou que entendia ser inadmissível que a Premier League tolerasse uma estrutura tão improvisada, que devia estipular um tamanho mínimo. Outros nomes locais também já criticaram o dressing room do Fulham.

Construído em 1896, a obra do Craven Cottage não contava com vestiários no projeto original do arquiteto Archibald Leitch. Por isso, anos mais tarde, o Fulham foi obrigado a erguer uma pequena casa ao lado do local de jogo para servir como espaço de troca de roupa dos jogadores. É justamente ela que inspira o nome do estádio, que traz em inglês uma referência a uma casa de campo (Cottage; Craven é o nome de um proprietário do terreno no século 18).

"O estádio é bem pequeno, comparado aos outros estádios da Inglaterra. Os vestiários também são bem pequenos. Mas fica em um bairro bonito, perto de um parque. É mais uma oportunidade para o torcedor brasileiro conhecer um novo estádio", afirmou o volante Lucas, jogador do Liverpool.

  • Getty Images

    Egípcio dono do Fulham posa ao lado de polêmica estátua de Michael Jackson dentro do estádio

No passado, a sacada da casinha que serve de vestiário era ocupada por familiares dos jogadores durante os jogos. Hoje em dia o Fulham cobra ingressos para quem quiser acompanhar as partidas do pitoresco cenário.

Mas há entre os jogadores da seleção que atuam na Inglaterra quem comemore a eleição do Craven Cottage para o amistoso contra Gana.

"O estádio é bem pequeno, mas eu gosto de lá. Fica só a três minutos da minha casa. E na primeira vez que joguei lá com o Chelsea fui eleito o melhor homem em campo", declarou o zagueiro David Luiz.  

Existem outras particularidades que dão um toque de excentricidade ao charmoso Craven Cottage. De tão pequeno, o estádio à beira do rio Tâmisa não comporta estrutura para a realização de todas as entrevistas pós-jogo. Em muitas ocasiões a zona mista (seção de entrevistas de jogadores) da equipe adversária precisou ser organizada na rua em frente à arena, na Stevenage Road, ao lado da estátua do ídolo do passado Johnny Haynes.

Destaque também para a enorme estátua de Michael Jackson nas dependências internas do estádio. O cantor morto em 2009 era amigo do proprietário do clube, o magnata egípcio Mohamed Al-Fayed, e acabou ganhando neste ano uma homenagem do Fulham. O ato gerou uma onda de protestos de torcedores mais conservadores, mas o cartola não se importou e mandou os insatisfeitos "para o inferno".