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Lançamento de livro homenageia título de 1971 e emociona Lula, autor do gol polêmico

Autor do polêmico gol em 1971, Lula autografa livro de torcedor do Fluminense - Luiz Maurício Monteiro/UOL
Autor do polêmico gol em 1971, Lula autografa livro de torcedor do Fluminense Imagem: Luiz Maurício Monteiro/UOL

Luiz Maurício Monteiro

No Rio de Janeiro

19/11/2011 15h31

O estádio das Laranjeiras foi palco neste sábado do lançamento do livro 'Carioca de 1971' que homenageia os 40 anos de um momento muito significativo da história do clube. Por toda a polêmica que envolveu a decisão do campeonato estadual daquele ano, entre Fluminense e Botafogo, a Maquinária Editora promoveu o evento com a edição que traz ricos detalhes do campeonato que é lembrado até os dias atuais pelo gol do ponta-esquerda Lula, marcado na decisão e que só aconteceu porque o então goleiro Ubirajara, segundo os botafoguenses, sofrera uma falta no lance. Como não poderia deixar de ser, ex-jogadores, jornalistas e torcedores compareceram para prestigiar e garantir um exemplar.

  • Luiz Maurício Monteiro/UOL

    Bolo em homenagem ao aniversário de 63 anos do ponta-esquerda Lula


Entre os ex-craques de diferentes épocas do Flu que marcaram presença, estavam o lateral-esquerdo Marco Antônio, que teria empurrado Ubirajara em 1971, o volante Zé Mário, o lateral-direito Jair Marinho, o zagueiro Altair, e, claro, Lula, autor do polêmico gol do título e que estava aproveitando também a ocasião para comemorar seu aniversário de 63 anos, completados no último dia 16 de novembro.

Responsável por uma das emoções mais inesquecíveis para os tricolores daquela geração, Lula ainda teve passagens por clubes como Internacional, Palmeiras e Sport Recife, além da experiência como técnico em times do Brasil e até da Arábia Saudita, onde trabalhou até 2006. Apesar de tanta rodagem, o autor do gol da discórdia garante que seu coração bate mais forte pelo Flu.

Até hoje eu não vejo falta naquele lance, mas sim pênalti em mim

Lula, autor do gol do título de 1971

"O Fluminense está começando a homenagear e reconhecer ídolos do passado. E eu fico muito feliz com isso. Meus quatro netos são todos tricolores, e, para mim, é uma satisfação ter esse reconhecimento. E eu devo tudo ao Fluminense. Cheguei aqui bem pobre, vindo do Nordeste, e o Fluminense cuidou de mim. Estou muito feliz com esse momento porque aqui é a minha casa", enalteceu o ex-ponta que além de 1971, conquistou o Carioca também nos anos de 1969 e 1973.

E o currículo de Lula não se restringe apenas a estaduais. Ao longo da carreira, o ex-atleta sagrou-se tetra campeão brasileiro: em 1967 pelo Palmeiras, 1970 pelo Flu e 1975 e 76 pelo Internacional de Porto Alegre. Mas apesar das conquistas a nível nacional, Lula admite que o Carioca de 1971 não sai da sua cabeça. Durante o evento na sede tricolor, ele foi questionado sobre a legalidade do gol do título, e, como já era de se esperar, garantiu que o árbitro José Marçal Filho agiu certo ao deixar a jogada seguir, já que não houve falta em Ubirajara.   

"O lance foi o seguinte: quando o escanteio foi cobrado, eu fiquei olhando para a bola. O Mura (lateral-direito que havia substituído Carlos Alberto Torres) chegou e me empurrou. Eu, já caído, consegui pegar a sobra e empurrar para o gol. Se ele não tivesse me deslocado, eu talvez não fizesse o gol. E a bola só chegou onde eu estava, porque o Ubirajara tinha a mania de pegar a bola com apenas uma mão. Em vez de ele mandar ela para longe, tentou segurar, e assim houve o contato com o Marco Antônio. Até hoje eu não vejo falta naquele lance, mas sim pênalti em mim", garantiu.

 

  • Luiz Maurício Monteiro/UOL

    Pôster do time campeão do Carioca de 1971 foi exibido no evento nas Laranjeiras: destaque para o técnico Zagallo e o preparador Parreira, ao centro


Autor do livro, Eduardo Coelho afirmou que escrever a obra foi uma viagem prazerosa ao passado. Tricolor dos mais apaixonados, o escritor ressaltou que o trabalho de pesquisa, que reuniu fatos e fotos, o fez sentir numa arquibancada comemorando, claro, um título do Fluminense.

"Escrever este livro foi emocionante para mim. Em vários momentos da pesquisa, eu quase cheguei a chorar. Me emocionava como se estivesse na arquibancada do Maracanã assistindo a um jogo e torcendo. As pessoas que acompanharam esse processo ficavam surpresas ao me verem relembrar os detalhes. E eu fico feliz porque consegui mergulhar no assunto. Procurei mostrar uma visão que contextualizasse o tema até para as pessoas que não viveram aquela época poderem ter uma noção melhor do que aconteceu", explicou Eduardo, que também partiu em defesa da legitimidade do gol de Lula.

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    Lula posa com livro em homenagem ao título 1971


"A função do livro é informar não apenas a torcida do Fluminense, mas, sim, as pessoas em geral. Sobre o lance do gol, colocamos oito fotos da jogada, e analisando friamente, vemos que não foi falta. Houve um contato, mas a regra não diz que não pode haver contato. O próprio Paulo César Caju (jogador do Botafogo naquela decisão) disse na biografia dele que não houve falta", frisou.

Opiniões, visões e paixões que envolvem o futebol e que ganharam um novo capítulo no dia 27 de junho de 1971, quando o ponta-esquerda Lula, num Maracanã tomado por 142.339 pessoas, fez um gol aos 43 minutos do segundo que, passados 40 anos, ainda está vivo na memória de alvinegros e, principalmente, tricolores.

Fluminense 1 x 0 Botafogo

Data: 27/06/1971.
Local: Maracanã.

Fluminense: Félix; Oliveira, Galhardo, Assis e Marco Antônio; Silveira e Didi (Flávio); Wilton (Cafuringa), Cláudio Garcia, Ivair e Lula. Técnico: Zagallo.

Botafogo: Ubirajara Mota; Carlos Alberto Torres (Mura), Brito, Osmar e Paulo Henrique; Nei Conceição e Carlos Roberto; Zequinha (Paraguaio), Nilson Dias, Careca e Paulo César Lima. Técnico: Egídio Landolfi “Paraguaio”.

Gol: Lula, (43'/ 2ºT)
Árbitro: José Marçal Filho.

Público: 142.339 pagantes.
Renda: CR$ 1.101.128,00.