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Presidente da Federação do RJ vê traição de paulistas e declara guerra por vaga na CBF

Rubens Lopes, presidente da FFERJ, disse que federação paulista rompeu acordo - Pedro Ponzoni/UOL Esporte
Rubens Lopes, presidente da FFERJ, disse que federação paulista rompeu acordo Imagem: Pedro Ponzoni/UOL Esporte

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

17/04/2012 09h30

A indicação da Federação Paulista de Futebol (FPF) de um candidato para a vaga de vice-presidente da CBF rompeu de vez as boas relações da entidade com a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FFERJ).
 
Surpreendido com a atitude dos paulistas, o presidente do lado fluminense, Rubens Lopes, declarou mais uma vez aberta a guerra pelo poder no órgão máximo do futebol nacional e ainda ironizou as críticas ao nome de Zagallo para o cargo.

ZAGALLO NA CBF

  • O ex-jogador e ex-técnico da seleção brasileira, Mario Jorge Lobo Zagallo, foi indicado oficialmente pela Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro como candidato à vice-presidência da CBF. Zagallo, inclusive, já demonstrou que quer assumir o cargo. "Tenho serviços prestados à CBD e CBF há muitos anos e tenho que agradecer minha indicação", afirmou ele ao UOL Esportes

 
“Não entendo essa oposição ao Zagallo”, disse Lopes. “Tem presidente de federação que fala que ele é velho para o cargo de vice, mas canta o Hino Nacional e bate continência para [José Maria] Marin. Oras, o presidente da CBF tem a mesma idade do Zagallo.”
 
O ex-técnico e ex-jogador da seleção brasileira tem 80 anos e foi indicado pela FFERJ para o cargo de vice-presidente da CBF, para representar os estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, na semana passada. Marin está prestes a completar 80.
 
Segundo Lopes, um acordo de cavalheiros entre as federações fluminense e paulista estabelecia uma alternância nas indicações. Como São Paulo havia indicado um vice-presidente na última vez que o cargo ficou vago, o Rio de Janeiro sugeriu o nome de Zagallo desta vez.
 
Lopes contou que a indicação de Zagallo foi oficializada na quarta-feira, último dia do prazo. Até aquele dia, o presidente da FFERJ disse que não sabia de nenhuma indicação paulista para o cargo.
 
Em entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira, porém, o presidente da CBF revelou que a FPF também sugeriu um nome para a vice-presidência. Só não informou quem.
 
O fato revoltou Lopes. Minutos antes da entrevista de Marin, ele havia participado de uma assembleia da CBF, na sede da entidade. Na assembleia, Marin não disse nada aos presidentes de federações sobre a indicação de São Paulo. 
 
Lopes soube da indicação da FPF pela imprensa. Logo depois, ainda no prédio do CBF, ele disse: “A federação paulista não deveria ter indicado ninguém. Nosso acordo está rompido”.
 
Desde antes da renúncia de Ricardo Teixeira à presidência da CBF, a FFERJ já reclamava de privilégios a paulistas na confederação. Lopes, inclusive, fez parte do grupo dos chamados “presidentes rebeldes” que defenderam uma mudança no poder na CBF após a saída de Teixeira.
 
O esforço dos “rebeldes” não surtiu grande resultado e José Maria Marin, ex-presidente da FPF e até então vice-presidente da CBF, acabou subindo ao cargo de presidente. A partir daí, paulistas passaram a ganhar cada vez mais força na confederação e isso incomodou outras federações.
 
A indicação de Zagallo ao cargo de vice-presidente, na vaga de Marin, era a “carta na manga” dos fluminenses para tentar equilibrar as forças na CBF. Os paulistas, porém, agiram rápido e deram uma demonstração clara de que não vão entregar a vice-presidência ao Rio de Janeiro.
 
Ciente disso, Lopes espera que uma votação, em uma assembleia eleitoral da CBF, encerre o impasse. Aposta que a “traição” de São Paulo sirva como argumento para convencer presidentes de federações a votar em Zagallo.
 
“A FFERJ nunca teria feito isso [romper um acordo]”, afirmou Lopes. “Agora, é esperar o resultado da votação. Nesta hora, os presidentes vão escolher quem eles podem confiar.”