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Volante do Grêmio rejeita 'badalação' por cultos e cogita virar pastor no fim da carreira

Souza não é dado a badalações, prefere cultos religiosos e não descarta virar pastor - Edu Andrade/Agência Freelancer
Souza não é dado a badalações, prefere cultos religiosos e não descarta virar pastor Imagem: Edu Andrade/Agência Freelancer

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

06/12/2012 06h00

Noitadas, dinheiro em abundância, mulheres, carros, luxos, tudo isso está diretamente ligado a vida de jogadores de futebol dos principais clubes do país. Mas, no Grêmio, um atleta rejeita tais extravagâncias e troca qualquer badalação por cultos religiosos e orações. O volante Souza, adepto da igreja Bola de Neve, propaga tal estilo de vida no vestiário azul. Ele, que já conquistou até colegas para sua fé, participa de grupos de oração durante as concentrações e cogita se tornar pastor quando abandonar os gramados.

LONGO CAMINHO PARA FICAR NO CLUBE

  • O Grêmio está trabalhando muito mas encontra dificuldades na permanência de Souza. O volante é do Porto e está avaliado em 10 milhões de euros

"Eu tenho projeto de me dedicar mais à igreja. Não sei se pastor, mas gosto de pregar a palavra de Deus. Gostaria muito de seguir assim, de poder viver totalmente quando parar de jogar. Tenho este sonho. Quando estamos no futebol, não temos tempo de viver isso 100%. Depois que parar, tenho vontade de seguir pregando e, se for a vontade de Deus, não tem problema algum em virar pastor. Há muitas pessoas sérias em quem posso me espelhar", disse em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

A rotina, definida por ele como 'estilo de vida', pode parecer estranha a um jovem de 23 anos. Mas as maturidade para se dedicar às orações é evidente em Souza. Com currículo de passagens por Vasco, Porto, de Portugal, e Grêmio, o marcador jamais deixou a condição financeira influenciar em algum aspecto. Tudo fruto de ensinamentos, segundo ele, obtidos com a religião.

"É um estilo de vida que tenho. Desde que me conheço por gente minha mãe me levava na igreja. Quando cresci, me torneio profissional de futebol e não me desviei do caminho. Encontrei minha esposa que tem o mesmo pensamento, e daí fica fácil. É da religião que eu tiro toda força e superação. Busco tudo com fé nestes momentos. Vou para igreja para agradecer e pedir. Separo os dias que não tem jogo para ir no culto. E na concentração fazemos reuniões para orar, agradecer por nossas vidas", disse.

FORÇA PARA BERTOGLIO


Hoje em dia já não estou tão próximo dele como antigamente, porque ele não tem mais concentrado. Antes dividíamos quarto e estávamos sempre juntos. Ele está tranquilo [pela série de lesões]. Fica triste pois não conseguiu nos ajudar, mas sabe que isso é uma fase e ano que vem começa uma nova etapa. Vai trabalhar nas férias, para voltar bem e buscar seus objetivos. Nos momentos assim, a religião conforta. É duro ficar sem jogar, se não tiver em que se apegar, a tristeza fala mais alto que a vontade de superar

Souza, volante do Grêmio

Além de unir colegas em momentos de oração na concentração, Souza ainda conseguiu mais um adepto para igreja: Facundo Bertoglio. O argentino, amigo pessoal do volante, foi parceiro em alguns momentos. "O Werley também foi, o Zé Roberto.... São muitos jogadores religiosos no Grêmio", completou Souza.

E tal situação o afasta de comportamentos inadequados. De acordo com ele, não existe discriminação, mas a conduta acaba segregando grupos de afinidade e distanciando a chance de 'escorregões'.

"É óbvio que quando escolhemos um estilo de vida, é impossível ir para um lugar com todos que pensam como você. O que se faz é optar por certas pessoas para conversar, e tudo mais. Não é fazer grupos, é estilo de vida. Não gosto de ir para uma mesa de bar, uma boate, então é complicado para mim andar com quem faça isso. Mas no Grêmio temos vários jogadores assim. O Zé [Roberto], o Marcelo [Grohe]... Todos temos o mesmo pensamento e sempre estamos juntos. Conversamos, e até troco com eles algumas experiências que tenho no evangelho. Não é discriminação, é estilo de vida. Mas no Grêmio todos se respeitam. Ninguém tenta colocar nada na cabeça de ninguém, convencer a ir onde não quer ir, ou algo do tipo", revelou.

O estilo de vida foi totalmente aprovado pela direção do Grêmio. Não somente o bom desempenho dentro de campo fez Souza ser pretendido em definitivo pelo clube gaúcho. Além de viver grande fase dentro das quatro linhas, o camisa 5 é considerado valioso pelo respeito que conquistou dos colegas. No entanto sua permanência não será fácil. Ele tem contrato com o Porto até junho de 2015 e está avaliado em 10 milhões de euros [R$26 mi].

"Aprendemos muito na igreja, ouvimos a palavra de Deus. Eu procuro seguir as instruções. Falamos em manter a humildade, nunca mudar o jeito de ser por nada. Tentamos orar e pôr em prática o que ouvimos. Na leitura da palavra temos que fazer coisas corretas. Ao contrário de muito que o mundo do futebol te mostra. Como vida com dinheiro fácil e comportamento desregrado. A palavra de Deus nos dá consciência", finalizou o marcador.