Grêmio realiza 'sindicância interna' e demite preparador físico após caso de doping

Os casos de doping no time Sub-20 do Grêmio durante a Copa do Brasil da categoria repercutiram diretamente no clube. Nesta segunda-feira, o preparador físico das categorias de base, Diego Mello, foi demitido, reflexo do ocorrido com os jovens Mateus e Felipe, ambos pegos no exame pela substância methylhexaneamine. O departamento jurídico do Grêmio apresenta, nesta terça-feira, a defesa dos atletas, mas tomou a decisão por sindicância interna.

"Formulamos a defesa e aguardamos o prazo. Nesta terça-feira, o advogado responsável pelo caso irá apresentar a parte do Grêmio no STJD. É isso que podemos dizer que está sendo feito", disse o diretor jurídico do Grêmio, Celso Rodrigues, ao UOL Esporte.

A substância é usada em descongestionantes nasais e proibida por também ser encontrada em suplementos dietéticos. O documento presente no site oficial da CBF relata o resultado positivo da contraprova. No entanto, o caso de doping deve somente ser definido por tribunal após julgamento.

A reportagem do UOL Esporte apurou que Diego foi demitido e a ideia do clube é que tal situação ocorra por justa causa. Segundo alega um membro da direção, ficou provado na sindicância realizada que o doping havia sido 'culpa' do preparador físico.

Os jogadores estavam no elenco que disputa a Copa São Paulo e foram afastados tão logo a CBF comunicou o Grêmio do resultado da contraprova. "Isto é um assunto estritamente do departamento jurídico. Um dia antes de quando perdemos para o Espigão aconteceu o comunicado. Reuni o grupo e falei para que eles retornassem para Porto Alegre. Acho que o resultado de campo e as expulsões tiveram um pouco deste processo. Mas como comandante, tenho que respeitar o clube e a parte jurídica, que é quem se manifesta sobre isso", disse o técnico Marcelo Mabília, comandante na Copa do Brasil Sub-20 e na Copa São Paulo, em entrevista coletiva.

A 'sindicância interna' do Grêmio ocorreu da seguinte forma. O clube enviou um advogado à Copa São Paulo. Lá, o profissional entrevistou parte do elenco. Os jovens comprovaram a versão do clube e foram além, acusaram o preparador demitido de oferecer 'facilidades' na compra de suplementos.

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Mais de uma versão para o mesmo caso

No entanto a versão oficial do clube, que 'culpa' o preparador físico, não é a única. Muito respeitado na base, com trabalhos específicos como o de emagrecimento de Anderson Pico [que perdeu mais de 10 Kg em 2012], além de trabalhar como personal trainer de Aloísio, hoje no São Paulo, Diego Mello é defendido por alguns profissionais do clube.

Pessoas ligadas a ele revelam que Diego é vítima de um plano arquitetado e fruto de uma discussão com Mabília. As desavenças começaram após uma entrevista do comandante. Desde então, o relacionamento se tornou cada vez pior.

"Queriam tirá-lo do clube, mas não conseguiram pelo trabalho, pelos resultados que eram bons. Acabaram encontrando um motivo", disse uma fonte ligada ao caso, que pediu sigilo. 

Além disso, a troca de comando da base do Grêmio também gerou instabilidade a Diego. Homem de confiança da gestão passada, ele passou a ser questionado. Segundo tal versão, o doping dos jogadores se deve, unicamente, a um descongestionante nasal, fruto de uma automedicação dos atletas. Além disso, não há o controle frequente do clube, que poderia ter descoberto isso antes mesmo da partida.

Depois do caso, corte na suplementação

A suplementação é algo comum nos clubes de futebol. Os medicamentos são controlados pelo departamento médico, preparadores físicos e  nutricionistas. Após o ocorrido, toda suplementação da base do Grêmio foi cortada.

Diego Mello irá entrar na justiça contra o Grêmio. Nesta terça-feira, o preparador físico terá detalhes de sua demissão acertadas pelo clube, que ainda pretende a justa causa. Enquanto isso o STJD irá receber a defesa dos advogados gremistas e formalizar a denúncia ou arquivar o caso. No entanto, a discussão ainda parece estar longe do fim.