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Ex-artilheiro do Santos vira guia de escuna após susto com tiro em lotérica

Guga em sua escuna, chamada Pavarotti, em Ilha Grande no RJ - Reprodução/Facebook
Guga em sua escuna, chamada Pavarotti, em Ilha Grande no RJ Imagem: Reprodução/Facebook

José Ricardo Leite

Do UOL, em São Paulo

27/03/2013 06h00

Em três temporadas no Santos, foram 74 gols, o que vale o posto de 29º maior artilheiro da história do time e sexto após a era Pelé. Maior goleador do Brasileiro de 1993, fez mais de dez tentos em clássicos contra o Corinthians, tanto que ganhou o apelido de “o matador de Gambás”.

Hoje aos 49 anos, Alexandre da Silva, o Guga, vive como guia turístico e dono de uma escuna para passeios no balneário de Ilha Grande (RJ). “Hoje quero trabalhar assim, num lugar bonito, sem trânsito e engarrafamento e vendo mar. Ainda como de graça nos restaurantes. Não preciso de mais nada. Não quero ser rico, só viver a vida”, falou o ex-jogador ao UOL Esporte.

Mas a ida para o trabalho dos sonhos demorou e só foi definida depois de alguns sustos levados no primeiro trabalho onde o ex-artilheiro do Santos tentou se aventurar após encerrar a carreira, em 2001.  Ele foi para o Rio de Janeiro e abriu duas lotéricas. Mas só teve dor de cabeça.

Guga sofria com a pressão de um local que, dentro da sua rotina, era comum ter de lidar com dinheiro. Sofreu assaltos. Um, inclusive, a mão armada, em que teve que correr e foi encontrado pelos bandidos após quase ser acertado por um tiro. Teve até síndrome do pânico durante um tempo.

“Um dia a Mega-Sena estava acumulada em quase R$ 100 milhões e tinha um movimento grande na lotérica. Estávamos sem carro forte na lotérica. Quando saí os caras estavam me esperando e vieram me assaltar. Saí correndo e deram até um tiro, que não pegou. Depois chegaram em mim de carro e me pegaram. Tomaram minha bolsa”, lembra Guga.

“Aquilo me deixou nervoso, tive síndrome do pânico e pedia ajuda pra polícia nas idas e vindas pra trabalhar. Aí falei pra minha mulher ´vamos montar outro negócio´. Não dava mais”, continuou.

Foi então que resolveu apostar no negócio em Ilha Grande, onde já tinha uma casa. Conversou com amigos que já trabalhavam na área e comprou em 2005 uma escuna, chamada “Pavarotti”, nome que é mantido até hoje.


“Comprei de um cara que tinha três, e cada uma delas tinha o nome de um dos três tenores musicais. Decidi deixar esse nome mesmo porque é muito fácil de a pessoa memorizar e guardar; todo mundo se lembra do Pavarotti. É um nome que não sai da cabeça”, falou. Pavarotti foi equipada com fotos de Guga ao longo da carreira. “Tem com Pelé, Zico, Romário, time do Santos, tem todo mundo”, conta.

O ex-jogador virou um faz tudo da embarcação. Só não dirige o barco e delega a função para alguns especialistas que contratou. Enquanto isso, regula o som da embarcação, faz a de barman e explica cada ponto que a escuna passa para os turistas. É um guia completo.

“Eu sou como um guia da escuna. Pago uma pessoa pra ficar como mestre da escuna enquanto eu administro o passeio, falo dos locais, sirvo bebida...sou mais um guia e pessoa livre dentro do barco pra poder atender bem os clientes. Também bato papo e conto um pouco sobre algumas histórias dos tempos de jogador."

Guga diz que em épocas de temporada chega a lucrar cerca de R$ 15 mil por mês com os passeios, que começam por volta das 10h da manhã e vão até às 17h. “Dá pra se ganhar bem. É um trabalho com lazer junto. Me divirto falando com as pessoas, próximo ao mar.”

Algoz corintiano

Guga conta que os corintianos são os torcedores que mais se recordam de sua carreira nos passeios. Isso porque virou carrasco do time alvinegro na década de 90 ao anotar por duas vezes três gols em um mesmo jogo.

“Eu gostava de fazer gols no Corinthians, e sempre quando eles passeiam comigo falam que eu cansava de fazer gols nele. Tem muito turista paulista aqui, são a maioria de São Paulo”, falou.Acho que fiz uns 12 gols no Corinthians. Sempre fazia gol. Contra o Corinthians todo mundo sabia que eu faria um gol. Eu dava sorte.”

O fato fez Guga ser conhecido entre a torcida santista como o “Matador de Gambás”. “ Fiz três gols duas vezes, uma em uma vitória de 3 a 1 e outra em um 4 a 3. Acho que fui um dos caras que mais fizeram gols no Corinthians.”

GUGA ERA APELIDADO DE MATADOR DE GAMBÁS

  • Reprodução/oRKUT

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